● INCONTRO CON IL MONDO DELLA CULTURA NEL CENTRO CULTURALE DI BELÉM A LISBOA
DISCORSO DEL SANTO PADRE
TRADUZIONE IN LINGUA ITALIANA
TRADUZIONE IN LINGUA INGLESE
TRADUZIONE IN LINGUA FRANCESE
Questa mattina, dopo aver celebrato la Santa Messa in privato nella Nunziatura Apostolica di Lisboa, il Santo Padre Benedetto XVI si trasferisce in auto al Centro Culturale di Belém dove alle ore 10.00 ha luogo l’incontro con il mondo della Cultura.
Introdotto dagli indirizzi di saluto di S.E. Mons. Manuel Clemente, Vescovo di Porto e Presidente della Commissione episcopale per la Cultura, e del regista Manoel de Oliveira, dopo una breve esecuzione musicale il Papa pronuncia il discorso che riportiamo di seguito:
DISCORSO DEL SANTO PADRE
Venerados Irmãos no Episcopado,
Distintas Autoridades,
Ilustres Cultores do Pensamento, da Ciência e da Arte,
Queridos amigos,
Sinto grande alegria em ver aqui reunido o conjunto multiforme da cultura portuguesa, que vós tão dignamente representais: Mulheres e homens empenhados na pesquisa e edificação dos vários saberes. A todos testemunho a mais alta amizade e consideração, reconhecendo a importância do que fazem e do que são. Às prioridades nacionais do mundo da cultura, com benemérito incentivo das mesmas, pensa o Governo, aqui representado pela Senhora Ministra da Cultura, para quem vai a minha deferente e grata saudação. Obrigado a quantos tornaram possível este nosso encontro, nomeadamente à Comissão Episcopal da Cultura com o seu Presidente, Dom Manuel Clemente, a quem agradeço as expressões de cordial acolhimento e a apresentação da realidade polifónica da cultura portuguesa, aqui representada por alguns dos seus melhores protagonistas, de cujos sentimentos e expectativas se fez porta-voz o cineasta Manoel de Oliveira, de veneranda idade e carreira, a quem saúdo com admiração e afecto juntamente com vivo reconhecimento pelas palavras que me dirigiu, deixando transparecer ânsias e disposições da alma portuguesa no meio das turbulências da sociedade actual.
De facto, a cultura reflecte hoje uma «tensão», que por vezes toma formas de «conflito», entre o presente e a tradição. A dinâmica da sociedade absolutiza o presente, isolando-o do património cultural do passado e sem a intenção de delinear um futuro. Mas uma tal valorização do «presente» como fonte inspiradora do sentido da vida, individual e em sociedade, confronta-se com a forte tradição cultural do Povo Português, muito marcada pela milenária influência do cristianismo, com um sentido de responsabilidade global, afirmada na aventura dos Descobrimentos e no entusiasmo missionário, partilhando o dom da fé com outros povos. O ideal cristão da universalidade e da fraternidade inspiravam esta aventura comum, embora a influência do iluminismo e do laicismo se tivesse feito sentir também. A referida tradição originou aquilo a que podemos chamar uma «sabedoria», isto é, um sentido da vida e da história, de que fazia parte um universo ético e um «ideal» a cumprir por Portugal, que sempre procurou relacionar-se com o resto do mundo.
A Igreja aparece como a grande defensora de uma sã e alta tradição, cujo rico contributo coloca ao serviço da sociedade; esta continua a respeitar e a apreciar o seu serviço ao bem comum, mas afasta-se da referida «sabedoria» que faz parte do seu património. Este «conflito» entre a tradição e o presente exprime-se na crise da verdade, pois só esta pode orientar e traçar o rumo de uma existência realizada, como indivíduo e como povo. De facto, um povo, que deixa de saber qual é a sua verdade, fica perdido nos labirintos do tempo e da história, sem valores claramente definidos, sem objectivos grandiosos claramente enunciados. Prezados amigos, há toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo, levando a sociedade a perceber que, proclamando a verdade, é um serviço que a Igreja presta à sociedade, abrindo horizontes novos de futuro, de grandeza e dignidade. Com efeito, a Igreja «tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do ser humano, da sua dignidade, da sua vocação. […] A fidelidade à pessoa humana exige a fidelidade à verdade, a única que é garantia de liberdade (cf. Jo 8, 32) e da possibilidade dum desenvolvimento humano integral. É por isso que a Igreja a procura, anuncia incansavelmente e reconhece em todo o lado onde a mesma se apresente. Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenunciável» (Bento XVI, Enc. Caritas in veritate, 9). Para uma sociedade composta na sua maioria por católicos e cuja cultura foi profundamente marcada pelo cristianismo, é dramático tentar encontrar a verdade sem ser em Jesus Cristo. Para nós, cristãos, a Verdade é divina; é o «Logos» eterno, que ganhou expressão humana em Jesus Cristo, que pôde afirmar com objectividade: «Eu sou a verdade» (Jo 14, 6). A convivência da Igreja, na sua adesão firme ao carácter perene da verdade, com o respeito por outras «verdades» ou com a verdade dos outros é uma aprendizagem que a própria Igreja está a fazer. Nesse respeito dialogante, podem abrir-se novas portas para a comunicação da verdade.
«A Igreja – escrevia o Papa Paulo VI – deve entrar em diálogo com o mundo em que vive. A Igreja faz-se palavra, a Igreja torna-se mensagem, a Igreja faz-se diálogo» (Enc. Ecclesiam suam, 67). De facto, o diálogo sem ambiguidades e respeitoso das partes nele envolvidas é hoje uma prioridade no mundo, à qual a Igreja não se subtrai. Disso mesmo dá testemunho a presença da Santa Sé em diversos organismos internacionais, nomeadamente no Centro Norte-Sul do Conselho da Europa instituído há 20 anos aqui em Lisboa, tendo como pedra angular o diálogo intercultural a fim de promover a cooperação entre a Europa, o Sul do Mediterrâneo e a África e construir uma cidadania mundial fundada sobre os direitos humanos e as responsabilidades dos cidadãos, independentemente da própria origem étnica e adesão política, e respeitadora das crenças religiosas. Constatada a diversidade cultural, é preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro, mas aspirem também a receber um enriquecimento da mesma e a dar-lhe aquilo que se possui de bem, de verdade e de beleza.
Esta é uma hora que reclama o melhor das nossas forças, audácia profética, capacidade renovada de «novos mundos ao mundo ir mostrando», como diria o vosso Poeta nacional (Luís de Camões, Os Lusíades, II, 45). Vós, obreiros da cultura em todas as suas formas, fazedores do pensamento e da opinião, «tendes, graças ao vosso talento, a possibilidade de falar ao coração da humanidade, de tocar a sensibilidade individual e colectiva, de suscitar sonhos e esperanças, de ampliar os horizontes do conhecimento e do empenho humano. […] E não tenhais medo de vos confrontar com a fonte primeira e última da beleza, de dialogar com os crentes, com quem, como vós, se sente peregrino no mundo e na história rumo à Beleza infinita» (Discurso, no meu encontro com os Artistas, 21/XI/2009).
Foi para «pôr o mundo moderno em contacto com as energias vivificadoras e perenes do Evangelho» (João XXIII, Const. ap. Humanae salutis, 3) que se fez o Concílio Vaticano II, no qual a Igreja, a partir de uma renovada consciência da tradição católica, assume e discerne, transfigura e transcende as críticas que estão na base das forças que caracterizaram a modernidade, ou seja, a Reforma e o Iluminismo. Assim a Igreja acolhia e recriava por si mesma, o melhor das instâncias da modernidade, por um lado, superando-as e, por outro, evitando os seus erros e becos sem saída. O evento conciliar colocou as premissas de uma autêntica renovação católica e de uma nova civilização – a «civilização do amor» - como serviço evangélico ao homem e à sociedade.
Caros amigos, a Igreja sente como sua missão prioritária, na cultura actual, manter desperta a busca da verdade e, consequentemente, de Deus; levar as pessoas a olharem para além das coisas penúltimas e porem-se à procura das últimas. Convido-vos a aprofundar o conhecimento de Deus tal como Ele Se revelou em Jesus Cristo para a nossa total realização. Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza. Interceda por vós Santa Maria de Belém, venerada há séculos pelos navegadores do oceano e hoje pelos navegantes do Bem, da Verdade e da Beleza.
[00680-06.01] [Texto original: Português]
TRADUZIONE IN LINGUA ITALIANA
Venerati Fratelli nell’Episcopato,
Distinte Autorità,
Illustri Cultori del Pensiero, della Scienza e dell’Arte,
Cari amici,
Sento una grande gioia nel vedere qui radunato l’insieme multiforme della cultura portoghese, che voi così degnamente rappresentate: Donne e uomini impegnati nella ricerca e costruzione dei diversi saperi. A tutti rivolgo l’espressione della mia più alta amicizia e considerazione, riconoscendo l’importanza di ciò che voi fate e di ciò che siete. Il Governo, qui rappresentato dalla Signora Ministro della Cultura, alla quale rivolgo il mio deferente e grato saluto, pensa, con benemerito sostegno, alle priorità nazionali del mondo della cultura. Ringrazio tutti coloro che hanno reso possibile questo nostro incontro, in particolare la Commissione Episcopale della Cultura con il suo Presidente, Mons. Manuel Clemente, a cui sono grato per le espressioni di cordiale accoglienza e la presentazione della polifonica realtà della cultura portoghese, qui rappresentata da alcuni dei suoi migliori protagonisti; dei loro sentimenti e delle loro attese si è fatto portavoce il cineasta Manoel de Oliveira, di veneranda età e carriera, al quale va il mio saluto pieno di ammirazione e affetto nonché di viva riconoscenza per le parole che mi ha rivolto, lasciando intravedere in esse le ansie e le disposizioni dell’anima portoghese in mezzo alle turbolenze della società di oggi.
Infatti, oggi la cultura riflette una «tensione», che alle volte prende forme di «conflitto», fra il presente e la tradizione. La dinamica della società assolutizza il presente, staccandolo dal patrimonio culturale del passato e senza l’intenzione di delineare un futuro. Tale valorizzazione però del «presente» quale fonte ispiratrice del senso della vita, sia individuale che sociale, si scontra con la forte tradizione culturale del Popolo portoghese, profondamente segnata dal millenario influsso del cristianesimo e con un senso di responsabilità globale; essa si è affermata nell’avventura delle scoperte e nello zelo missionario, condividendo il dono della fede con altri popoli. L’ideale cristiano dell’universalità e della fraternità aveva ispirato quest’avventura comune, anche se gli influssi dell’illuminismo e del laicismo si erano fatti sentire. Detta tradizione ha dato origine a ciò che possiamo chiamare una «sapienza», cioè, un senso della vita e della storia di cui facevano parte un universo etico e un «ideale» da adempiere da parte del Portogallo, il quale ha sempre cercato di stabilire rapporti con il resto del mondo.
La Chiesa appare come la grande paladina di una sana ed alta tradizione, il cui ricco contributo colloca al servizio della società; questa continua a rispettarne e apprezzarne il servizio per il bene comune, ma si allontana dalla citata «sapienza» che fa parte del suo patrimonio. Questo «conflitto» fra la tradizione e il presente si esprime nella crisi della verità, ma unicamente questa può orientare e tracciare il sentiero di una esistenza riuscita, sia come individuo che come popolo. Infatti un popolo, che smette di sapere quale sia la propria verità, finisce perduto nei labirinti del tempo e della storia, privo di valori chiaramente definiti e senza grandi scopi chiaramente enunciati. Cari amici, c’è tutto uno sforzo di apprendimento da fare circa la forma in cui la Chiesa si situa nel mondo, aiutando la società a capire che l’annuncio della verità è un servizio che Essa offre alla società, aprendo nuovi orizzonti di futuro, di grandezza e dignità. In effetti, la Chiesa ha «una missione di verità da compiere, in ogni tempo ed evenienza, per una società a misura dell’uomo, della sua dignità, della sua vocazione. […] La fedeltà all’uomo esige la fedeltà alla verità che, sola, è garanzia di libertà (cfr Gv 8,32) e della possibilità di un sviluppo umano integrale. Per questo la Chiesa la ricerca, l’annunzia instancabilmente e la riconosce ovunque essa si palesi. Questa missione di verità è per la Chiesa irrinunciabile» (Enc. Caritas in veritate, 9). Per una società formata in maggioranza da cattolici e la cui cultura è stata profondamente segnata dal cristianesimo, si rivela drammatico il tentativo di trovare la verità al di fuori di Gesù Cristo. Per noi, cristiani, la Verità è divina; è il «Logos» eterno, che ha acquisito espressione umana in Gesù Cristo, il qual ha potuto affermare con oggettività: «Io sono la verità» (Gv 14,6). La convivenza della Chiesa, nella sua ferma adesione al carattere perenne della verità, con il rispetto per altre «verità», o con la verità degli altri, è un apprendistato che la Chiesa stessa sta facendo. In questo rispetto dialogante si possono aprire nuove porte alla trasmissione della verità.
«La Chiesa – scriveva il Papa Paolo VI – deve venire a dialogo con il mondo in cui si trova a vivere. La Chiesa si fa parola, la Chiesa si fa messaggio, la Chiesa si fa dialogo» (Enc. Ecclesiam suam, 67). Infatti, il dialogo senza ambiguità e rispettoso delle parti in esso coinvolte è oggi una priorità nel mondo, alla quale la Chiesa non intende sottrarsi. Ne dà testimonianza proprio la presenza della Santa Sede in diversi organismi internazionali, come, per esempio, nel Centro Nordsud del Consiglio dell’Europa, istituito 20 anni fa qui a Lisbona, che ha come pietra angolare il dialogo interculturale allo scopo di promuovere la cooperazione fra l’Europa, il sud del Mediterraneo e l’Africa e di costruire una cittadinanza mondiale fondata sui diritti umani e le responsabilità dei cittadini, indipendentemente dalla loro origine etnica e appartenenza politica, e rispettosa delle credenze religiose. Costatata la diversità culturale, bisogna far sì che le persone non solo accettino l’esistenza della cultura dell’altro, ma aspirino anche a venire arricchite da essa e ad offrirle ciò che si possiede di bene, di vero e di bello.
Questa è un’ora che richiede il meglio delle nostre forze, audacia profetica, rinnovata capacità per «additare nuovi mondi al mondo», come direbbe il vostro Poeta nazionale (Luigi di Camões, Os Lusíades, II, 45). Voi, operatori della cultura in ogni sua forma, creatori di pensiero e di opinione, «avete, grazie al vostro talento, la possibilità di parlare al cuore dell’umanità, di toccare la sensibilità individuale e collettiva, di suscitare sogni e speranze, di ampliare gli orizzonti della conoscenza e dell’impegno umano. […] E non abbiate paura di confrontarvi con la sorgente prima e ultima della bellezza, di dialogare con i credenti, con chi come voi, si sente pellegrino nel mondo e nella storia verso la Bellezza infinita» (Discorso agli artisti, 21 novembre 2009).
Proprio con lo scopo di «mettere il mondo moderno in contatto con le energie vivificanti e perenni del Vangelo» (Giovanni XXIII, Cost. ap. Humanae salutis, 3), si è realizzato il Concilio Vaticano II, nel quale la Chiesa, partendo da una rinnovata consapevolezza della tradizione cattolica, prende sul serio e discerne, trasfigura e supera le critiche che sono alla base delle forze che hanno caratterizzato la modernità, ossia la Riforma e l’Illuminismo. Così da sé stessa la Chiesa accoglieva e ricreava il meglio delle istanze della modernità, da un lato superandole e, dall’altro evitando i suoi errori e vicoli senza uscita. L’evento conciliare ha messo i presupposti per un autentico rinnovamento cattolico e per una nuova civiltà – la «civiltà dell’amore» - come servizio evangelico all’uomo e alla società.
Cari amici, la Chiesa ritiene come sua missione prioritaria, nella cultura attuale, tenere sveglia la ricerca della verità e, conseguentemente, di Dio; portare le persone a guardare oltre le cose penultime e mettersi alla ricerca delle ultime. Vi invito ad approfondire la conoscenza di Dio così come Egli si è rivelato in Gesù Cristo per la nostra piena realizzazione. Fate cose belle, ma soprattutto fate diventare le vostre vite luoghi di bellezza. Interceda per voi Santa Maria di Betlemme, da secoli venerata dai navigatori dell’oceano e oggi dai navigatori del Bene, della Verità e della Bellezza.
[00680-01.01] [Testo originale: Portoghese]
TRADUZIONE IN LINGUA INGLESE
Dear Brother Bishops,
Distinguished Authorities,
Eminent representatives of the arts and sciences,
Dear friends,
I am very pleased to meet you, men and women devoted to research and expansion in the various fields of knowledge, and worthy representatives of the rich world of culture in Portugal. I take this occasion to express my deep esteem and appreciation of you and your work. The Government, represented here by the Minister for Culture, to whom I extend my respectful and warm greetings, gives praiseworthy support to the national priorities of the world of culture. I am grateful to all those who have made this meeting possible, particularly the Cultural Commission of the Bishops’ Conference and its President, Bishop Manuel Clemente, whom I thank for his kind words of welcome and his presentation of the multifaceted reality of Portuguese culture, represented here by some of its most distinguished leaders. Their sentiments and expectations have been expressed by film director Manoel de Oliveira, a man venerable in years and in professional activity, to whom I extend my affectionate greetings and esteem. I also thank him for his kind words, which have given a glimpse of the concerns and the mood of the soul of Portugal in this turbulent period of the life of society.
Today’s culture is in fact permeated by a "tension" which at times takes the form of a "conflict" between the present and tradition. The dynamic movement of society gives absolute value to the present, isolating it from the cultural legacy of the past, without attempting to trace a path for the future. This emphasis on the "present" as a source of inspiration for the meaning of life, both individual and social, nonetheless clashes with the powerful cultural tradition of the Portuguese people, deeply marked by the millenary influence of Christianity and by a sense of global responsibility. This came to the fore in the adventure of the Discoveries and in the missionary zeal which shared the gift of faith with other peoples. The Christian ideal of universality and fraternity inspired this common adventure, even though influences from the Enlightenment and laicism also made themselves felt. This tradition gave rise to what could be called a "wisdom", that is to say, an understanding of life and history which included a corpus of ethical values and an "ideal" to be realized by Portugal, which has always sought to establish relations with the rest of the world.
The Church appears as the champion of a healthy and lofty tradition, whose rich contribution she sets at the service of society. Society continues to respect and appreciate her service to the common good but distances itself from that "wisdom" which is part of her legacy. This "conflict" between tradition and the present finds expression in the crisis of truth, yet only truth can provide direction and trace the path of a fulfilled existence both for individuals and for a people. Indeed, a people no longer conscious of its own truth ends up by being lost in the maze of time and history, deprived of clearly defined values and lacking great and clearly formulated goals. Dear friends, much still needs to be learned about the form in which the Church takes her place in the world, helping society to understand that the proclamation of truth is a service which she offers to society, and opening new horizons for the future, horizons of grandeur and dignity. The Church, in effect, has "a mission of truth to accomplish, in every time and circumstance, for a society that is attuned to man, to his dignity, to his vocation. […] Fidelity to man requires fidelity to the truth, which alone is the guarantee of freedom (cf. Jn 8:32) and of the possibility of integral human development. For this reason the Church searches for truth, proclaims it tirelessly and recognizes it wherever it is manifested. This mission of truth is something that the Church can never renounce" (Caritas in Veritate, 9). For a society made up mainly of Catholics, and whose culture has been profoundly marked by Christianity, the search for truth apart from Christ proves dramatic. For Christians, Truth is divine; it is the eternal "Logos" which found human expression in Jesus Christ, who could objectively state: "I am the truth" (Jn 14:6). The Church, in her adherence to the eternal character of truth, is in the process of learning how to live with respect for other "truths" and for the truth of others. Through this respect, open to dialogue, new doors can be opened to the transmission of truth.
"The Church – wrote Pope Paul VI – must enter into dialogue with the world in which she lives. The Church becomes word, she becomes message, she becomes dialogue" (Ecclesiam Suam, 67). Dialogue, without ambiguity and marked by respect for those taking part, is a priority in today’s world, and the Church does not intend to withdraw from it. A testimony to this is the Holy See’s presence in several international organizations, as for example her presence at the Council of Europe’s North-South Centre, established 20 years ago here in Lisbon, which is focused on intercultural dialogue with a view to promoting cooperation between Europe, the southern Mediterranean and Africa, and building a global citizenship based on human rights and civic responsibility, independent of ethnic origin or political allegiance, and respectful of religious beliefs. Given the reality of cultural diversity, people need not only to accept the existence of the culture of others, but also to aspire to be enriched by it and to offer to it whatever they possess that is good, true and beautiful.
Ours is a time which calls for the best of our efforts, prophetic courage and a renewed capacity to "point out new worlds to the world", to use the words of your national poet (Luís de Camões, Os Lusíades, II, 45). You who are representatives of culture in all its forms, forgers of thought and opinion, "thanks to your talent, have the opportunity to speak to the heart of humanity, to touch individual and collective sensibilities, to call forth dreams and hopes, to broaden the horizons of knowledge and of human engagement. […] Do not be afraid to approach the first and last source of beauty, to enter into dialogue with believers, with those who, like yourselves, consider that they are pilgrims in this world and in history towards infinite Beauty!" (Address to Artists, 21 November 2009).
Precisely so as "to place the modern world in contact with the life-giving and perennial energies of the Gospel" (John XXIII, Apostolic Constitution Humanae Salutis, 3), the Second Vatican Council was convened. There the Church, on the basis of a renewed awareness of the Catholic tradition, took seriously and discerned, transformed and overcame the fundamental critiques that gave rise to the modern world, the Reformation and the Enlightenment. In this way the Church herself accepted and refashioned the best of the requirements of modernity by transcending them on the one hand, and on the other by avoiding their errors and dead ends. The Council laid the foundation for an authentic Catholic renewal and for a new civilization – "the civilization of love" – as an evangelical service to man and society.
Dear friends, the Church considers that her most important mission in today’s culture is to keep alive the search for truth, and consequently for God; to bring people to look beyond penultimate realities and to seek those that are ultimate. I invite you to deepen your knowledge of God as he has revealed himself in Jesus Christ for our complete fulfilment. Produce beautiful things, but above all make your lives places of beauty. May Our Lady of Belém intercede for you, she who has been venerated down through the centuries by navigators, and is venerated today by the navigators of Goodness, Truth and Beauty.
[00680-02.01] [Original text: Portuguese]
TRADUZIONE IN LINGUA FRANCESE
Vénérés frères dans l’Épiscopat
Éminents représentants de la Pensée, de la Science et de l’Art,
Chers amis,
J’éprouve une grande joie de voir ici rassemblé l’ensemble varié de la culture portugaise, que vous représentez si dignement : femmes et hommes engagés dans la recherche et l’élaboration des différents savoirs. A tous, j’adresse l’expression de mon amitié et de ma plus haute considération, reconnaissant l’importance de ce que vous faites et de ce que vous êtes. Le Gouvernement, représenté ici par Madame le Ministre de la Culture à qui j’adresse mes remerciements et mes salutations déférentes, pense aux priorités nationales du monde de la culture avec un appui mérité. Je remercie tous ceux qui ont rendu possible notre rencontre, en particulier la Commission Épiscopale de la Culture et son Président, Monseigneur Manuel Clemente, que je remercie pour le cordial accueil et pour la présentation de la réalité polyphonique de la culture portugaise, illustrée ici par la présence de quelques uns de ses meilleurs protagonistes. Le cinéaste Manoal de Oliveira, d’une âge vénérable et d’une carrière qui l’est tout autant, s’est fait le porte-parole de vos sentiments et de vos attentes. Je lui adresse mon salut plein d’admiration et d’affection autant que de vive gratitude pour les paroles qu’il m’a adressées, laissant entrevoir en elles les inquiétudes et les attentes de l’âme portugaise au milieu des turbulences de la société d’aujourd’hui.
En effet, aujourd’hui, la culture reflète une ‘tension’, qui prend parfois la forme de ‘conflit’ entre le présent et la tradition. L’élan de la société absolutise le présent, le détachant du patrimoine culturel du passé et sans l’intention de tracer les contours d’un avenir. Mais une telle valorisation du ‘présent’ en tant que source d’inspiration du sens de la vie, aussi bien individuelle que sociale, se heurte à la forte tradition culturelle du peuple portugais, profondément marquée par l’influence millénaire du christianisme et par un sens de la responsabilité globale. Celle-ci s’est affermie dans l’aventure des découvertes et dans le zèle missionnaire, partageant le don de la foi avec les autres peuples. L’idéal chrétien de l’universalité et de la fraternité avait inspiré cette aventure commune également marquée par les influences des Lumières et du laïcisme. Cette tradition a donné naissance à ce que nous pouvons appeler une ‘sagesse’, c'est-à-dire, un sens de la vie et de l’histoire marqué par une cohérence éthique et un ‘idéal’ réalisé par le Portugal, lequel a toujours cherché à établir des relations avec le reste du monde.
L'Église apparaît comme le grand défenseur d’une saine et haute tradition, dont la riche contribution se met au service de la société ; celle-ci continue à en respecter et à en apprécier le service en faveur du bien commun, mais elle s’est éloignée de la dite ‘sagesse’ qui fait partie de son patrimoine. Ce ‘conflit’ entre la tradition et le présent s’exprime dans la crise de la vérité, mais c’est seulement celle-ci qui peut orienter et tracer le chemin d’une existence réussie, aussi bien en tant que personne que comme peuple. En effet, un peuple qui cesse de savoir quelle est sa vérité propre, finit par se perdre dans le labyrinthe du temps et de l’histoire, privé des valeurs clairement établies et sans grands buts clairement énoncés. Chers amis, il y a tout un effort de compréhension à faire autour de la forme dans laquelle l'Église se situe dans le monde, en aidant la société à comprendre que l’annonce de la vérité est un service qu’Elle offre à la société, ouvrant de nouveaux horizons d’avenir, de grandeur et de dignité. En effet, l'Église a « une mission de vérité à remplir, en tout temps et en toutes circonstances, en faveur d’une société à la mesure de l’homme, de sa dignité et de sa vocation.[…] La fidélité à l’homme exige la fidélité à la vérité qui seule, est la garantie de la liberté (cf. Jn 8,32) et de la possibilité d’un développement humain intégral. C’est pour cela que l'Église la recherche, qu’elle l’annonce sans relâche et qu’elle la reconnaît partout où elle se manifeste. Cette mission de vérité est pour l'Église une mission impérative » (Caritas in veritate, n.9). Pour une société formée en majeure partie de catholiques et dont la culture a été profondément marquée par le christianisme, la tentative de trouver la vérité en dehors de Jésus-Christ s’avère dramatique. Pour nous, chrétiens, la Vérité est divine ; elle est le « Logos » éternel qui a pris une expression humaine en Jésus-Christ, lequel a pu affirmer avec objectivité : « Je suis la vérité » (Jn 14,6). L’existence dans l'Église de sa ferme adhésion au caractère pérenne de la vérité avec le respect pour les autres ‘vérités’ ou avec la vérité des autres, est un apprentissage que l'Église elle-même est en train de faire. Dans ce dialogue respectueux peuvent s’ouvrir de nouvelles portes pour la transmission de la vérité.
« L'Église –écrivait le Pape Paul VI- doit entrer en dialogue avec le monde dans lequel elle vit. L'Église se fait parole ; l'Église se fait message ; l'Église se fait dialogue » (Ecclesiam suam, n.67). En effet, le dialogue sans ambigüité et respectueux des parties impliquées est aujourd’hui une priorité dans le monde, priorité à laquelle l'Église n’entend pas se soustraire. Elle en donne un témoignage clair par la présence du Saint-Siège dans les divers organismes internationaux, comme par exemple, dans le Centre Nord-Sud du Conseil de l’Europe, fondé il y a 20 ans ici à Lisbonne, qui a comme pierre angulaire le dialogue interculturel dans le but de promouvoir la coopération entre l’Europe, le sud de la Méditerranée et l’Afrique et de construire une citoyenneté mondiale fondée sur les droits humains et la responsabilité des citoyens, indépendamment de leur origine ethnique et de leur appartenance politique, dans le respect des croyances religieuses. Étant donné la diversité culturelle, il faut faire en sorte que les personnes, non seulement acceptent l’existence de la culture de l’autre, mais aspirent aussi à s’en enrichir et à lui offrir ce que l’on possède de bien, de vrai et de beau.
Cette heure demande le meilleur de nos forces, une audace prophétique, une capacité renouvelée à « indiquer de nouveaux mondes au monde », comme dirait votre Poète national (Luigi di Camoes, Os Lusiades, II, 45). Vous, artisans de la culture sous toutes ses formes, créateurs de pensée et d’opinion, « avez, grâce à votre talent la possibilité de parler au cœur de l’humanité, de toucher la sensibilité individuelle et collective, de susciter des rêves et des espérances, d’élargir les horizons de la connaissance et de l’engagement humain. […] Et n’ayez pas peur de vous confronter avec la source première et ultime de la beauté, de dialoguer avec les croyants, avec ceux qui, comme vous, se sentent en pèlerinage dans le monde et dans l’histoire vers la Beauté infinie (Discours aux artistes, 21/XI/2009).
C’est justement dans le but de « mettre le monde moderne en contact avec les énergies vivifiantes et pérennes de l’Évangile » (Jean XXIII, Const. Ap. Humanae salutis, n.3), qu’a eu lieu le Concile Vatican II, au cours duquel l'Église, partant d’un conscience renouvelée de la tradition catholique, prend au sérieux et discerne, transfigure et dépasse les critiques qui sont à la base des courants qui ont caractérisé la modernité, c’est-à-dire la Réforme et les Lumières. Ainsi, d’elle-même, l'Église accueille et régénère le meilleur des exigences de la modernité, d’une part en les assumant et en les dépassant et d’autre part en évitant ses erreurs et les chemins sans issues. L’événement conciliaire a posé les prémisses d’un authentique renouveau catholique et d’une nouvelle civilisation - la « civilisation de l’amour » - comme service évangélique à l’homme et à la société.
Chers amis, l'Église considère comme sa mission prioritaire, dans la culture actuelle, de tenir éveillé la recherche de la vérité et, en conséquence, de Dieu ; de porter les personnes à regarder au-delà des choses qui passent et à se mettre à la recherche des choses qui demeurent. Je vous invite à approfondir la connaissance de Dieu tel qu’Il s’est révélé en Jésus-Christ pour notre plein accomplissement. Faites des choses belles, mais par dessus tout faites que vos vies deviennent des lieux de beauté. Qu’intercède pour vous Sainte Marie de Bethléem, vénérée depuis des siècles par les navigateurs de l’océan, et aujourd’hui par les navigateurs du Bien, de la Vérité et de la Beauté.
[00680-03.01] [Texte original: Portugais]
● INCONTRO CON IL PRIMO MINISTRO, ALLA NUNZIATURA APOSTOLICA DI LISBOA
Rientrato alla Nunziatura Apostolica di Lisboa, alle ore 12 il Santo Padre Benedetto XVI incontra il Primo Ministro, S.E. Sig. José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, accompagnato dal Ministro degli Esteri, dal Ministro della Repubblica e dall’Ambasciatore del Portogallo presso la Santa Sede. Quindi pranza con i Membri del Seguito papale.
[00700-01.01]
[B0299-XX.01]