Queridos participantes do Fórum Europeu Alpbach!

Hoje sinto-me feliz por vos poder dirigir algumas palavras. Quando penso na Europa, penso sobretudo no continente dos direitos humanos. Na sua maioria, os importantes direitos humanos universais receberam aqui o seu desenvolvimento.

Atualmente, vivemos um período de crise na Europa que, como todas as crises, traz consigo perigos e oportunidades; um tempo em que vários movimentos populistas gozam de grande popularidade. As razões para isto residem principalmente em fatores económicos e políticos. Portanto, vemos que na Europa, como resultado desta “onda” populista, certos ideais desapareceram e certos princípios, relativos ao comportamento em relação aos membros mais frágeis da sociedade, passaram para segundo plano.

Estes ideais e princípios, entre os quais merecem especial destaque os da dignidade humana  e da fraternidade , sempre estiveram ligados à matriz evangélica. Hoje, o contexto cultural mudou, e a Igreja é chamada a viver no seio de uma sociedade secularizada; isto não deve surpreender nem assustar, pois bem sabemos que Deus está presente também ali. Pelo contrário, com renovada motivação, como cristãos esforçamo-nos por contribuir com a riqueza da doutrina social católica, com a sua pretensão de universalidade. Também a União Europeia, desde a sua fundação, tem traços universalistas, e é de desejar que não os perca. Neste sentido, o aspeto da fraternidade é particularmente importante. Por conseguinte, as sociedades europeias são chamadas a encontrar formas e meios para reduzir a polarização no seu seio e para se manter abertas ao mundo que as circunda.

Prezados participantes no Fórum europeu Alpbach, agradeço-vos o vosso compromisso no meio dos desafios sociais do nosso tempo e desejo-vos que sejais testemunhas “contagiosas” dos ideais europeus. Abençoo-vos de coração e peço-vos por favor que rezeis por mim.

Obrigado!

FRANCISCO

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L'Osservatore Romano, Edição semanal em português, Ano LV, número 36, quinta-feira 5 de setembro de 2024, p. 5