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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Na lista de Jesus

Segunda-feira, 9 de Setembro de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 37 de 11 de Setembro de 2014

O Senhor é «alguém que reza, que escolhe e que não tem vergonha de estar perto das pessoas». Comentando o trecho do Evangelho de Lucas (6, 12-19), o Papa ressaltou estas três características que «descrevem bem a personalidade de Jesus» e que motivam também a nossa «confiança nele: confiamos nele porque reza, porque nos escolheu e porque está próximo de nós».

Ao aprofundar estes «três momentos da vida de Jesus», o Pontífice falou primeiro da oração. O Senhor, narra Lucas, «retirou-se a uma montanha para rezar, e aí passou a noite inteira orando a Deus». Assim, Ele «reza por nós. Parece um pouco estranho — observou Francisco — que Ele, que veio para nos salvar e que tem o poder», ore ao Pai. Contudo, «fá-lo com frequência, e também o diz», afirmou o Papa recordando a frase dirigida a Pedro na última Ceia: «Orei por ti!».

Jesus rezou e continua a rezar «por nós: é o intercessor. Também agora, que está diante do Pai no Céu, a sua tarefa — afirmou o bispo de Roma — é esta: interceder, rezar. Ele é o grande intercessor». Não é por acaso que «quando nós rezamos ao Pai, no início da Missa diária, no final da prece dizemos: “Nós vo-lo pedimos por nosso Senhor Jesus Cristo, que ali ora por nós”». Pois precisamente naquele momento, diante do Pai, o Filho «ora por nós».

Trata-se de uma verdade que «deve encorajar-nos». Pois nos momentos «de dificuldade ou necessidade», exortou o Papa, é preciso pensar: «Tu rezas por mim. Jesus ora ao Pai por mim». De resto, acrescentou, esta «é a sua tarefa de hoje: orar por nós, pela sua Igreja». E embora nos esqueçamos com frequência que Jesus reza por nós», esta é «a nossa força». A força de poder «dizer ao Pai: “Se Tu, Pai, não olhas para nós, olha para teu Filho que reza por nós!”. Jesus ora desde o primeiro momento: rezou quando estava na terra e continua a orar agora, por cada um de nós, pela Igreja inteira».

Depois, passando ao segundo momento descrito na cena evangélica — «Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze deles» — o Pontífice observou que «foi Ele quem escolheu; e di-lo claramente: “Não fostes vós que me escolhestes. Fui Eu que vos escolhi!”». Por conseguinte, esta atitude de Jesus anima-nos, porque temos uma certeza: «Eu sou escolhido, sou escolhida pelo Senhor. Ele escolheu-me no dia do Baptismo». São Paulo estava ciente disto e pensando, dizia: «Escolheu-me desde o ventre da minha mãe».

E por que somos «escolhidos» como cristãos? Para Francisco, a resposta está no amor de Deus. «O amor — observou — não olha se temos o rosto feio ou bonito: ama! Jesus faz o mesmo: ama e escolhe com amor. E escolhe todos». Na sua «lista» não há pessoas importantes «segundo os critérios do mundo: há pessoas comuns». O único elemento que caracteriza todos é que «são pecadores. Jesus escolheu os pecadores. Escolhe os pecadores. Esta é a acusação que lhe dirigem os doutores da lei, os escribas: “Ele vai comer com os pecadores, fala com as prostitutas”».

Mas Jesus é assim e portanto «chama todos», acrescentou o bispo de Roma, evocando a parábola das bodas do filho: «Quando os convidados não vêm, como reage o dono da casa? Envia os seus servos: “Ide e trazei todos! Bons e maus”, diz o Evangelho. Jesus escolheu todos. Escolheu os pecadores e por isso é repreendido pelos doutores da lei». O seu critério é o amor, como parece claro desde que «nós, no dia do nosso Baptismo, fomos escolhidos oficialmente». Em tal escolha «está o amor de Jesus». Ele, disse o Papa, «olhou para mim e disse-me: tu!». De resto, é suficiente pensar na escolha de «Judas Iscariotes, que se tornou o traidor, o maior pecador para ele. Mas foi escolhido por Jesus».

Finalmente, o terceiro momento, descrito pelo Evangelho com estas palavras: «Descendo com eles, parou numa planície. Aí encontrava-se um grande número dos seus discípulos e uma enorme multidão de pessoas vindas da Judeia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidónia, que tinham vindo para o ouvir e para ser curadas das suas enfermidades... Todas as pessoas procuravam tocá-lo». Em síntese, a cena apresenta um «Jesus próximo das pessoas. Não é um professor, um mestre, um místico que se afasta e fala da cátedra» mas, ao contrário, uma pessoa que «está no meio do povo e se deixa tocar, permitindo que as pessoas lhe peçam algo. Assim é Jesus: próximo das pessoas».

E esta proximidade, continuou o Papa Francisco, «não é algo novo para Ele: Jesus ressalta-a no seu modo de agir, mas é algo que deriva da primeira escolha de Deus para o seu povo. Deus diz ao seu povo: “Pensai, qual povo tem um Deus tão próximo como Eu em relação a vós?”». A proximidade de Deus ao seu povo — concluiu o Pontífice — «é a proximidade de Jesus em relação às pessoas. Toda a multidão procurava tocá-lo, porque Ele emanava uma força que curava todos, muito perto, no meio do povo».

 


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