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VIAGGIO APOSTOLICO DEL SANTO PADRE BENEDETTO XVI IN CAMERUN E ANGOLA (17-23 MARZO 2009) (XV), 22.03.2009


SANTA MESSA CON I VESCOVI DELL’IMBISA, NELLA SPIANATA DI CIMANGOLA A LUANDA

  PAROLE DI CORDOGLIO DEL SANTO PADRE

  OMELIA DEL SANTO PADRE

  TRADUZIONE IN LINGUA PORTOGHESE

  TRADUZIONE IN LINGUA ITALIANA

  TRADUZIONE IN LINGUA FRANCESE

  TRADUZIONE IN LINGUA INGLESE

Alle ore 9.00 di questa mattina, il Santo Padre, lasciata la Nunziatura Apostolica di Luanda, si reca in auto alla spianata di Cimangola dove, alle ore 10.00, presiede la Celebrazione Eucaristica con i Vescovi dell’IMBISA (Inter-regional Meeting of Bishops of Southern Africa), cui appartengono le Conferenze Episcopali di Angola e São Tomé, Botswana, Sud Africa e Swaziland, Lesotho, Mozambico, Namibia e Zimbabwe.

All’inizio della Santa Messa, dopo l’indirizzo di omaggio dell’Arcivescovo di Luanda e Presidente della CEAST, S.E. Mons. Damião António Franklin, il Papa pronuncia parole di cordoglio per la morte di due giovani ragazze avvenuta accidentalmente ieri pomeriggio all’ingresso dello Stadio dos Coqueiros.

Pubblichiamo di seguito le parole di cordoglio e l’omelia che il Papa pronuncia nel corso della Santa Messa:

  PAROLE DI CORDOGLIO DEL SANTO PADRE

Testo in lingua originale

Amados irmãos, quero incluir nesta Eucaristia um sufrágio particular pelas duas jovens que ontem perderam a vida na entrada para o Estádio dos Coqueiros. Confiemo-las a Jesus para que as acolha no seu Reino. Aos seus familiares e amigos, exprimo a minha solidariedade e o mais vivo pesar até porque vieram para me encontrar. Ao mesmo tempo rezo pelos feridos desejando-lhes rápido restabelecimento; abandonemos-nos aos desígnios insondáveis de Deus!

Traduzione in lingua italiana

Cari fratelli, desidero includere in questa Eucaristia una particolare preghiera di suffragio per le due giovani che ieri hanno perso la vita all’ingresso dello "Stadio dos Coqueiros". Affidiamole a Gesù perché le accolga nel suo Regno. Ai loro familiari ed amici, esprimo la mia solidarietà e il più vivo dolore anche perché erano venute per incontrarmi. Allo stesso tempo prego per i feriti augurando loro una pronta guarigione. Abbandoniamoci ai disegni insondabili di Dio!

[00461-06.02] [Texto original: Português]

  OMELIA DEL SANTO PADRE

Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Amados irmãos e irmãs em Cristo!

«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Estas palavras enchem-nos de alegria e de esperança, enquanto aguardamos o cumprimento das promessas de Deus. Motivo de particular alegria para mim, hoje, é poder como Sucessor do Apóstolo Pedro celebrar esta Missa convosco, meus irmãos e irmãs em Cristo vindos das várias regiões de Angola, de São Tomé e Príncipe e de muitos outros países. Com grande afecto no Senhor, saúdo as comunidades católicas de Luanda, Bengo, Cabinda, Benguela, Huambo, Huíla, Kuando Kubango, Kunene, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Namibe, Moxico, Uíje e Zaire.

In a special way, I greet my brother Bishops, the members of the Inter-Regional Meeting of Bishops of Southern Africa, assembled around this altar of the Lord’s sacrifice. I thank the President of CEAST, Archbishop Damião Franklin, for his kind words of welcome, and, in the person of their Pastors, I greet all the faithful in the nations of Botswana, Lesotho, Mozambique, Namibia, South Africa, Swaziland and Zimbabwe.

Today’s first reading has a particular resonance for God’s people in Angola. It is a message of hope addressed to the Chosen People in the land of their Exile, a summons to return to Jerusalem to rebuild the Lord’s Temple. Its vivid description of the destruction and ruin caused by war echoes the personal experience of so many people in this country amid the terrible ravages of the civil war. How true it is that war can "destroy everything of value" (cf. 2 Chr 36:19): families, whole communities, the fruit of men’s labour, the hopes which guide and sustain their lives and work! This experience is all too familiar to Africa as a whole: the destructive power of civil strife, the descent into a maelstrom of hatred and revenge, the squandering of the efforts of generations of good people. When God’s word – a word meant to build up individuals, communities and the whole human family – is neglected, and when God’s law is "ridiculed, despised, laughed at" (ibid., v. 16), the result can only be destruction and injustice: the abasement of our common humanity and the betrayal of our vocation to be sons and daughters of a merciful Father, brothers and sisters of his beloved Son.

So let us draw comfort from the consoling words which we have heard in the first reading! The call to return and rebuild God’s Temple has a particular meaning for each of us. Saint Paul, the two thousandth anniversary of whose birth we celebrate this year, tells us that "we are the temple of the living God" (2 Cor 6:16). God dwells, we know, in the hearts of all who put their faith in Christ, who are reborn in Baptism and are made temples of the Holy Spirit. Even now, in the unity of the Body of Christ which is the Church, God is calling us to acknowledge the power of his presence within us, to reappropriate the gift of his love and forgiveness, and to become messengers of that merciful love within our families and communities, at school and in the workplace, in every sector of social and political life.

Aqui, em Angola, este Domingo está reservado como dia de oração e sacrifício pela reconciliação nacional. O Evangelho ensina-nos que a reconciliação – uma verdadeira reconciliação – só pode ser fruto de uma conversão, de uma mudança do coração, de um novo modo de pensar. Ensina-nos que só a força do amor de Deus pode mudar os nossos corações e fazer-nos triunfar sobre o poder do pecado e da divisão. Quando estávamos «mortos pelos nossos pecados» (cf. Ef 2, 5), o seu amor e a sua misericórdia deram-nos a reconciliação e a vida nova em Cristo. Tal é o núcleo da doutrina do Apóstolo Paulo, sendo importante para nós trazer à memória que só a graça de Deus pode criar um coração novo em nós. Só o seu amor pode mudar o nosso «coração de pedra» (Ez 11, 19) e tornar-nos capazes de construir antes que demolir. Só Deus pode fazer novas todas as coisas.

Vim à África precisamente para proclamar esta mensagem de perdão, de esperança e de uma nova vida em Cristo. Há três dias, em Yaoundé, tive a alegria de tornar público o Instrumentum laboris da Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, que será dedicada ao tema: A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz. Hoje peço-vos para rezardes, em união com todos os nossos irmãos e irmãs da África inteira, por esta intenção: para que cada cristão deste grande continente experimente o toque salutar do amor misericordioso de Deus e a Igreja em África se torne «lugar de autêntica reconciliação para todos, graças ao testemunho dado pelos seus filhos e filhas» (Ecclesia in Africa, 79).

Queridos amigos, esta é a mensagem que o Papa vos traz, para vós e vossos filhos. Recebestes a força do Espírito Santo para ser construtores de um futuro melhor para o vosso amado país. No baptismo, foi-vos concedido o Espírito para serdes arautos do Reino de Deus, Reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, de justiça, de amor e de paz (cf. Missal Romano, Prefácio de Cristo Rei). No dia do vosso baptismo, recebestes a luz de Cristo. Sede fiéis a este dom, certos de que o Evangelho pode revigorar, purificar e nobilitar os profundos valores humanos da vossa cultura originária e das vossas tradições: famílias solidárias, profundo sentido religioso, celebração festiva do dom da vida, apreço pela sabedoria dos mais velhos e pelas aspirações do jovens. Além disso, sede agradecidos pela luz de Cristo! Mostrai-vos reconhecidos com aqueles que vo-la trouxeram: gerações e gerações de missionários que tanto contribuíram, e contribuem, para o desenvolvimento humano e espiritual deste país. Senti-vos agradecidos pelo testemunho de tantos pais e professores cristãos, de catequistas, presbíteros, religiosas e religiosos, que sacrificaram a sua vida pessoal para vos transmitir este tesouro precioso. E abraçai o desafio que vos coloca este grande património. Reparai que a Igreja em Angola e na África inteira está destinada a ser, perante o mundo, um sinal daquela unidade a que é chamada toda a família humana mediante a fé em Cristo Redentor.

No Evangelho de hoje, há palavras pronunciadas por Jesus que causam uma certa impressão: diz-nos Ele que a sentença de Deus sobre o mundo já foi pronunciada (cf. Jo 3, 19ss). A luz já veio ao mundo; mas os homens preferiram as trevas à luz, porque as suas obras eram más. Oh como são grandes as trevas em tantas partes do mundo! E as nuvens do mal obscureceram tragicamente também a África, incluindo esta amada nação angolana. Pensemos no flagelo da guerra, nos frutos terríveis do tribalismo e das rivalidades étnicas, na avidez que corrompe o coração do homem, reduz à escravidão os pobres e priva as gerações futuras dos recursos de que terão necessidade para criar uma sociedade mais solidária e justa: uma sociedade verdadeira e autenticamente africana no seu estro e nos seus valores. E que dizer daquele insidioso espírito de egoísmo que fecha os indivíduos em si mesmos, divide as famílias e, espezinhando os grandes ideais de generosidade e abnegação, conduz inevitavelmente ao hedonismo, à fuga para falsas utopias através do uso da droga, à irresponsabilidade sexual, ao enfraquecimento do vínculo matrimonial, à destruição das famílias e à eliminação de vidas humanas inocentes por meio do aborto?

Mas a palavra de Deus é uma palavra de esperança sem limites. «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, (…) para que o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3, 16.17). Deus nunca nos considera um caso perdido. Continua a convidar-nos para erguermos os olhos para um futuro de esperança, e promete-nos a força para o realizar. Como diz São Paulo na segunda leitura de hoje, Deus criou-nos em Cristo Jesus para levarmos uma vida justa, uma vida em que pratiquemos boas obras segundo a sua vontade (cf. Ef 2, 10). Deu-nos os seus mandamentos, não como um fardo, mas como fonte de liberdade: liberdade de nos tornarmos homens e mulheres cheios de sabedoria, mestres de justiça e de paz, pessoas que têm confiança nos outros e procuram o seu verdadeiro bem. Deus criou-nos para vivermos na luz e sermos luz para o mundo em redor. Assim no-lo diz Jesus, no Evangelho de hoje: «Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus» (Jo 3, 21).

«Praticai, pois, a verdade». Irradiai a luz da fé, da esperança e do amor nas vossas famílias e comunidades. Sede testemunhas da verdade santa que torna livres homens e mulheres. Vós sabeis, por amarga experiência, que o trabalho de reconstrução – ao contrário da repentina fúria devastadora do mal – é penosamente lento e duro. Requer tempo, fadiga e perseverança: deve começar nos nossos corações, nos pequenos sacrifícios quotidianos necessários para sermos fiéis à lei de Deus, nos pequenos gestos pelos quais demonstramos de amar os nossos vizinhos – os nossos vizinhos todos sem olhar a raça, etnia ou língua – com a disponibilidade de colaborar com eles para construir, juntos, sobre bases duradouras. Fazei com que as vossas paróquias se tornem comunidades onde a luz da verdade de Deus e a força do amor reconciliador de Cristo não sejam apenas celebradas, mas manifestadas em obras concretas de caridade. E não tenhais medo! Ainda que isto signifique ser um «sinal de contradição» (Lc 2, 34) face a comportamentos duros e a uma mentalidade que vê os outros mais como instrumentos a usar do que como irmãos e irmãs a amar, respeitar e ajudar ao longo do caminho da liberdade, da vida e da esperança.

Permiti-me concluir com uma palavra dirigida particularmente aos jovens angolanos e a todos os jovens da África. Queridos jovens amigos, vós sois a esperança do futuro do vosso país, a promessa de um amanhã melhor. Começai, desde hoje, a crescer na vossa amizade com Jesus, que é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6): uma amizade nutrida e aprofundada através da oração humilde e perseverante. Procurai conhecer a vontade de Deus a vosso respeito, ouvindo diariamente a sua palavra e permitindo à sua lei de modelar a vossa vida e as vossas relações. Deste modo, tornar-vos-eis profetas sábios e generosos do amor salvífico de Deus; tornar-vos-eis evangelizadores dos vossos próprios colegas, levando-os por meio do vosso exemplo pessoal a apreciar a beleza e a verdade do Evangelho e a ter esperança num futuro plasmado pelos valores do Reino de Deus. A Igreja precisa do vosso testemunho. Não tenhais medo de responder generosamente ao chamamento que Deus vos faz para O servir quer como sacerdotes, religiosas ou religiosos, quer como pais cristãos ou em tantas outras formas de serviço que a Igreja vos propõe.

Dear brothers and sisters! At the end of today’s first reading, Cyrus, King of Persia, inspired by God, calls the Chosen People to return to their beloved land and to rebuild the Temple of the Lord. May his words be a summons to all God’s People in Angola and throughout Southern Africa: Arise! Ponde-vos a caminho! (cf. 2 Chr 36:23) Look to the future with hope, trust in God’s promises, and live in his truth. In this way, you will build something destined to endure, and leave to future generations a lasting inheritance of reconciliation, justice and peace. Amen.

[00422-XX.01] [Testo originale: Plurilingue]

  TRADUZIONE IN LINGUA PORTOGHESE

Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Amados irmãos e irmãs em Cristo!

«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Estas palavras enchem-nos de alegria e de esperança, enquanto aguardamos o cumprimento das promessas de Deus. Motivo de particular alegria para mim, hoje, é poder como Sucessor do Apóstolo Pedro celebrar esta Missa convosco, meus irmãos e irmãs em Cristo vindos das várias regiões de Angola, de São Tomé e Príncipe e de muitos outros países. Com grande afecto no Senhor, saúdo as comunidades católicas de Luanda, Bengo, Cabinda, Benguela, Huambo, Huíla, Kuando Kubango, Kunene, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Namibe, Moxico, Uíje e Zaire.

De modo particular saúdo os meus Irmãos no Episcopado, os membros da Associação Inter-regional dos Bispos da África Austral reunidos à volta deste altar do Sacrifício do Senhor. Agradeço ao Presidente da CEAST, Dom Damião Franklin, as suas amáveis palavras de boas-vindas e, na pessoa dos respectivos Pastores, saúdo todos os fiéis do Botswana, Lesoto, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Suazilândia e Zimbabue.

A primeira leitura de hoje ecoa com uma ressonância particular no coração do Povo de Deus em Angola. É uma mensagem de esperança dirigida ao Povo eleito exilado longe do seu país, um convite para regressar a Jerusalém e reconstruir o templo do Senhor. A expressiva descrição da destruição e da ruína causadas pela guerra reflecte a experiência pessoal de tantas pessoas neste país a braços com as consequências terríveis da guerra civil. É bem verdade que a guerra pode destruir tudo o que tem valor (cf. 2 Cr 36, 19): famílias, comunidades inteiras, o fruto das canseiras humanas, as esperanças que guiam e sustentam a sua vida e o seu trabalho. Trata-se, infelizmente, de uma experiência demasiado familiar a toda a África: a força destrutiva da guerra civil, a queda na voragem do ódio e da vingança, a delapidação dos esforços de gerações de gente boa. Quando a Palavra do Senhor – uma Palavra que visa a edificação dos indivíduos, das comunidades e da família humana inteira – é transcurada e a lei de Deus é ridicularizada, desprezada e achincalhada (cf. 2 Cr 36, 16), o resultado só pode ser destruição e injustiça: a humilhação da nossa humanidade comum e a traição da nossa vocação de filhos e filhas do Pai misericordioso, irmãos e irmãs do seu dilecto Filho.

Confortemo-nos, pois, com as palavras consoladoras que ouvimos na primeira leitura! O apelo a voltar e a reconstruir o templo de Deus tem um significado particular para cada um de nós. São Paulo, de quem celebramos o bimilenário do nascimento este ano, diz que «nós somos o templo do Deus vivo» (2 Cor 6, 16). Como sabemos, Deus habita nos corações de todas as pessoas que, tendo posto a sua confiança em Cristo, renasceram no Baptismo e tornaram-se templos do Espírito Santo. E agora, na unidade do Corpo de Cristo que é a Igreja, Deus chama-nos a reconhecer o poder da sua presença em nós, a acolher o dom do seu amor e do seu perdão e a ser mensageiros deste amor misericordioso no meio das nossas famílias e comunidades, na escola e no lugar de trabalho, em todo o sector da vida social e política.

Aqui, em Angola, este Domingo está reservado como dia de oração e sacrifício pela reconciliação nacional. O Evangelho ensina-nos que a reconciliação – uma verdadeira reconciliação – só pode ser fruto de uma conversão, de uma mudança do coração, de um novo modo de pensar. Ensina-nos que só a força do amor de Deus pode mudar os nossos corações e fazer-nos triunfar sobre o poder do pecado e da divisão. Quando estávamos «mortos pelos nossos pecados» (cf. Ef 2, 5), o seu amor e a sua misericórdia deram-nos a reconciliação e a vida nova em Cristo. Tal é o núcleo da doutrina do Apóstolo Paulo, sendo importante para nós trazer à memória que só a graça de Deus pode criar um coração novo em nós. Só o seu amor pode mudar o nosso «coração de pedra» (Ez 11, 19) e tornar-nos capazes de construir antes que demolir. Só Deus pode fazer novas todas as coisas.

Vim à África precisamente para proclamar esta mensagem de perdão, de esperança e de uma nova vida em Cristo. Há três dias, em Yaoundé, tive a alegria de tornar público o Instrumentum laboris da Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, que será dedicada ao tema: A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz. Hoje peço-vos para rezardes, em união com todos os nossos irmãos e irmãs da África inteira, por esta intenção: para que cada cristão deste grande continente experimente o toque salutar do amor misericordioso de Deus e a Igreja em África se torne «lugar de autêntica reconciliação para todos, graças ao testemunho dado pelos seus filhos e filhas» (Ecclesia in Africa, 79).

Queridos amigos, esta é a mensagem que o Papa vos traz, para vós e vossos filhos. Recebestes a força do Espírito Santo para ser construtores de um futuro melhor para o vosso amado país. No baptismo, foi-vos concedido o Espírito para serdes arautos do Reino de Deus, Reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, de justiça, de amor e de paz (cf. Missal Romano, Prefácio de Cristo Rei). No dia do vosso baptismo, recebestes a luz de Cristo. Sede fiéis a este dom, certos de que o Evangelho pode revigorar, purificar e nobilitar os profundos valores humanos da vossa cultura originária e das vossas tradições: famílias solidárias, profundo sentido religioso, celebração festiva do dom da vida, apreço pela sabedoria dos mais velhos e pelas aspirações do jovens. Além disso, sede agradecidos pela luz de Cristo! Mostrai-vos reconhecidos com aqueles que vo-la trouxeram: gerações e gerações de missionários que tanto contribuíram, e contribuem, para o desenvolvimento humano e espiritual deste país. Senti-vos agradecidos pelo testemunho de tantos pais e professores cristãos, de catequistas, presbíteros, religiosas e religiosos, que sacrificaram a sua vida pessoal para vos transmitir este tesouro precioso. E abraçai o desafio que vos coloca este grande património. Reparai que a Igreja em Angola e na África inteira está destinada a ser, perante o mundo, um sinal daquela unidade a que é chamada toda a família humana mediante a fé em Cristo Redentor.

No Evangelho de hoje, há palavras pronunciadas por Jesus que causam uma certa impressão: diz-nos Ele que a sentença de Deus sobre o mundo já foi pronunciada (cf. Jo 3, 19ss). A luz já veio ao mundo; mas os homens preferiram as trevas à luz, porque as suas obras eram más. Oh como são grandes as trevas em tantas partes do mundo! E as nuvens do mal obscureceram tragicamente também a África, incluindo esta amada nação angolana. Pensemos no flagelo da guerra, nos frutos terríveis do tribalismo e das rivalidades étnicas, na avidez que corrompe o coração do homem, reduz à escravidão os pobres e priva as gerações futuras dos recursos de que terão necessidade para criar uma sociedade mais solidária e justa: uma sociedade verdadeira e autenticamente africana no seu estro e nos seus valores. E que dizer daquele insidioso espírito de egoísmo que fecha os indivíduos em si mesmos, divide as famílias e, espezinhando os grandes ideais de generosidade e abnegação, conduz inevitavelmente ao hedonismo, à fuga para falsas utopias através do uso da droga, à irresponsabilidade sexual, ao enfraquecimento do vínculo matrimonial, à destruição das famílias e à eliminação de vidas humanas inocentes por meio do aborto?

Mas a palavra de Deus é uma palavra de esperança sem limites. «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, (…) para que o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3, 16.17). Deus nunca nos considera um caso perdido. Continua a convidar-nos para erguermos os olhos para um futuro de esperança, e promete-nos a força para o realizar. Como diz São Paulo na segunda leitura de hoje, Deus criou-nos em Cristo Jesus para levarmos uma vida justa, uma vida em que pratiquemos boas obras segundo a sua vontade (cf. Ef 2, 10). Deu-nos os seus mandamentos, não como um fardo, mas como fonte de liberdade: liberdade de nos tornarmos homens e mulheres cheios de sabedoria, mestres de justiça e de paz, pessoas que têm confiança nos outros e procuram o seu verdadeiro bem. Deus criou-nos para vivermos na luz e sermos luz para o mundo em redor. Assim no-lo diz Jesus, no Evangelho de hoje: «Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus» (Jo 3, 21).

«Praticai, pois, a verdade». Irradiai a luz da fé, da esperança e do amor nas vossas famílias e comunidades. Sede testemunhas da verdade santa que torna livres homens e mulheres. Vós sabeis, por amarga experiência, que o trabalho de reconstrução – ao contrário da repentina fúria devastadora do mal – é penosamente lento e duro. Requer tempo, fadiga e perseverança: deve começar nos nossos corações, nos pequenos sacrifícios quotidianos necessários para sermos fiéis à lei de Deus, nos pequenos gestos pelos quais demonstramos de amar os nossos vizinhos – os nossos vizinhos todos sem olhar a raça, etnia ou língua – com a disponibilidade de colaborar com eles para construir, juntos, sobre bases duradouras. Fazei com que as vossas paróquias se tornem comunidades onde a luz da verdade de Deus e a força do amor reconciliador de Cristo não sejam apenas celebradas, mas manifestadas em obras concretas de caridade. E não tenhais medo! Ainda que isto signifique ser um «sinal de contradição» (Lc 2, 34) face a comportamentos duros e a uma mentalidade que vê os outros mais como instrumentos a usar do que como irmãos e irmãs a amar, respeitar e ajudar ao longo do caminho da liberdade, da vida e da esperança.

Permiti-me concluir com uma palavra dirigida particularmente aos jovens angolanos e a todos os jovens da África. Queridos jovens amigos, vós sois a esperança do futuro do vosso país, a promessa de um amanhã melhor. Começai, desde hoje, a crescer na vossa amizade com Jesus, que é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6): uma amizade nutrida e aprofundada através da oração humilde e perseverante. Procurai conhecer a vontade de Deus a vosso respeito, ouvindo diariamente a sua palavra e permitindo à sua lei de modelar a vossa vida e as vossas relações. Deste modo, tornar-vos-eis profetas sábios e generosos do amor salvífico de Deus; tornar-vos-eis evangelizadores dos vossos próprios colegas, levando-os por meio do vosso exemplo pessoal a apreciar a beleza e a verdade do Evangelho e a ter esperança num futuro plasmado pelos valores do Reino de Deus. A Igreja precisa do vosso testemunho. Não tenhais medo de responder generosamente ao chamamento que Deus vos faz para O servir quer como sacerdotes, religiosas ou religiosos, quer como pais cristãos ou em tantas outras formas de serviço que a Igreja vos propõe.

Amados irmãos e irmãs! No final da primeira leitura de hoje, Ciro, rei da Pérsia, inspirado por Deus, convida o povo eleito a regressar à sua amada pátria e reconstruir o Templo do Senhor. Que estas palavras inspiradas sejam um apelo a todo o Povo de Deus que vive em Angola e na África Austral: Coragem! Ponde-vos a caminho! (cf. 2 Cr 36, 23). Olhai o futuro com esperança, confiai nas promessas de Deus e vivei na sua verdade. Deste modo, construireis algo destinado a permanecer e deixareis às gerações futuras uma herança duradoura de reconciliação, justiça e paz. Amen.

[00422-06.01] [Texto original: Plurilíngue]

  TRADUZIONE IN LINGUA ITALIANA

Signori Cardinali,
Venerati Fratelli nell’Episcopato e nel Sacerdozio,
Cari fratelli e sorelle in Cristo!

"Dio ha tanto amato il mondo da dare il Figlio unigenito, perché chiunque crede in Lui non vada perduto, ma abbia la vita eterna" (Gv 3,16). Queste parole ci colmano di gioia e di speranza, in quanto attendiamo il compimento delle promesse di Dio. Motivo di particolare gioia è, oggi, per me potere come Successore dell’Apostolo Pietro celebrare questa Messa con voi, miei fratelli e sorelle in Cristo venuti da varie regioni dell’Angola, di São Tomé e Príncipe e da molti altri Paesi. Con grande affetto nel Signore, saluto le comunità cattoliche di Luanda, Bengo, Cabinda, Benguela, Huambo, Huíla, Kuando Kubango, Kunene, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Namibe, Moxico, Uíje e Zaire.

In modo speciale, saluto i miei Fratelli Vescovi, i membri dell’Associazione Inter-regionale dei Vescovi dell’Africa Australe, raccolti intorno a questo altare del Sacrificio del Signore. Ringrazio il Presidente del CEAST, Arcivescovo Damião Franklin, per le sue gentile parole di benvenuto e, nelle persone dei loro Pastori, saluto tutti i fedeli della nazioni di Botswana, Lesotho, Mozambique, Namibia, South Africa, Swaziland e Zimbabwe.

La prima lettura di oggi ha una particolare risonanza per il Popolo di Dio in Angola. E’ un messaggio di speranza rivolto al Popolo eletto nella lontana regione del loro esilio, un invito a ritornare in Gerusalemme per ricostruire il Tempio del Signore. La vivace descrizione della distruzione e della rovina causata dalla guerra rispecchia l’esperienza personale di tante persone in questo Paese durante le terribili devastazioni della guerra civile. Com’è vero che la guerra può "distruggere tutto ciò che ha valore" (cfr 2 Cr 36,19): famiglie, intere comunità, il frutto della fatica degli uomini, le speranze che guidano e sostengono le loro vite e il loro lavoro! Questa esperienza è fin troppo familiare all’Africa nel suo insieme: il potere distruttivo della guerra civile, il precipitare nel vortice dell’odio e della vendetta, lo sperpero degli sforzi di generazioni di gente perbene. Quando la Parola del Signore – una Parola che mira all’edificazione dei singoli, delle comunità e dell’intera famiglia umana – è trascurata, e quando la Legge di Dio è "ridicolizzata, disprezzata e schernita" (cfr ibid., v. 16), il risultato può essere solo distruzione ed ingiustizia: l’umiliazione della nostra comune umanità e il tradimento della nostra vocazione ad essere figli e figlie del Padre misericordioso, fratelli e sorelle del suo Figlio diletto.

Traiamo quindi conforto dalle parole consolanti, che abbiamo ascoltato nella prima lettura! La chiamata a ritornare e a ricostruire il tempio di Dio ha un significato particolare per ciascuno di noi. San Paolo, della cui nascita celebriamo quest’anno il bimillennario, ci dice che "siamo il tempio del Dio vivente" (2 Cor 6, 16). Come sappiamo, Dio dimora nei cuori di quanti pongono la loro fiducia in Cristo, sono rinati nel Battesimo e sono resi tempio dello Spirito Santo. Anche adesso, nell’unità del Corpo di Cristo che è la Chiesa, Dio ci chiama a riconoscere il potere della sua presenza in noi, a riappropriarci del dono del suo amore e del suo perdono e a diventare messaggeri di questo amore misericordioso entro le nostre famiglie e comunità, a scuola e al posto di lavoro, in ogni settore della vita sociale e politica.

Qui in Angola, questa Domenica è stata riservata come giorno di preghiera e di sacrificio per la riconciliazione nazionale. Il Vangelo ci insegna che la riconciliazione - una vera riconciliazione - può essere soltanto frutto di una conversione, di un cambiamento del cuore, di un nuovo modo di pensare. Ci insegna che solo il potere dell’amore di Dio può cambiare i nostri cuori e farci trionfare sul potere del peccato e della divisione. Quando eravamo "morti per i nostri peccati" (cfr Ef 2, 5) il suo amore e la sua misericordia ci hanno offerto la riconciliazione e la vita nuova in Cristo. È questo il nucleo dell’insegnamento dell’Apostolo Paolo, ed è importante per noi richiamare alla memoria che solo la grazia di Dio può creare in n oi un cuore nuovo! Solo il suo amore può cambiare il nostro "cuore di pietra" (Ez 11, 19) e metterci in grado di costruire invece di demolire. Solo Dio può fare nuove tutte le cose!

Sono venuto in Africa proprio per predicare questo messaggio di perdono, di speranza e di una nuova vita in Cristo. Tre giorni fa, a Yaoundé, ho avuto la gioia di rendere pubblico l’Instrumentum laboris della Seconda Assemblea Speciale per l’Africa del Sinodo dei Vescovi, che sarà dedicata al tema: La Chiesa in Africa a servizio della riconciliazione, della giustizia e della pace. Vi chiedo oggi di pregare, in unione con tutti i nostri fratelli e sorelle in tutta l’Africa, per questa intenzione: che ogni cristiano in questo grande Continente sperimenti il tocco risanante dell’amore misericordioso di Dio e che la Chiesa in Africa diventi "per tutti, grazie alla testimonianza resa dai suoi figli e dalle sue figlie, luogo di autentica riconciliazione" (Ecclesia in Africa 79).

Cari amici, è questo il messaggio che il Papa porta a voi e ai vostri figli. Dallo Spirito Santo avete ricevuto la forza di essere i costruttori di un domani migliore per il vostro amato Paese. Nel Battesimo vi è stato dato lo Spirito per essere araldi del Regno di Dio, Regno di verità e di vita, di santità e di grazia, di giustizia, di amore e di pace (cfr Messale Romano, Prefazio di Cristo Re). Nel giorno del vostro Battesimo avete ricevuto la luce di Cristo. Siate fedeli a questo dono, certi che il Vangelo può confermare, purificare e nobilitare i profondi valori umani presenti nella vostra cultura nativa e nelle vostre tradizioni: famiglie unite, profondo senso religioso, gioiosa celebrazione del dono della vita, apprezzamento della saggezza degli anziani e delle aspirazioni dei giovani. E poi siate riconoscenti per la luce di Cristo! Mostratevi riconoscenti verso coloro che ve l’hanno portata: generazioni e generazioni di missionari che tanto hanno contribuito e continuano a contribuire allo sviluppo umano e spirituale di questo Paese. Siate riconoscenti per la testimonianza di tanti genitori ed insegnanti cristiani, di catechisti, sacerdoti, religiose e religiosi, che hanno sacrificato la loro propria vita per trasmettervi questo tesoro prezioso! Ed affrontate la sfida che questo grande patrimonio vi pone. Rendetevi conto che la Chiesa, in Angola e in tutta l’Africa, ha il compito di essere, davanti al mondo, un segno di quell’unità alla quale l’intera famiglia umana è chiamata mediante la fede in Cristo Redentore.

Nel Vangelo di oggi vi sono parole pronunciate da Gesù che suscitano una certa impressione: Egli ci dice che la sentenza di Dio sul mondo è già stata emessa (cfr Gv 3, 19ss). La luce è già venuta nel mondo. Ma gli uomini hanno preferito le tenebre alla luce, perché le loro opere erano malvagie. Quanto grandi sono le tenebre in tante parti del mondo! Tragicamente, le nuvole del male hanno ottenebrato anche l’Africa, compresa questa amata Nazione di Angola. Pensiamo al flagello della guerra, ai frutti feroci del tribalismo e delle rivalità etniche, alla cupidigia che corrompe il cuore dell’uomo, riduce in schiavitù i poveri e priva le generazioni future delle risorse di cui hanno bisogno per creare una società più solidale e più giusta – una società veramente ed autenticamente africana nel suo genio e nei suoi valori. E che dire di quell’ insidioso spirito di egoismo che chiude gli individui in se stessi, divide le famiglie e, soppiantando i grandi ideali di generosità e di abnegazione, conduce inevitabilmente all’edonismo, all’evasione in false utopie attraverso l’uso della droga, all’irresponsabilità sessuale, all’indebolimento del legame matrimoniale, alla distruzione delle famiglie e all’eliminazione di vite umane innocenti mediante l’aborto?

La parola di Dio, però, è una parola di speranza senza limiti. "Dio infatti ha tanto amato il mondo da dare il suo Figlio unigenito … perché il mondo si salvi per mezzo di lui" (Gv 3, 16–17). Dio non ci dà mai per spacciati! Egli continua ad invitarci ad alzare gli occhi verso un futuro di speranza e ci promette la forza per realizzarlo. Come dice san Paolo nella seconda lettura di oggi, Dio ci ha creati in Cristo Gesù per vivere una vita giusta, una vita in cui pratichiamo opere buone secondo la sua volontà (cfr Ef 2, 10). Ci ha donati i suoi comandamenti, non come un fardello, ma come una fonte di libertà: della libertà di diventare uomini e donne pieni di saggezza, maestri di giustizia e di pace, gente che ha fiducia negli altri e cerca il loro vero bene. Dio ci ha creati per vivere nella luce e per essere luce per il mondo intorno a noi! È questo che Gesù ci dice nel Vangelo di oggi: "Chi opera la verità viene alla luce, perché appaia chiaramente che le sue opere sono state fatte in Dio" (Gv 3, 21).

"Vivete, dunque, secondo verità!" Irraggiate la luce della fede, della speranza e dell’amore nelle vostre famiglie e comunità! Siate testimoni della santa verità che rende liberi uomini e donne! Voi sapete in base ad un’amara esperienza che, rispetto alla repentina furia distruttrice del male, il lavoro di ricostruzione è penosamente lento e duro. Richiede tempo, fatica e perseveranza: deve iniziare nei nostri cuori, nei piccoli sacrifici quotidiani necessari per essere fedeli alla legge di Dio, nei piccoli gesti mediante i quali dimostriamo di amare i nostri vicini - tutti i nostri vicini senza riguardo alla razza, all’etnia o alla lingua - nella disponibilità a collaborare con loro per costruire insieme su basi durevoli. Fate sì che le vostre parrocchie diventino comunità dove la luce della verità di Dio e il potere dell’amore riconciliante di Cristo non siano soltanto celebrati, ma espressi in opere concrete di carità. E non abbiate paura! Anche se questo significa essere un "segno di contraddizione" (Lc 2, 34) di fronte ad atteggiamenti duri e ad una mentalità che vede gli altri come strumenti da usare piuttosto che come fratelli e sorelle da amare, da rispettare e da aiutare lungo la via della libertà, della vita e della speranza.

Permettetemi di concludere con una parola rivolta in particolare ai giovani dell’Angola e a tutti i giovani dell’Africa. Cari giovani amici, voi siete la speranza del futuro del vostro Paese, la promessa di un domani migliore! Cominciate fin da oggi a crescere nella vostra amicizia con Gesù, che è "la via, la verità e la vita" (Gv 14, 6): un’amicizia nutrita ed approfondita mediante la preghiera umile e perseverante. Cercate la sua volontà su di voi, ascoltando quotidianamente la sua parola e permettendo alla sua legge di modellare la vostra vita e le vostre relazioni. In questo modo diventerete profeti saggi e generosi dell’amore salvifico di Dio; diventerete evangelizzatori dei vostri stessi compagni, guidandoli con il vostro esempio personale ad apprezzare la bellezza e la verità del Vangelo e verso la speranza di un futuro plasmato dai valori del Regno di Dio. La Chiesa ha bisogno della vostra testimonianza! Non abbiate paura di rispondere generosamente alla chiamata di Dio a servirlo sia come sacerdoti, religiose o religiosi, sia come genitori cristiani o in tante altre forme di servizio che la Chiesa vi propone.

Cari fratelli e sorelle! Alla fine della prima lettura di oggi, Ciro re di Persia, ispirato da Dio, ingiunge al Popolo eletto di ritornare nella sua amata Patria e di ricostruire il Tempio del Signore. Che queste parole del Signore siano un appello all’intero Popolo di Dio in Angola e in tutta l’Africa del Sud: Alzatevi! Ponde-vos a caminho! (2 Cr 36, 23). Guardate al futuro con speranza, confidate nelle promesse di Dio e vivete nella sua verità. In questo modo costruirete qualcosa destinato a perdurare e lascerete alla generazioni future un’eredità durevole di riconciliazione, di giustizia e di pace. Amen.

[00422-01.01] [Testo originale: Plurilingue]

  TRADUZIONE IN LINGUA FRANCESE

Messieurs les Cardinaux,
Chers Frères dans l’Épiscopat et dans le sacerdoce,
Chers Frères et Sœurs dans le Christ,

« Dieu a tant aimé le monde qu’il a donné son Fils unique : ainsi tout homme qui croit en lui ne périra pas, mais il obtiendra la vie éternelle » (Jn 3, 16). Ces paroles nous comblent de joie et d’espérance, nous qui attendons l’accomplissement des promesses de Dieu. C’est pour moi, en tant que Successeur de l’Apôtre Pierre, un motif de joie particulier de pouvoir célébrer aujourd’hui cette Messe avec vous, Frères et Sœurs venus des différentes régions de l’Angola, de São Tomé e Principe et de bien d’autres pays. Avec une grande affection, je salue dans le Seigneur les communautés catholiques de Luanda, Bengo, Cabinda, Benguela, Huambo, Huíla, Cuando Kubango, Kunene, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Namibe, Moxico, Uíge e Zaire.

Je salue d’une manière toute particulière mes Frères Évêques, les membres de l’Association interrégionale des Évêques de l’Afrique australe réunis autour de cet autel du Sacrifice du Seigneur. Je remercie le Président de la CEAST, Monseigneur Damião Franklin, pour ses aimables paroles de bienvenue, et en la personne de leurs Pasteurs, je salue tous les fidèles du Botswana, du Lesotho, du Mozambique, de Namibie, de l’Afrique du Sud, du Swaziland et du Zimbabwe.

La première lecture de ce jour résonne de manière particulière pour le Peuple de Dieu en Angola. C’est un message d’espérance adressé au Peuple élu dans son lointain exil, une invitation à retourner à Jérusalem pour y reconstruire le Temple du Seigneur. La description saisissante de la destruction et de la ruine causée par la guerre trouve un écho dans l’expérience personnelle de nombreuses de personnes de ce pays lors des terribles dévastations de la guerre civile. Qu’il est vrai de dire que la guerre peut détruire tout ce qui est précieux (cf. 2 Ch 36, 19) : des familles, des communautés entières, le fruit du travail des hommes, les espoirs qui guident et soutiennent leurs vies et leur travail ! Une telle expérience est malheureusement trop familière à l’Afrique tout entière : le pouvoir destructeur de la guerre civile, la chute vertigineuse dans le tourbillon de la haine et de la vengeance, le gaspillage des efforts de générations de personnes honnêtes. Lorsque la Parole de Dieu n’est plus écoutée – Parole qui a pour objectif de construire les personnes, les communautés et la famille humaine tout entière – et quand la Loi de Dieu est tournée en dérision et méprisée (cf. ibid., 16), il ne peut en résulter que destruction et injustice : l’humiliation de notre humanité commune et la trahison de notre vocation à être fils et filles du Père miséricordieux, frères et sœurs de son Fils bien-aimé.

Recueillons donc le réconfort qui nous vient des paroles de consolation que nous avons entendues dans la première lecture ! L’appel à faire retour et à reconstruire le Temple de Dieu a un sens particulier pour chacun de nous. Saint Paul, dont nous célébrons cette année le bimillénaire de la naissance, nous dit que « nous sommes le temple du Dieu vivant » (2 Co 6, 16). Comme nous le savons, Dieu demeure dans les cœurs de ceux qui mettent leur foi dans le Christ, qui sont « renés » par le Baptême et qui deviennent temple de l’Esprit Saint. Aujourd’hui encore, dans l’unité du Corps du Christ qui est l'Église, Dieu nous appelle à reconnaître la puissance de sa présence en nous, à faire nôtre de nouveau le don de son amour et de son pardon, et à devenir messagers de cet amour miséricordieux au sein de nos familles et de nos communautés, à l’école et sur nos lieux de travail, dans tous les secteurs de la vie sociale et politique.

Ici en Angola, ce dimanche a été désigné comme la journée de prière et de pénitence pour la réconciliation nationale. L’Évangile nous enseigne que la réconciliation – une réconciliation vraie – ne peut être que le fruit d’une conversion, d’un changement du cœur, d’une nouvelle façon de penser. Il nous enseigne que seul le pouvoir de l’amour de Dieu peut changer nos cœurs et nous rendre plus forts que la puissance du péché et de la division. Quand nous étions « morts par suite de nos fautes » (cf. Ep 2, 5), son amour et sa miséricorde nous ont offert la réconciliation et la vie nouvelle dans le Christ. C’est là le cœur de l’enseignement de l’Apôtre Paul, et il est important de nous souvenir que seule la grâce de Dieu peut créer en nous un cœur nouveau ! Seul son amour peut changer notre « cœur de pierre » (Ez 11, 19) et nous rendre capable de construire plutôt que de démolir. Seul Dieu peut faire toutes choses nouvelles !

Je suis venu en Afrique précisément pour annoncer ce message de pardon, d’espérance et d’une vie nouvelle dans le Christ. Il y a trois jours, à Yaoundé, j’ai eu la joie de rendre publique l’Instrumentum laboris de la Deuxième Assemblée Spéciale pour l’Afrique du Synode des Évêques, qui sera consacrée au thème : L’Église en Afrique au service de la réconciliation, de la justice et de la paix. Je vous demande aujourd’hui de prier, en union avec nos frères et sœurs de toute l’Afrique, pour cette intention : que chaque chrétien, sur ce grand continent, expérimente l’action recréatrice de l’amour miséricordieux de Dieu et que l’Église en Afrique devienne « pour tous le lieu d’une authentique réconciliation, grâce au témoignage rendu par ses fils et ses filles » (Ecclesia in Africa, n. 79).

Chers amis, tel est le message que le Pape vous apporte ainsi qu’à vos enfants. De l’Esprit Saint, vous avez reçu la force d’être les bâtisseurs d’un avenir meilleur pour votre pays bien-aimé. Dans le Baptême, l’Esprit vous a été donné pour être les hérauts du Royaume de Dieu, règne de vie et de vérité, de grâce et de sainteté, de justice, d’amour et de paix (cf. Missel Romain, Préface du Christ Roi de l’univers). Au jour de votre Baptême, vous avez reçu la lumière du Christ. Soyez fidèles à ce don, certains que l’Évangile peut affermir, purifier et ennoblir les profondes valeurs humaines présentes dans votre culture d’origine et dans vos traditions : l’unité de la famille, le profond sens religieux, la célébration joyeuse du don de la vie, la considération pour la sagesse des anciens et pour les aspirations de la jeunesse. Enfin, soyez reconnaissants pour la lumière du Christ ! Manifestez de la gratitude envers ceux qui vous l’ont apportée : des générations et des générations de missionnaires qui ont tant contribué et qui continuent de contribuer au développement humain et spirituel de ce Pays. Soyez reconnaissants pour le témoignage de tant de parents et d’enseignants chrétiens, de catéchistes, de prêtres, de religieuses et de religieux, qui ont sacrifié leur vie pour vous transmettre ce trésor précieux ! Affrontez le défi que ce patrimoine vous impose. Prenez conscience que l’Église, en Angola et partout en Afrique, a le devoir d’être, devant le monde, un signe de cette unité à laquelle l’humanité entière est appelée par la foi au Christ rédempteur.

Dans l’Évangile d’aujourd’hui, les paroles que Jésus énonce ne laissent pas indifférent : il nous dit que le jugement de Dieu sur le monde a déjà été prononcé (cf. Jn 3, 19ss). La lumière est déjà venue dans le monde. Mais les hommes ont préféré les ténèbres à la lumière, parce que leurs œuvres étaient mauvaises. Combien sont épaisses les ténèbres en de nombreuses régions du monde ! De façon tragique, les sombres nuages du mal ont aussi assombri l’Afrique, y compris cette nation bien-aimée, l’Angola. Nous pensons au fléau de la guerre, aux conséquences cruelles du tribalisme et des rivalités ethniques, à la cupidité qui corrompt le cœur de l’homme, réduit en esclavage les pauvres et prive les générations futures des ressources dont elles auront besoin pour créer une société plus solidaire et plus juste – une société vraiment et authentiquement africaine dans son génie et dans ses valeurs. Et que dire de l’égoïsme insidieux qui fait se replier les individus sur eux-mêmes, divise les familles et, supplantant les grands idéaux de générosité et de dévouement, conduit inévitablement à l’hédonisme, à la fuite vers de faux paradis à travers l’usage de la drogue, à l’irresponsabilité sexuelle, à l’affaiblissement du lien matrimonial, à la destruction des familles et à l’élimination de vies humaines innocentes par l’avortement.

Cependant, la parole de Dieu est une parole d’espérance sans limite. En effet, « Dieu a tant aimé le monde qu’il a donné son Fils unique… pour que, par lui, le monde soit sauvé » (Jn 3, 16-17). Dieu ne nous donne jamais pour perdus ! Il continue de nous inviter à lever les yeux vers un avenir d’espérance et il nous promet la force pour le concrétiser. Comme le dit saint Paul dans la deuxième lecture d’aujourd’hui, Dieu nous a créés dans le Christ Jésus pour mener une vie juste, pour que nos actes soient vraiment bons, conformes à la voie que Dieu a tracée pour nous (cf. Ep 2, 10). Il nous a donnés ses commandements, non comme un fardeau, mais comme une source de liberté : la liberté de devenir des femmes et de hommes pleins de sagesse, des maîtres de justice et de paix, des gens qui ont confiance dans les autres et qui recherchent leur véritable bien. Dieu nous a créés pour vivre dans la lumière et pour être lumière pour le monde autour de nous ! C’est ce que Jésus nous dit dans l’Évangile d’aujourd’hui : «Celui qui agit selon la vérité vient à la lumière, afin que ses œuvres soient reconnues comme des œuvres de Dieu » (Jn 3, 21).

« Vivez donc selon la vérité ! » Rayonnez la lumière de la foi, de l’espérance et de l’amour dans vos familles et dans vos communautés ! Soyez témoins de la sainte vérité qui rend les hommes et les femmes libres ! Vous savez, de par une amère expérience, que face à la fureur inattendue et destructrice du mal, le travail de reconstruction est douloureusement lent et dur. Cela nécessite temps, effort et persévérance. Ce travail doit commencer dans nos cœurs, dans les petits sacrifices quotidiens requis pour être fidèles à la loi de Dieu, dans les petits gestes par lesquels nous manifestons que nous aimons notre prochain – notre prochain quelle que soit sa race, son ethnie ou sa langue – dans la disponibilité à collaborer avec lui pour construire ensemble sur des bases durables. Faites en sorte que vos paroisses deviennent des communautés où la lumière de la vérité de Dieu et le pouvoir de l’amour du Christ qui réconcilie ne soient pas seulement célébrés, mais vécus dans les œuvres concrètes de la charité. N’ayez pas peur ! Même si cela signifie être « signe de contradiction » (Lc 2, 34) face à des attitudes de dureté et à une mentalité qui considère les autres comme des instruments à manipuler plutôt que comme des frères et des sœurs à aimer, à respecter et à aider sur le chemin de la liberté, de la vie et de l’espérance.

Permettez-moi de terminer en m’adressant en particulier aux jeunes de l’Angola et à tous les jeunes de l’Afrique. Chers jeunes, vous êtes l’espérance et l’avenir de votre Pays, la promesse d’un lendemain meilleur ! Commencez dès aujourd’hui à grandir dans l’amitié avec Jésus, qui est « le chemin, la vie et la vérité » (Jn 14, 6) : une amitié nourrie et approfondie par une prière humble et persévérante. Cherchez la volonté qu’il a sur vous, en écoutant quotidiennement sa Parole et en laissant sa loi façonner votre vie et vos relations. Ainsi, vous deviendrez de sages et généreux prophètes de l’amour salvifique de Dieu ; vous deviendrez les évangélisateurs de vos compagnons, les conduisant par votre exemple à apprécier la beauté et la vérité de l’Évangile et les orientant vers l’espérance d’un avenir modelé par les valeurs du Royaume de Dieu. L’Église a besoin de votre témoignage ! N’ayez pas peur de répondre généreusement à l’appel de Dieu à le servir, que ce soit comme prêtres, religieuses ou religieux, comme parents chrétiens ou bien encore à travers tant d’autres formes de service que l’Église vous propose.

Chers frères et sœurs ! À la fin de la première lecture d’aujourd’hui, Cyrus, roi de Perse, inspiré par Dieu, enjoint au Peuple élu de retourner sur sa terre bien-aimée et de reconstruire le Temple du Seigneur. Que ces paroles du Seigneur soient un appel au peuple de Dieu tout entier, ici en Angola et dans toute l’Afrique australe : Levez-vous ! Prenez la route (cf. 2 Ch 36, 23). Regardez l’avenir avec espérance, ayez confiance dans les promesses de Dieu et vivez dans sa vérité. De cette façon, vous construirez quelque chose qui est destiné à subsister et vous laisserez aux générations futures un héritage durable de réconciliation, de justice et de paix. Amen.

[00422-03.01] [Texte original: Plurilingue]

  TRADUZIONE IN LINGUA INGLESE

Dear Cardinals,
Brother Bishops and Priests,
Dear Brothers and Sisters in Christ,

"God so loved the world that he gave his only Son, that whoever believes in him should not perish, but have eternal life" (Jn 3:16). These words fill us with joy and hope, as we await the fulfilment of God’s promises! Today it is my particular joy, as the Successor of the Apostle Peter, to celebrate this Mass with you, my brothers and sisters in Christ from throughout Angola, São Tomé and Príncipe, and so many other countries. With great affection in the Lord I greet the Catholic communities from Luanda, Bengo, Cabinda, Benguela, Huambo, Huìla, Kuàndo Kubàngo, Kunène, North Kwanza, South Kwanza, North Lunda, South Lunda, Malanje, Namibe, Moxico, Uíje and Zàire.

In a special way, I greet my brother Bishops, the members of the Inter-Regional Meeting of Bishops of Southern Africa, assembled around this altar of the Lord’s sacrifice. I thank the President of CEAST, Archbishop Damião Franklin, for his kind words of welcome, and, in the person of their Pastors, I greet all the faithful in the nations of Botswana, Lesotho, Mozambique, Namibia, South Africa, Swaziland and Zimbabwe.

Today’s first reading has a particular resonance for God’s people in Angola. It is a message of hope addressed to the Chosen People in the land of their Exile, a summons to return to Jerusalem to rebuild the Lord’s Temple. Its vivid description of the destruction and ruin caused by war echoes the personal experience of so many people in this country amid the terrible ravages of the civil war. How true it is that war can "destroy everything of value" (cf. 2 Chr 36:19): families, whole communities, the fruit of men’s labour, the hopes which guide and sustain their lives and work! This experience is all too familiar to Africa as a whole: the destructive power of civil strife, the descent into a maelstrom of hatred and revenge, the squandering of the efforts of generations of good people. When God’s word – a word meant to build up individuals, communities and the whole human family – is neglected, and when God’s law is "ridiculed, despised, laughed at" (ibid., v. 16), the result can only be destruction and injustice: the abasement of our common humanity and the betrayal of our vocation to be sons and daughters of a merciful Father, brothers and sisters of his beloved Son.

So let us draw comfort from the consoling words which we have heard in the first reading! The call to return and rebuild God’s Temple has a particular meaning for each of us. Saint Paul, the two thousandth anniversary of whose birth we celebrate this year, tells us that "we are the temple of the living God" (2 Cor 6:16). God dwells, we know, in the hearts of all who put their faith in Christ, who are reborn in Baptism and are made temples of the Holy Spirit. Even now, in the unity of the Body of Christ which is the Church, God is calling us to acknowledge the power of his presence within us, to reappropriate the gift of his love and forgiveness, and to become messengers of that merciful love within our families and communities, at school and in the workplace, in every sector of social and political life.

Here in Angola, this Sunday has been set aside as a day of prayer and sacrifice for national reconciliation. The Gospel teaches us that reconciliation, true reconciliation, can only be the fruit of conversion, a change of heart, a new way of thinking. It teaches us that only the power of God’s love can change our hearts and make us triumph over the power of sin and division. When we were "dead through our sins" (Eph 2:5), his love and mercy brought us reconciliation and new life in Christ. This is the heart of the Apostle Paul’s teaching, and it is important for us to remind ourselves: only God’s grace can create a new heart in us! Only his love can change our "hearts of stone" (cf. Ezek 11:19) and enable us to build up, rather than tear down. Only God can make all things new!

It is to preach this message of forgiveness, hope and new life in Christ that I have come to Africa. Three days ago, in Yaoundé, I had the joy of promulgating the Instrumentum Laboris for the Second Special Assembly for Africa of the Synod of Bishops, which will be devoted to the theme: The Church in Africa in Service to Reconciliation, Justice and Peace. I ask you today, in union with all our brothers and sisters throughout Africa, to pray for this intention: that every Christian on this great continent will experience the healing touch of God’s merciful love, and that the Church in Africa will become "for all, through the witness borne by its sons and daughters, a place of true reconciliation" (Ecclesia in Africa, 79).

Dear friends, this is the message that the Pope is bringing to you and your children. You have received power from the Holy Spirit to be the builders of a better tomorrow for your beloved country. In Baptism you were given the Spirit in order to be heralds of God’s Kingdom of truth and life, of holiness and grace, of justice, love and peace (cf. Roman Missal, Preface of Christ the King). On the day of your Baptism you received the light of Christ. Be faithful to that gift! Be confident that the Gospel can affirm, purify and ennoble the profound human values present in your native culture and traditions: your strong families, your deep religious sense, your joyful celebration of the gift of life, your appreciation of the wisdom of the elderly and the aspirations of the young. Be grateful, then, for the light of Christ! Be grateful for those who brought it, the generations of missionaries who contributed – and continue to contribute – so much to this country’s human and spiritual development. Be grateful for the witness of so many Christian parents, teachers, catechists, priests and religious, who made personal sacrifices in order to pass this precious treasure down to you! And take up the challenge which this great legacy sets before you. Realize that the Church, in Angola and throughout Africa, is meant to be a sign before the world of that unity to which the whole human family is called, through faith in Christ the Redeemer.

The words which Jesus speaks in today’s Gospel are quite striking: He tells us that God’s sentence has already been pronounced upon this world (cf. Jn 3:19ff). The light has already come into the world. Yet men preferred the darkness to the light, because their deeds were evil. How much darkness there is in so many parts of our world! Tragically, the clouds of evil have also overshadowed Africa, including this beloved nation of Angola. We think of the evil of war, the murderous fruits of tribalism and ethnic rivalry, the greed which corrupts men’s hearts, enslaves the poor, and robs future generations of the resources they need to create a more equitable and just society – a society truly and authentically African in its genius and values. And what of that insidious spirit of selfishness which closes individuals in upon themselves, breaks up families, and, by supplanting the great ideals of generosity and self-sacrifice, inevitably leads to hedonism, the escape into false utopias through drug use, sexual irresponsibility, the weakening of the marriage bond and the break-up of families, and the pressure to destroy innocent human life through abortion?

Yet the word of God is a word of unbounded hope. "God loved the world so much that he gave his only Son … so that through him, the world might be saved" (Jn 3:16-17). God does not give up on us! He continues to lift our eyes to a future of hope, and he promises us the strength to accomplish it. As Saint Paul tells us in today’s second reading, God created us in Christ Jesus "to live the good life", a life of good deeds, in accordance with his will (cf. Eph 2:10). He gave us his commandments, not as a burden, but as a source of freedom: the freedom to become men and women of wisdom, teachers of justice and peace, people who believe in others and seek their authentic good. God created us to live in the light, and to be light for the world around us! This is what Jesus tells us in today’s Gospel: "The man who lives by the truth comes out into the light, so that it may be plainly seen that what he does is done in God" (Jn 3:21).

"Live", then, "by the truth!" Radiate the light of faith, hope and love in your families and communities! Be witnesses of the holy truth that sets men and women free! You know from bitter experience that, in comparison with the sudden, destructive fury of evil, the work of rebuilding is painfully slow and arduous. Living by the truth takes time, effort and perseverance: it has to begin in our own hearts, in the small daily sacrifices required if we are to be faithful to God’s law, in the little acts by which we demonstrate that we love our neighbours, all our neighbours, regardless of race, ethnicity or language, and by our readiness to work with them to build together on foundations that will endure. Let your parishes become communities where the light of God’s truth and the power of Christ’s reconciling love are not only celebrated, but proclaimed in concrete works of charity. And do not be afraid! Even if it means being a "sign of contradiction" (Lk 2:34) in the face of hardened attitudes and a mentality that sees others as a means to be used, rather than as brothers and sisters to be loved, cherished and helped along the path of freedom, life and hope.

Let me close by addressing a special word to the young people of Angola, and to all young people throughout Africa. Dear young friends: you are the hope of your country’s future, the promise of a better tomorrow! Begin today to grow in your friendship with Jesus, who is "the way, and the truth and the life" (Jn 14:6): a friendship nurtured and deepened by humble and persevering prayer. Seek his will for you by listening to his word daily, and by allowing his law to shape your lives and your relationships. In this way you will become wise and generous prophets of God’s saving love. Become evangelizers of your own peers, leading them by your own example to an appreciation of the beauty and truth of the Gospel, and the hope of a future shaped by the values of God’s Kingdom. The Church needs your witness! Do not be afraid to respond generously to God’s call, whether it be to serve him as a priest or a religious, as a Christian parent, or in the many forms of service to others which the Church sets before you.

Dear brothers and sisters! At the end of today’s first reading, Cyrus, King of Persia, inspired by God, calls the Chosen People to return to their beloved land and to rebuild the Temple of the Lord. May his words be a summons to all God’s People in Angola and throughout Southern Africa: Arise! Ponde-vos a caminho! (cf. 2 Chr 36:23) Look to the future with hope, trust in God’s promises, and live in his truth. In this way, you will build something destined to endure, and leave to future generations a lasting inheritance of reconciliation, justice and peace. Amen.

[00422-02.01] [Original text: Plurilingual]

[B0189-XX.02]