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MESSAGGIO DEL SANTO PADRE A S.E. MONS. RAYMUNDO DAMASCENO ASSIS PER IL CENTENARIO DELL’INCORONAZIONE DI NOSSA SENHORA APARECIDA (BRASILE), 09.09.2004


MESSAGGIO DEL SANTO PADRE A S.E. MONS. RAYMUNDO DAMASCENO ASSIS PER IL CENTENARIO DELL’INCORONAZIONE DI NOSSA SENHORA APARECIDA (BRASILE)

Pubblichiamo di seguito il Messaggio che il Santo Padre ha inviato a S.E. Mons. Raymundo Damasceno Assis, Arcivescovo di Aparecida, in occasione del Centenario dell’Incoronazione della statua di Nossa Senhora Aparecida:

● MESSAGGIO DEL SANTO PADRE

Ao Venerável Irmão
RAYMUNDO DAMASCENO ASSIS
Arcebispo de Aparecida,
aos demais Irmãos no Episcopado
aos sacerdotes, religiosos, religiosas e fiéis
do Brasil:

1. Por ocasião do Centenário da Coroação de Nossa Senhora Aparecida, desejo unir-me espiritualmente ao querido povo brasileiro para prestar minha homenagem à sua Rainha e Padroeira, tendo decidido designar como meu Enviado Especial o Cardeal Eugênio de Araújo Sales, a fim de presidir em meu nome aos ritos e celebrações desta significativa ocorrência no Seu Santuário nacional, insigne testemunho da fé e devoção mariana nessa bendita Terra.

2. Há quase três séculos que a Virgem marcou um encontro singular com a gente brasileira nesse lugar. As origens do Santuário estão ligadas à descoberta, por parte de três pescadores, de uma pequenina imagem de Nossa Senhora, de cor escura e de rosto sorridente, que eles viram emergir das águas, pescada na rede, com a qual puderam depois recolher uma pesca muito abundante. Os três reconheceram no acontecimento um sinal da proteção especial da Virgem. A partir daquele remoto setembro de 1717, cresce no povo um culto por Aquela que começam a chamar simplesmente a «Aparecida».

Bem antes de 1717 e do extraordinário aparecimento, porém, já existia uma profunda devoção pela Mãe de Jesus no coração dos cristãos do Brasil, que a herdaram dos portugueses mas lhe dando, no correr dos anos, uma coloração, motivações e orientações próprias. O amor e a devoção a Maria são um dos traços característicos da religiosidade do povo brasileiro.

3. A multidão imensa de pessoas, que acorre ao Santuário de sua Rainha e Padroeira, obedece a um genuíno movimento da alma desse amado povo, cumpre um gesto profundamente brasileiro, enchendo essa cidade do vale do Paraíba sobretudo de oração e de fé; de uma fé simples mas que é, sem dúvida, o que deve ser a fé: uma busca de Deus, talvez desajeitada e imperfeita, mas comovedoramente sincera, arraigada, capaz de sacrifícios, uma busca de Deus através de Nossa Senhora.

Ap receu no céu um grande sinal; uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. Estava grávida e clamava com dores de parto» (Ap 12,1-2). A visão de S. João mostra-nos que Maria, glorificada no Céu - Rainha coroada de estrelas -, continua a ser Mãe de todos os homens, dos filhos e filhas de Deus e irmãos de Jesus Cristo, até o fim dos séculos. Na luz da glória divina, Ela contempla todos e cada um de Seus filhos, em todos e cada um dos momentos da sua existência.

4. No transcurso da história comovedora da imagem morena de sua Rainha e Mãe tão amada, homens e mulheres de todas as condições e cultura a proclamaram «Soberana». Por isso, meu venerável predecessor Pio X, sensibilizado com a solicitação dos filhos devotos da Virgem Aparecida, coroou Nossa Senhora como Rainha do Brasil no ano de 1904. Este patrocínio de Maria sobre uma Nação não é algo que acontece sem o concurso de Seus protegidos, mas supõe seu livre consentimento, cada dia renovado; supõe que o peçam e se façam dignos dele, o encarnando num compromisso de vida inspirado pelas certezas profundas e sólidas da fé.

A certeza de que Nossa Senhora, por um lado, Se encontra para sempre junto de Deus onde advoga a nossa causa com tamanho poder, que foi denominada «onipotência suplicante»; mas, por outro, «é da nossa estirpe, verdadeira filha de Eva (...) e nossa verdadeira irmã, que compartilhou plenamente, mulher humilde e pobre como foi, a nossa condição» (Paulo VI, Marialis cultus, 56). Teve uma pátria, pertenceu a um povo, aos quais amou e pelos quais sofreu; podemos pensar que Ela experimentou essa realidade humana que é o patriotismo, conhece seu sentido mais profundo. Tendo levado consigo estes valores para o Céu, Ela sabe o que pedir junto de Deus melhor do que o fizera Ester ao rei Assuero: «Só te peço, ó rei, que salves o meu povo» (cf. Est 7, 3).

A certeza de que o patrocínio de Maria, sob o seu título de Aparecida, inclui da parte de Seus súbditos um compromisso de se darem as mãos uns aos outros, no esforço para que o País se converta naquilo mesmo que Maria quer que seja, uma vez que Ela o adoptou como Seu: uma terra onde impere a hospitalidade, a cordialidade, a capacidade de dialogar, de «compor», mais do que «opor».

5. No plano religioso que toca de mais perto a vós, venerados Bispos, é importante o compromisso de assumir com verdadeiro espírito pastoral a imemorial devoção mariana de vosso povo: procurar compreendê-la em seu enraizamento mais profundo, desvendar seus valores, captar seu significado, acolhê-la, purificando-a e orientando-a. Muito depende da atitude dos Pastores e agentes de pastoral que essa devoção seja para o povo um caminho para o encontro, na fé, com Deus em Jesus Cristo.

Ajudem, pois, os fiéis a viverem sua devoção mariana como um claro e corajoso testemunho de amor a Cristo, que manifeste a identidade pessoal e comunitária dos católicos, contra o perigo do secularismo e do consumismo, e ao mesmo tempo favoreça nas famílias a prática das virtudes cristãs. De igual modo, esta devoção ajudará a consolidar os vínculos de comunhão com os Pastores da Igreja de Cristo, enfrentando a desagregação da fé, fomentada tantas vezes pelo proselitismo das seitas. A história ensina que Maria é a verdadeira salvaguarda da fé; em cada crise, a Igreja reúne-se à volta d'Ela. Só assim os discípulos do Senhor poderão ser para os outros sal da terra a luz do mundo (cf. Mt 5, 13.14).

6. Feliz do povo, cujo Senhor é Deus, cuja Rainha é a Mãe de Deus!» Assim proclamava o Papa Pio XII e assim poderá exclamar essa dileta arquidiocese de Aparecida, se devidamente souber voltar os olhos para Aquela que gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. É que a missão essencial da Igreja consiste precisamente em fazer nascer Cristo no coração dos fiéis (cf. Lumen gentium, 65) pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização.

Queridos Irmãos e Irmãs, confio todas e cada uma das Comunidades eclesiais brasileiras à proteção de Nossa Senhora Aparecida, para que permaneçam fiéis na pureza da fé, corroboradas na esperança, generosas na caridade. A Ela suplico que lhes infunda um maior dinamismo, fazendo de cada cristão um verdadeiro apóstolo. Como demonstração do meu grande afeto, concedo-vos a implorada Bênção Apostólica.

Castelgandolfo, 17 de julho - memória do Bv. Inácio de Azevedo e Companheiros Mártires do Brasil - de 2004.

IOANNES PAULUS II

[01398-06.01] [Texto original: Português]

[B0436-XX.01]