É com prazer que vos dou as boas-vindas e vos felicito pela ação meritória que desenvolveis a favor dos migrantes que atravessam o Mar Mediterrâneo e dos que percorrem a rota balcânica. Obrigado! Com efeito, o salvamento daqueles que correm o risco de se afundar em barcos miseráveis, como o primeiro acolhimento daqueles que chegam à Europa no final de longas viagens com perigos de todos os tipos, é uma obra mais  necessária do que nunca. A ação levada a cabo pela vossa organização visa salvar vidas humanas: vidas de pessoas em fuga de locais onde grassam graves conflitos, que muitas vezes desencadeiam crises humanitárias e implicam também a violação de direitos humanos fundamentais.

Perante o drama dos migrantes forçados, que infelizmente se torna por vezes uma tragédia, vós não ficastes indiferentes, mas perguntastes-vos: eu, nós, o que podemos fazer? Vós não olhais para o outro lado. Na base desta atitude está a convicção de que cada ser humano é único e a sua dignidade é inviolável, independentemente da sua nacionalidade, cor da pele, opinião política ou religião.

Infelizmente, muitas vezes não é esse o caso e muitas vidas são exploradas, rejeitadas, abusadas, reduzidas à escravidão. E perante a vastidão e a complexidade do fenómeno migratório, as Autoridades civis nem sempre conseguem enfrentá-lo plenamente, segundo as suas responsabilidades.

Seja bem-vinda, então, a ação daqueles que não se limitam a observar as coisas, criticando de longe, mas que se põem em jogo, oferecendo um pouco do seu tempo, do seu engenho e dos seus recursos para aliviar os sofrimentos dos migrantes, para os salvar, acolher e integrar. O migrante deve ser acolhido, acompanhado, promovido e integrado. Esta generosidade, esta diligência, está em sintonia com o Evangelho, que convida a fazer o bem a todos e especialmente aos últimos, aos mais pobres, aos mais abandonados, aos doentes, às pessoas em perigo.

Queridos amigos, queridas amigas, ide em frente! Que Maria, Socorro dos migrantes, vos ajude no vosso trabalho. Abençoo-vos e acompanho-vos com a oração. E vós também, por favor, rezai por mim. Obrigado!

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L'Osservatore Romano, Edição semanal em português, Ano LV, número 51, quinta-feira 19 de dezembro de 2024, p. 8.