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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
AOS PARTICIPANTES DO II ENCONTRO INTERNACIONAL
DE REITORES E AGENTES PASTORAIS DOS SANTUÁRIOS   

Sala Paulo VI
Sábado, 11 de novembro de 2023

[Multimídia]

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Dou-vos as boas-vindas por ocasião do vosso segundo Encontro internacional, porque conheceis bem a minha preocupação com a vida dos Santuários. Agradeço a Sua Excelência D. Fisichella por esta iniciativa e pelos esforços do Dicastério na pastoral dos Santuários. São lugares especiais, onde o santo povo fiel de Deus se reúne para rezar, ser consolado e olhar para o futuro com maior confiança.

Vai-se ao Santuário sobretudo para rezar . Da nossa parte, é necessário que tenhamos sempre presente que os nossos Santuários são verdadeiramente lugares privilegiados de oração. Sei o cuidado com que neles se celebra a santa Eucaristia e os esforços dedicados ao sacramento da Reconciliação. Recomendo que, na escolha dos sacerdotes para as confissões, haja um bom discernimento, a fim de que não aconteça que quantos se aproximam do confessionário atraídos pela misericórdia do Pai encontrem obstáculos para experimentar a plena reconciliação. O Sacramento da Reconciliação é perdoar, perdoar sempre! Não pode acontecer, sobretudo nos Santuários, que encontrem obstáculos, pois neles a misericórdia de Deus deve ser expressa de modo superabundante, pela sua própria natureza. É assim que os fiéis os veem, com razão: como lugares especiais onde encontrar a graça de Deus. Perdoar sempre, como o Pai perdoa. Perdoar!

Na história de cada Santuário, é fácil tocar a fé do nosso povo fiel, que se mantém viva e é alimentada pela oração, principalmente pelo Rosário, que ajuda a rezar através da meditação dos mistérios da vida de Jesus e da Virgem Maria. Entrar espiritualmente nestes mistérios, sentir-se parte viva do que constitui a nossa história de salvação, é um dócil compromisso que dá sabor de Evangelho à vida diária.

É importante que se preste atenção especial à adoração nos Santuários. Perdemos um pouco o sentido da adoração, devemos recuperá-lo. Talvez tenhamos que constatar que o ambiente e a atmosfera das nossas igrejas nem sempre nos convidam a reunir-nos e a adorar. Fomentar nos peregrinos a experiência do silêncio contemplativo — e isto não é fácil! — do silêncio adorador, significa ajudá-los a fixar o olhar no essencial da fé. A adoração não é afastamento da vida, mas espaço para dar sentido a tudo, para receber o dom do amor de Deus e poder testemunhá-lo na caridade fraterna. Podemos fazer esta pergunta: “Quanto a mim, estou habituado à prece de adoração?”. É importante responder.

Também se vai aos Santuários para ser consolado. O mistério da consolação! Quantas pessoas lá vão porque trazem no espírito e no corpo um fardo, uma dor, uma preocupação! A doença de um ente querido, a perda de um familiar, tantas situações da vida são muitas vezes causa de solidão e de tristeza, que são colocadas no altar e aguardam uma resposta. A consolação não é uma ideia abstrata, não é feita sobretudo de palavras, mas de proximidade compassiva e terna que inclui a dor e o sofrimento. É este o estilo de Deus: próximo, compassivo e terno. É este o estilo do Senhor! Consolar é tornar tangível a misericórdia de Deus; por isso, nos nossos Santuários não pode faltar o serviço da consolação. Quem cuida do Santuário deve fazer suas as palavras do Apóstolo: «Ele consola-nos em todas as nossas aflições, para que também nós possamos consolar quantos enfrentam qualquer tipo de aflição com a mesma consolação com que nós próprios somos consolados por Deus» (2 Cor  1, 4). Uma, duas, três, quatro vezes em duas linhas a palavra consolação ou consolar: este texto de Paulo é denso! Posso ser um sinal eficaz de consolação, na medida em que fizer pessoalmente a experiência de ser consolado pelo sofrimento salvador de Jesus e nele encontrar refúgio. Não o esqueçamos! Na nossa história, cada um de nós tem momentos difíceis, momentos negativos, em que o Senhor nos consola. Não o esqueçamos. Recordar-nos da nossa experiência de consolação ajudar-nos-á a consolar os outros. E esta experiência passa pela maternidade de Maria, a “Consolada” por excelência. Que a consolação e a misericórdia abundem nos nossos Santuários!

Em síntese, vamos ao Santuário a fim de olhar para o futuro com mais confiança . O peregrino precisa de esperança. Procura-a no próprio ato de peregrinar: põe-se a caminho em busca de um destino seguro a alcançar. Pede esperança com a sua oração, porque sabe que só uma fé simples e humilde pode obter a graça de que necessita. Depois, é importante que, regressando a casa, compreenda que foi atendido e se sinta cheio de serenidade porque depositou a sua confiança em Deus. Nos nossos Santuários, há grande atenção ao acolhimento — por favor, não vos esqueçais disto: acolher bem os peregrinos — e com razão! Ao mesmo tempo, é preciso prestar a mesma atenção pastoral ao momento em que o peregrino deixa o santuário para regressar à sua vida de todos os dias: receba palavras e sinais de esperança, a fim de que a peregrinação que fez atinja o seu pleno significado.

Desejo que o próximo ano, em preparação para o Jubileu de 2025, seja inteiramente dedicado à oração. Em breve serão publicados subsídios  que podem ajudar a redescobrir a centralidade da oração. Recomendo-os: serão uma boa leitura, estimulando-nos a rezar com simplicidade e segundo o coração de Cristo. Renovemos todos os dias a alegria e o compromisso de sermos homens e mulheres de oração. Rezar com o coração, não como papagaios. Não. De coração! Que as palavras pronunciadas venham do coração. Vós, nos Santuários, fá-lo-eis através da espiritualidade típica que os distingue.

Que de todos os Santuários se eleve um cântico de ação de graças ao Senhor pelas maravilhas que realiza também na nossa época. E imploremos a intercessão da Mãe de Deus para que, nestes tempos conturbados, muitos dos nossos irmãos e irmãs que sofrem possam encontrar paz e esperança!

Acompanho-vos com a minha Bênção. E peço-vos, por favor, que nos vossos Santuários vos lembreis de rezar também por mim. Obrigado!



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