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 DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
 NA INAUGURAÇÃO DO MUSEU "ANIMA MUNDI"
 E DA MOSTRA SOBRE A AMAZÔNIA
 NOS MUSEUS DO VATICANO

Sexta-feira, 18 de outubro de 2019

[Multimídia]


 

Queridos amigos!

Saúdo-vos cordialmente e agradeço ao Cardeal Bertello as suas palavras. Gosto de pensar que o que estamos a inaugurar hoje não é simplesmente um Museu, no seu conceito tradicional. Na verdade, achei apropriado o nome escolhido para esta coleção evocativa: Anima mundi. A alma do mundo.

Penso que os Museus do Vaticano são chamados a tornar-se cada vez mais uma “casa” viva, habitada e aberta a todos, com portas abertas aos povos de todo o mundo. Museus do Vaticano abertos a todos, sem encerramento. Um lugar onde todos possam sentir-se representados; onde sentir concretamente que o olhar da Igreja não conhece exclusões.

Aqueles que entram aqui devem sentir que há lugar nesta casa também para eles, para o seu povo, a sua tradição, a sua cultura: o europeu como o índio, o chinês como o nativo da floresta amazónica ou congolesa, do Alasca ou dos desertos australianos ou das ilhas do Pacífico. Todos os povos estão aqui, à sombra da cúpula de São Pedro, perto do coração da Igreja e do Papa. E isto porque a arte não é uma coisa desenraizada: a arte nasce do coração do povo. É uma mensagem: do coração dos povos ao coração dos povos.

Aqui também deverá sentir que a “sua” arte tem o mesmo valor e é cuidada e preservada com a mesma paixão com que se tratam as obras-primas do Renascimento ou as esculturas gregas e romanas imortais, que atraem milhões de pessoas todos os anos. Aqui encontrará um espaço especial: o espaço do diálogo, da abertura ao outro, do encontro.

Aprecio que esta exposição, pela qual agradeço a quantos nela trabalharam — curadores, arquitetos, engenheiros e operários, todos! — seja no sinal da transparência. A transparência é um valor importante, especialmente numa instituição eclesial. Precisamos sempre dela! Ao longo do tempo, milhares de obras de todo o mundo encontrarão espaço nestas vitrinas, e este tipo de colocação pretende dispô-las como que em diálogo umas com as outras. E como as obras de arte são a expressão do espírito do povo, a mensagem que recebemos é que devemos olhar sempre para cada cultura, para o outro, com abertura de espírito e benevolência.

A beleza une-nos. Convida-nos a viver a fraternidade humana, contrastando a cultura do ressentimento, do racismo, do nacionalismo, que está sempre à espreita. São culturas seletivas, culturas de números fechados. Há alguns meses, deste museu, partiram rumo a Pequim algumas obras de arte chinesa. E antes disso, outras tinham chegado a alguns países islâmicos... Quantas boas iniciativas podem ser feitas graças à arte, conseguindo superar até as barreiras e as distâncias.

Hoje gostaria de agradecer a quantos, todos os dias, cuidam destas preciosas obras: o Curador do Museu Anima Mundi, Padre Nicola Mapelli, que é um missionário do Pime — e isto é muito coerente! — as restauradoras do Laboratório polimatérico, e todos os que colaboram neste trabalho. Obrigado a todos!

E agradeço também por terdes inaugurado esta nova exposição com uma área especial dedicada à Amazónia, precisamente nos dias em que estamos a viver o Sínodo dedicado a esta região. E por isso agradeço também aos Missionários da Consolata, aos Salesianos, aos Capuchinhos, aos Xaverianos: vários carismas que se encontraram em nome da Amazónia.

Que este Museu Etnológico possa preservar a sua identidade específica ao longo do tempo e recordar a todos o valor da harmonia e da paz entre povos e nações. E que a arte aqui recolhida faça ressoar a voz de Deus naqueles que visitam esta coleção. Muito obrigado!

 



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