VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO MÉXICO
(12-18 DE FEVEREIRO DE 2016)
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
NO VOO DE REGRESSO A ROMA
Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2016
(Padre Lombardi)
Santo Padre, obrigado por estar aqui, como acontece no fim de cada viagem, para uma palavra de síntese, uma vista panorâmica sobre a viagem realizada, e pela sua disponibilidade para responder a muitas perguntas da nossa comunidade internacional. Como habitualmente, pedimos aos diferentes grupos linguísticos para se organizarem e apresentarem algumas perguntas, mas naturalmente começamos pelos colegas do México. Por isso, pedimos-lhe que responda em espanhol aos dois primeiros e, depois, em italiano, porque vários dos colegas entendem melhor.
Então, a primeira pessoa que faz uma pergunta é Maria Eugenia Jimenez Caliz, de «Milenio», que é um grande jornal mexicano.
(Maria Eugenia Jimenez - «Milenio»)
Santo Padre, no México, há milhares de desaparecidos, sendo emblemático o caso dos 43 de Ayotzinapa. Queria perguntar-lhe por que não encontrou os seus familiares e pedir também uma mensagem para as famílias dos milhares de desaparecidos.
(Papa Francisco)
Na realidade, se a senhora ler as intervenções feitas, encontra referências contínuas aos assassinatos, às mortes, à vida arrancada por todos estes gangues do narcotráfico, dos traficantes de seres humanos. Ou seja, verá que falei destes problemas como uma das chagas que faz sofrer o México. Houve qualquer tentativa de receber pessoas; mas eram muitos grupos, até mesmo opostos entre eles, com lutas internas. Então preferi dizer que, na Missa, vê-los-ia a todos: na Missa de Juarez, se preferissem, ou noutra; eu estava aberto a esta possibilidade. Praticamente era impossível receber todos os grupos, que aliás se contrapunham uns aos outros. É uma situação difícil de compreender, para mim – claro – que sou estrangeiro. Mas penso que até mesmo a sociedade mexicana seja vítima de tudo isto: os crimes, o desaparecimento das pessoas, o descarte das pessoas. Nos discursos em que pude, falei disto e a senhora pode constatá-lo. É uma amargura muito grande que trago comigo, porque este povo não merece um drama assim.
Padre Lombardi)
Obrigado. E agora passamos a palavra a Javier Solorzano, de «Canal 11».
(Javier Solorzano - «Canal 11»)
Muito obrigado, Papa Francisco! Muito obrigado! Como sabe, no México, o tema da pedofilia tem raízes muito perigosas, muito dolorosas. O caso do Padre Maciel deixou marcas fortes, sobretudo nas vítimas. Estas continuam a sentir-se não-protegidas pela Igreja; muitas delas continuam a ser pessoas de fé, e algumas até seguiram o sacerdócio. Pergunto-lhe que pensa deste tema, se pensou em algum momento encontrar as vítimas e, em geral, esta ideia de que aos sacerdotes, quando chegam a ser descobertos por um caso desta natureza, o que se lhes faz é mudá-los de paróquia e nada mais. Como vê este tema? E muito obrigado.
(Papa Francisco)
Bem, começo pelo segundo ponto. Um bispo que muda a paróquia a um sacerdote quando se verifica um caso de pedofilia, é um inconsciente, e a melhor coisa que pode fazer é apresentar a renúncia. Está claro? Em segundo lugar, recuando na pergunta: o caso Maciel. Aqui gostaria de prestar homenagem a um homem que lutou, num momento em que não tinha força para se impor, até conseguir impor-se: Ratzinger. O Cardeal Ratzinger – uma salva de palmas para ele! – é um homem que teve na mão toda a documentação. Quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé teve tudo nas suas mãos, fez as investigações e avançou sem se deter… mas não pôde ir mais longe na execução. Contudo, se vos lembrais, dez dias antes da morte de São João Paulo II, naquela Via-Sacra de Sexta-feira Santa, ele disse a toda a Igreja que era necessário limpar as «imundícies» da Igreja. E, na Missa Pro eligendo Pontifice – não era ingénuo, ele sabia que era um candidato –, não se importou com mascarar a sua posição, mas disse exactamente a mesma coisa. Por outras palavras, foi o homem corajoso que ajudou muitos a abrirem esta porta. Por isso quero lembrá-lo, porque às vezes esquecemo-nos daqueles trabalhos escondidos que foram os que prepararam as bases para se destapar a panela. Em terceiro lugar, já se fez bastante trabalho. Falei com o Cardeal Secretário de Estado e também com o grupo dos novos Cardeais conselheiros e, depois de os ter ouvido, decidi nomear um terceiro Secretário-adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé que se ocupe apenas destes casos, porque a Congregação não consegue dar conta de tudo aquilo que ela tem para fazer; ou seja, um que saiba gerir isto. Além disso, foi constituído o Tribunal de Apelo, presidido por D. Scicluna, que se ocupa dos casos de segunda instância, quando se recorre da sentença; de facto, quem examina a primeira instância é a «feria quarta» – assim designada porque se reúne à quarta-feira – da Congregação para a Doutrina da Fé. Quando havia recurso, tornava-se à primeira instância. Isto não estava certo, pelo que se criou o Tribunal de Apelo, já com perfil judicial, com o advogado de defesa. Entretanto é preciso apurar o motivo do considerável atraso que se verifica no tratamento dos casos… porque casos há. Em terceiro lugar, outra realidade que está a trabalhar muito bem é a Comissão para a Tutela dos Menores; não reservada estritamente para os casos de pedofilia, mas para a tutela dos menores. Nesta sede, encontrei-me uma manhã inteira com seis deles – dois alemães, dois irlandeses e dois ingleses – homens e mulheres, abusados, vítimas. E encontrei-me com as vítimas também em Filadélfia: lá, uma manhã, tive um encontro com as vítimas. Em suma, está-se a trabalhar. Entretanto agradeço a Deus que se tenha destapado a panela, mas é preciso continuar a destapá-la e tomar consciência. E, finalmente, quero dizer que é uma monstruosidade, pois um sacerdote é consagrado para conduzir uma criança até Deus, mas assim «come-a» num sacrifício diabólico, destrói-a. Quanto a Maciel – voltando à Congregação –, fez-se uma ampla intervenção e hoje a Congregação, o governo da Congregação é semi-comissariado, ou seja, o Superior Geral é eleito pelo Conselho, pelo Capítulo Geral, mas quem elege o Vigário é Papa. Dois conselheiros gerais são eleitos pelo Capítulo Geral e o Papa elege outros dois, para ajudá-los na revisão de contas antigas.
(Padre Lombardi)
Obrigado.
(Papa Francisco)
Quem não percebeu, peça a um espanhol que lhe explique o que eu disse.
(Padre Lombardi)
Agora damos a palavra a Phil Pulella, da «Reuters», que todos os nossos colegas conhecem muito bem.
(Phil Pulella, «Reuters»)
Boa noite, Santidade! Hoje falou de forma muito eloquente sobre os problemas dos imigrantes. Entretanto, do outro lado da fronteira, está em marcha uma campanha eleitoral bastante dura; numa entrevista recente um dos candidatos à Casa Branca, o republicano Donald Trump, afirmou que o Papa é um homem político, chegando a dizer que talvez seja um peão, um instrumento do governo mexicano para a política de imigração. Declarou que, se for eleito, quer construir 2.500 km de muro ao longo da fronteira; quer deportar 11 milhões de imigrantes ilegais, separando assim as famílias, etc. Então, queria perguntar-lhe, antes de mais nada, que pensa destas acusas contra si e, se um católico norte-americano, pode votar em tal pessoa.
(Papa Francisco)
Bem, graças a Deus, que disse que sou político, porque Aristóteles define a pessoa humana como «animal politicum». Pelo menos sou uma pessoa humana! Quanto a ser um peão, bem, talvez seja melhor nem comentar… deixo isso ao vosso juízo, ao juízo das pessoas. E, depois, uma pessoa que só pensa em fazer muros, onde quer que seja, e não em fazer pontes, não é cristã. Isto não está no Evangelho. Quanto àquilo que me perguntava sobre o conselho que daria de votar ou não votar: não me intrometo. Digo apenas: se diz estas coisas, este homem não é cristão. É preciso ver se ele disse estas coisas; por isso lhe dou o benefício da dúvida.
(Padre Lombardi)
Muito obrigado. Agora damos a palavra a Jean-Louis de la Vaissière, da «France Presse»; representa o grupo francês.
(Jean-Louis de la Vaissière, «France Presse»)
O encontro com o Patriarca russo Kirill e a assinatura duma Declaração Conjunta foram saudados no mundo inteiro como um passo histórico. Mas agora, hoje mesmo, na Ucrânia os greco-católicos sentem-se traídos e falam dum «documento político», de apoio à política russa. No terreno, reacendeu-se a guerra das palavras. Santo Padre, pensa poder ir a Moscovo? Foi convidado pelo Patriarca? Ou, talvez, ir a Creta para saudar o Concílio Pan-Ortodoxo, na Primavera?
(Papa Francisco)
Começo pelo fim. Estarei lá presente espiritualmente e com uma mensagem. Gostaria de ir saudá-los ao Concílio Pan-Ortodoxo: são irmãos; mas devo respeitar. Entretanto sei que eles querem convidar observadores católicos, e isto é uma bela ponte; por detrás dos observadores católicos, estarei eu, rezando e formulando os melhores votos para que os ortodoxos continuem sempre para diante, pois são irmãos e os seus bispos são bispos como nós. Quanto a Kirill, o meu irmão: beijámo-nos, abraçámo-nos e seguiu-se um colóquio de uma hora...
(Padre Lombardi)
...duas horas!
(Papa Francisco)
...duas horas! Duas horas, durante as quais falámos como irmãos, sinceramente, e ninguém sabe as coisas que abordámos; apenas o que dissemos no fim, publicamente, a propósito do que sentimos durante o colóquio. Terceiro: aquele artigo, aquelas declarações na Ucrânia. Quando li aquilo, fiquei um pouco preocupado ao ver que teria sido precisamente Svjatoslav Ševčuk quem disse que o povo ucraniano, ou alguns ucranianos, ou muitos ucranianos se sentem profundamente decepcionados e traídos. Antes de mais nada, conheço bem Svjatoslav: trabalhámos juntos em Buenos Aires, durante quatro anos. Quando foi eleito Arcebispo-Mor – tinha 42 anos, um homem bom! –, voltou a Buenos Aires para levar as suas coisas. Veio ter comigo e ofereceu-me um ícone – assim pequeno – de Nossa Senhora da Ternura e disse-me: «Este ícone acompanhou-me a vida inteira: quero deixá-lo a ti que me acompanhaste durante estes quatro anos». É uma das poucas coisas que trouxe de Buenos Aires e tenho-o na minha mesa. É um homem por quem tenho respeito e também familiaridade – tratamo-nos por «tu» – e, por isso, pareceu-me um pouco estranho. E lembrei-me de algo que já vos disse a vós: para compreender uma notícia, uma declaração, é preciso procurar hermenêutica do conjunto. Quando disse isso? Foi dito numa declaração do passado dia 14 de Fevereiro, domingo, domingo passado. Uma entrevista que deu, registada pelo Padre... (não me lembro do nome!), um sacerdote ucraniano; registada e publicada na Ucrânia. A notícia [do Encontro e da Declaração Conjunta] – numa entrevista de pouco mais de duas páginas – aquela notícia aparece no antepenúltimo parágrafo (pequeno assim!). Li a entrevista e posso dizer isto: Ševčuk declara-se – e é a parte dogmática – filho da Igreja, em comunhão com o Bispo de Roma, com a Igreja; fala do Papa, da solidariedade do Papa, e dele, da sua fé, e também da fé do povo ortodoxo. Na parte dogmática, nenhuma dificuldade: é ortodoxa no bom sentido da palavra, isto é, doutrina católica. Depois, como em todas as entrevistas – nesta, por exemplo –, cada um tem o direito de dizer as suas coisas, mas isto não o fez em relação ao Encontro pois a propósito deste afirma: «É uma coisa boa e devemos avançar». Neste segundo capítulo, aparecem as ideias pessoais que uma pessoa tem. Por exemplo, uma coisa é aquilo que eu disse sobre os bispos que mudam de paróquia os padres pedófilos – o melhor que podem fazer é demitir-se –, não é uma coisa dogmática, mas aquilo que eu penso. E, de igual modo, ele tem as suas ideias pessoais, sobre as quais se pode dialogar, e tem direito a tê-las. Tudo o que ele diz sobre o documento: aqui estaria o problema. Sobre o facto do encontro, diz: «Isto vem do Senhor, do Espírito que caminha, o abraço...»: está tudo bem. E o Documento? É um documento discutível. E há outra coisa a acrescentar: a Ucrânia está num período de guerra, de sofrimento, com muitas interpretações. Eu nomeei muitas vezes o povo ucraniano, pedindo orações e solidariedade, tanto no «Angelus» como nas Audiências de quarta-feira. Mas, sobre o facto histórico duma guerra, cada um tem a sua ideia: Como é esta guerra? Quem começou? Como se faz? Como não se faz? É claro que se trata de um problema histórico, mas também um problema existencial daquele país… e fala do sofrimento. E, neste contexto, eu insiro este parágrafo, compreende-se aquilo que dizem os fiéis... Porque Svjatoslav diz: «Muitos crentes telefonaram-me, ou escreveram, dizendo que se sentem profundamente decepcionados e traídos por Roma». Compreende-se que um povo naquela situação sinta isto. O Documento é opinável sobre esta questão da Ucrânia, mas nele pede-se que cesse a guerra e tudo se resolva por acordos. Eu mesmo almejei pessoalmente que os Acordos de Minsk valham, e não se apague com o cotovelo aquilo que foi escrito à mão. A Igreja de Roma, o Papa sempre disse: «Procurai a paz». Recebi ambos os Presidentes. E por isso, quando ele diz que ouviu isto do seu povo, eu compreendo, compreendo-o. Mas isto não é «a» notícia. A notícia é tudo. Se lerdes toda a entrevista, vereis que há coisas dogmáticas sérias, que permanecem; há um desejo de unidade, de avançar, ecuménico: ele é um homem ecuménico. E há algumas opiniões. Ele escreveu-me, quando se soube da viagem, do encontro, mas como um irmão, dando as suas opiniões de irmão. A mim não me desagrada o Documento, assim como está; não me desagrada no sentido de que devemos respeitar as coisas que cada um tem a liberdade de pensar e… naquela situação tão difícil. E da parte de Roma? Agora o Núncio está na fronteira onde se combate, ajudando os soldados, os feridos; a Igreja de Roma enviou muita ajuda, tanta ajuda para lá. E sempre anima a buscar a paz, os acordos. Seja respeitado o Acordo de Minsk. Isto é o conjunto; não é preciso assustar-se com aquela frase. Esta é uma lição: uma notícia deve ser interpretada com a hermenêutica do conjunto, e não duma parte só.
(Jean-Louis de la Vaissière)
O Patriarca Kirill convidou-o para ir a Moscovo, ir uma vez?
(Papa Francisco)
O Patriarca Kirill... Eu preferiria não falar, porque, se digo uma coisa, terei de dizer outra, outra e outra. Preferiria que aquilo de que falamos a sós seja apenas o que dissemos em público. O que dissemos em público é um dado. Mas, se digo uma coisa, deveria dizer outra… e não! Aquilo que eu disse em público, aquilo que ele disse em público, isso é o que se pode dizer do colóquio privado. Caso contrário, não seria privado. Mas posso dizer-lhe: eu saí de lá feliz. E ele também.
(Padre Lombardi)
Muito obrigado por esta ampla resposta sobre um tema fundamental. Agora damos a palavra a Carlo Marroni, que representa o grupo italiano, sendo enviado de «Il Sole 24 Ore».
(Carlo Marroni, «Il Sole 24 Ore»)
Santo Padre, a minha pergunta é sobre a família, um tema que abordou nesta viagem. No Parlamento Italiano, está em discussão a lei sobre as uniões civis, tema que está levando a fortes discrepâncias na política, mas também a um forte debate na sociedade e entre os católicos. Em particular, queria saber que pensa sobre o tema das adopções por parte das uniões civis e, consequentemente, sobre os direitos das crianças e dos filhos em geral. Obrigado.
(Papa Francisco)
Antes de mais nada, não sei como estão as coisas no Parlamento Italiano. O Papa não se intromete na política italiana. Na primeira reunião que tive com os Bispos [italianos], em Maio de 2013, uma das três coisas que disse foi esta: «Com o governo italiano, entendei-vos vós!» Porque o Papa é para todos, e não pode entrar na política concreta, interna dum país: o papel do Papa não é este. E aquilo que penso eu é o que pensa a Igreja; e já o disse em tantas ocasiões. Porque este não é o primeiro país que faz esta experiência: são muitos. Penso aquilo que a Igreja sempre disse.
(Padre Lombardi)
Obrigado. E agora damos a palavra a Paloma Garcia Ovejero, da «Cope», espanhola, como o Papa bem sabe.
(Paloma Garcia Ovejero, «Cope»)
Santo Padre, já desde algumas semanas que há muita preocupação em vários países latino-americanos, mas também na Europa, com o vírus «Zika». O maior risco seria para as mulheres grávidas: há angústia. Algumas autoridades propuseram o aborto, ou então evitar a gravidez. Neste caso, a Igreja pode tomar em consideração o conceito de «mal menor»?
(Papa Francisco)
O aborto não é um «mal menor». É um crime. É eliminar uma pessoa para salvar outra. É aquilo que faz a máfia. É um crime, é um mal absoluto. Quanto à aplicação do «mal menor» ao evitar a gravidez: falamos em termos de conflito entre o quinto e o sexto mandamento. Paulo VI – o grande! –, numa situação difícil, na África, permitiu às Irmãs usar contraceptivos para os casos de violência. É preciso não confundir o mal de apenas evitar a gravidez com o mal do aborto. O aborto não é um problema teológico: é um problema humano, é um problema médico. Mata-se uma pessoa para salvar outra (na melhor das hipóteses!) ou para nossa comodidade. É contra o Juramento de Hipócrates, que os médicos devem fazer. É mal em si mesmo, não um mal religioso – na raiz, não; é um mal humano. E, obviamente, uma vez que é um mal humano – como cada assassinato – é condenável. Caso diferente é evitar a gravidez, que não é um mal absoluto, e em certos casos – como aquele que mencionei do Beato Papa Paulo VI – era claro. Dito isto, gostaria de animar os médicos para que façam o máximo possível por encontrar as vacinas contra estas duas melgas portadoras deste mal: nisto, há que trabalhar. Obrigado!
(Padre Lombardi)
Obrigado. Agora, chamamos a intervir Ludwig Ring-Eifel, que é da agência católica alemã de informação «Kna».
(Ludwig Ring-Eifel, «Kna»)
Santidade, dentro de poucas semanas, receberá o Prémio Carlos Magno, um dos prémios mais prestigiosos da Comunidade Europeia. Também o seu predecessor, São João Paulo II, recebeu este prémio: e gostou muito. E tinha a peito também a unidade europeia, que agora parece um pouco comprometida, primeiro, com a crise do euro e, agora, com a crise dos refugiados. Será que o Papa tem uma palavra para nós, nesta situação de crise na Europa? Obrigado.
(Papa Francesco)
Em primeiro lugar, o Prémio Carlos Magno. Eu tinha o hábito de não aceitar honorificências nem doutorados; sempre fui assim, não por humildade, mas porque não gosto destas coisas. Um pouco de estultícia é bom tê-la…, e disso não gosto! Mas neste caso fui, não digo «forçado», mas «convencido» com a santa e teológica obstinação do Cardeal Kasper, que foi escolhido por Aachen para me convencer. E eu disse: «Sim, mas no Vaticano». Disse isso; e ofereço-o pela Europa: seja uma con-decoração, um prémio para que a Europa possa fazer aquilo que lhe almejei em Estrasburgo: possa ser, não a «avó-Europa», mas a «mãe-Europa». Em segundo lugar, a crise. No outro dia, ao ler as notícias sobre estas crises – leio pouco, limito-me a folhear um jornal (não digo o nome, para não despertar ciúmes, mas é sabido), olho-o quinze minutos e, depois, recebo a informação da Secretaria de Estado – vi uma expressão de que gostei (não sei quem a aprova e quem não, mas gostei): «a refundação da União Europeia». E pensei nos grandes Pais dela... Mas onde há, hoje, um Schuman, um Adenauer? Estes grandes, que no pós-guerra fundaram a União Europeia. Gosto desta ideia de refundação: talvez se possa fazer! Com efeito, eu não quero dizer que a Europa seja única, mas tem uma força, uma cultura, uma história que não se pode desperdiçar, e temos de fazer todo o possível para que a União Europeia tenha a força e também a inspiração para nos fazer avançar. Não sei; isto é o que penso.
(Padre Lombardi)
Obrigado. Agora damos a palavra a Anne Thompson, de «Nbc News». Estamos na América, estamos a passar por cima da América; a ela, a palavra.
(Anne Thompson, «Nbc News»)
Obrigado, Padre Lombardi. Matteo dar-me-á uma ajuda... Santo Padre, nesta viagem, falou muito de famílias e do Ano da Misericórdia. Alguns questionam-se como possa uma Igreja que afirma ser «misericordiosa» perdoar mais facilmente um assassino do que quem divorcia e volta a casar…
(Papa Francesco)
Gosto da pergunta! Sobre a família, falaram dois Sínodos e o Papa falou todo o ano nas Catequeses da quarta-feira. E a pergunta é verdadeira; gosto dela, porque a senhora a apresentou plasticamente bem. No documento pós-sinodal que sairá a público talvez antes da Páscoa, num dos capítulos – porque tem bastantes – retoma-se tudo aquilo que disse o Sínodo sobre os conflitos ou sobre as famílias feridas, e a pastoral das famílias feridas. É uma das preocupações. Outra é a preparação para o matrimónio. A senhora pense que, para se tornar sacerdote, há oito anos de estudo, de preparação, e em seguida, depois de algum tempo, se não o consegues ser, pedes a dispensa e sais; e está tudo resolvido. Ao passo que, para fazer um Sacramento que é para toda a vida, temos três ou quatro conferências... A preparação para o matrimónio é muito, muito importante, porque penso que se trata de algo que a Igreja, na pastoral comum – pelo menos no meu país, na América do Sul – não valorizou muito. Por exemplo, no meu país – agora nem tanto, mas há alguns anos atrás –, estávamos habituados ao chamado «casamiento de apuro»: casarem-se à pressa, porque chegava um filho; e para cobrir socialmente a honra da família... Em tais condições, não eram livres, e muitas vezes estes matrimónios são nulos. E eu, como bispo, proibi aos sacerdotes de o fazerem, quando se tratava disso... Deixai que venha a criança, que continuem como namorados e, quando sentirem vontade de se casar para toda a vida, que o façam. Mas há uma carência na [preparação] para o matrimónio. Aparece, depois, outro capítulo muito interessante: a educação dos filhos. As vítimas dos problemas das famílias são os filhos. Mas são vítimas também de problemas da família que nem o marido nem a esposa querem: por exemplo, a necessidade de trabalhar. Quando o pai não tem tempo livre para conversar com os filhos, quando a mãe não tem tempo livre para conversar com os filhos. Quando confesso um casal que tem filhos, pergunto ao cônjuge: «Quantos filhos tens?» Alguns ficam assustados, imaginando: «O padre perguntar-me-á, por que não tenho mais». Mas eu digo: «Far-lhe-ei uma segunda pergunta: brinca com os seus filhos?» E a maioria – quase todos – dizem: «Padre, não tenho tempo; trabalho o dia inteiro». E os filhos são vítimas dum problema social que fere a família. É um problema! Gosto da sua pergunta. E uma terceira coisa interessante! No encontro com as famílias, em Tuxtla, havia um par de re-casados em segunda união, integrados na pastoral da Igreja. Aqui está a palavra-chave que usou o Sínodo e que eu retomarei: «integrar» na vida da Igreja as famílias feridas, as famílias de re-casados e tudo isso. Mas - não esqueçais! – no centro, estão as crianças! São as primeiras vítimas, quer das feridas, quer das condições de pobreza, de trabalho, de tudo isso.
(Anne Thompson, «Nbc News»)
Significa que poderão receber a Comunhão?
(Papa Francisco)
Isso é outra coisa... é o ponto de chegada. Integrar na Igreja não significa «receber a Comunhão»; pois conheço católicos re-casados que vão à igreja, uma ou duas vezes por ano. E dizem: «Mas, eu quero receber a Comunhão!», como se a Comunhão fosse uma honorificência. É um trabalho de integração... todas as portas estão abertas. Mas não se pode dizer: daqui para diante «podem receber a Comunhão». Isto seria uma ferida também para os cônjuges, o casal: não lhes fazer percorrer esta estrada da integração. E aqueles dois eram felizes! Usaram uma frase muito bela: «Não comungamos Jesus eucarístico, mas comungamos Jesus na visita ao hospital, neste e naquele serviço». A sua integração ficou por ali. Se há algo mais, o Senhor di-lo-á a eles, mas... é um caminho, uma estrada…
(Anne Thompson, «Nbc News»)
Obrigado.
(Padre Lombardi)
Agora a pergunta será feita por Antoine-Marie Izoard, ou seja, voltamos ao grupo francês; é o responsável de «Imedia», uma agência de informação católica francesa.
(Antoine-Marie Izoard, «Imedia»)
Santidade, boa noite. Primeiro, permita-me dizer-lhe, brincando, quanto nós, os vaticanistas, somos reféns da agenda do Santo Padre e não podemos brincar com os nossos filhos: sábado há a audiência jubilar, no domingo temos o «Angelus», e de segunda a sexta-feira voa-se a trabalhar. Em segundo lugar, um abraço a Alberto [Gasbarri] que, com o Padre Lombardi, me fez entrar na Rádio Vaticano há 20 anos – estamos em família.
A minha pergunta é um pouco «osée», Santidade! Numerosos meios de comunicação evocaram e fizeram tanto clamor a propósito da «correspondência intensa» entre João Paulo II e a filósofa americana Anna Tymieniecka, que nutria – diz-se – um grande afecto pelo Papa polaco. A seu ver, um Papa pode ter uma relação tão íntima com uma mulher? E (se me permite!) o Santo Padre, que mantém uma importante correspondência, conhece – ou conheceu – este tipo de experiência?
(Papa Francisco)
Eu já sabia da relação de amizade entre São João Paulo II e esta filósofa, quando estava em Buenos Aires: era uma coisa sabida, inclusive os livros dela são conhecidos, e João Paulo II era um homem inquieto... A propósito, eu diria que um homem que não sabe ter uma boa relação de amizade com uma mulher (não falo de misóginos! Estes são doentes…) é um homem a quem falta qualquer coisa. E eu, inclusive por experiência pessoal, quando peço um conselho, dirijo-me a um colaborador, a um amigo, um homem, mas gosto também de ouvir o parecer duma mulher. Elas dão-te tanta riqueza! Vêem as coisas de maneira diferente. Gosto de dizer que a mulher é aquela que constrói a vida no ventre, e tem este carisma – mas esta é uma comparação que faço – de dar-te coisas para construir. Uma amizade com uma mulher não é pecado. Falo duma amizade; uma relação amorosa com uma mulher que não seja tua esposa, é pecado. O Papa é um homem; o Papa precisa também do pensamento das mulheres. E o Papa também tem um coração, que pode ter uma amizade sã, santa com uma mulher. Há Santos amigos: Francisco e Clara, Teresa e João da Cruz... Mas as mulheres ainda são um pouco... não bem consideradas, não inteiramente... Não compreendemos o bem que uma mulher pode fazer à vida do padre e da Igreja, na linha de aconselhamento, de ajuda, de uma sã amizade. Obrigado.
(Padre Lombardi)
Muito obrigado. Agora temos Franca Giansoldati, de «Il Messaggero», pelo grupo italiano.
(Franca Giansoldati)
Eu volto ao tema da lei que está a ser votada no Parlamento Italiano: é uma lei que de certo modo tem a ver com outros Estados, porque outros Estados se estão debruçando sobre leis que dizem respeito a uniões entre pessoas do mesmo sexo. Há um documento da Congregação para a Doutrina da Fé – remonta a 2003 – que presta grande atenção a isto e dedica um capítulo ao comportamento que devem ter os parlamentares católicos perante tais leis, dizendo expressamente que os parlamentares católicos não devem votar estas leis. Dado que há muita confusão sobre isto, queria perguntar-lhe, primeiro, se este documento de 2003 ainda tem valor e, efectivamente, que comportamento deve ter um parlamentar católico? E, em seguida, outra coisa: Depois de Moscovo, o Cairo; um outro degelo que se vislumbra ao horizonte? Refiro-me à audiência que Sua Santidade deseja com o «Papa dos sunitas» (chamemo-lo assim!), o Imã de Al-Azhar.
(Papa Francisco)
A propósito, na semana passada, Mons. Ayuso foi ao Cairo encontrar o Vice do Grande Imã e saudar também o Imã. Mons. Ayuso é Secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, presidido pelo Cardeal Tauran. Desejo encontrar o Imã, sei que ele também gostaria, e estamos a procurar o modo, sempre através do Cardeal Tauran, porque esta é a estrada. Mas havemos de o conseguir…
Quanto ao primeiro ponto: não me lembro bem daquele documento de 2003 da Congregação para a Doutrina da Fé. Mas um parlamentar católico deve votar segundo a sua consciência bem formada. Eu diria apenas isto; acho que é suficiente. E digo «bem formada», porque não é a consciência de «aquilo que me parece». Quando foi votado o matrimónio das pessoas do mesmo sexo em Buenos Aires, lembro-me que havia um empate de votos; no fim, um disse para outro: «Mas isto é claro para ti?» - «Não!» - «Nem para mim!» - «Saímos» - «Se sairmos, não atingimos o quórum». E o outro disse: «Mas, se atingimos o quórum, damos o voto a Kirchner!» E o outro: «Prefiro dá-lo a Kirchner que a Bergoglio!»... e continuaram. Esta não é consciência bem formada! E sobre as pessoas do mesmo sexo, repito o que disse na viagem de regresso do Rio de Janeiro e que está no Catecismo da Igreja Católica.
(Padre Lombardi)
Obrigado. Agora temos a última pergunta da série prevista, feita por Javier Martínez Brocal, de «Rome Reports».
(Javier Martínez Brocal, «Rome Reports»)
Santo Padre, muito obrigado por esta viagem ao México: foi uma honra acompanhá-lo e ver o que vimos. Ainda não voltamos a Roma e já estamos a pensar em futuras viagens, a preparar de novo as malas. Santo Padre, quando irá à Argentina, onde o esperam há tanto tempo? E quando voltará à América Latina ou quando irá à China? Depois – um gracejo! – o Santo Padre, durante esta viagem, falou-nos tantas vezes de «sonhar»: O Santo Padre que sonha? E sobretudo qual é o seu pesadelo?
(Papa Francisco)
A China... ir lá. Gostaria imenso!
Quero dizer uma coisa, uma coisa justa, sobre o povo mexicano. É um povo duma riqueza, duma riqueza tão grande que surpreende. Tem uma cultura… milenária. Sabeis que hoje, no México, se falam 65 línguas, contando as indígenas? 65! É um povo duma grande fé, também sofreu perseguições religiosas, existem mártires: irei canonizar dois ou três. É um povo... que não se pode explicar. E um povo não se pode explicar, simplesmente porque o termo «povo» não é uma categoria lógica; é uma categoria mística. E o povo mexicano não se pode explicar: esta riqueza, esta história, esta alegria, esta capacidade festiva, e também… estas tragédias sobre as quais me interrogastes. Eu não sei que dizer! Como conseguiu esta unidade, como conseguiu este povo não falir, não acabar com tantas guerras? E as coisas que sucedem agora... Lá, em Ciudad Juárez, havia um pacto de 12 horas de paz para a minha visita; depois continuarão a lutar entre eles, os traficantes... Um povo que ainda tem esta vitalidade só se explica por Guadalupe. E convido-vos a estudar seriamente o fenómeno de Guadalupe. Nossa Senhora está lá. Eu não encontro outra explicação. Seria bom se vós, como jornalistas... Há alguns livros bons que explicam; explicam também o quadro, como é, que significa... E deste modo poder-se-á compreender um pouco deste este povo tão grande, tão maravilhoso.
(Padre Lombardi)
Obrigado, Santidade. Terminamos a série das perguntas previstas. Havia ainda a senhora Pigozzi que nos queria dizer uma coisa, não sei bem o quê. Agora passamos-lhe o microfone; e depois temos ainda um pequeno apêndice, que diz respeito a uma circunstância que todos nós conhecemos.
(Caroline Pigozzi, de «Paris Match»)
Santo Padre, boa noite. Duas coisas. Queria saber o que pediu à Virgem de Guadalupe, porque ficou muito tempo na igreja a rezar à Virgem de Guadalupe. Depois, a segunda coisa, se o Papa sonha em italiano ou em espanhol?
(Papa Francisco)
Diria que sonho em esperanto... Verdadeiramente não sei como responder a isto. Às vezes sim, lembro-me de qualquer sonho noutra língua; mas sonhar em línguas, não; com figuras, sim. A minha psicologia é assim. Com palavras sonho pouco. E a primeira pergunta, qual era?
(Caroline Pigozzi)
A primeira pergunta: Vossa Santidade esteve muito tempo a rezar a Nossa Senhora...
(Papa Francisco)
Pedi pelo mundo, pela paz... Tantas coisas. Coitada d’Ela! Acabou com a cabeça assim… cheia. Pedi perdão, pedi que a Igreja cresça saudável, pedi pelo povo mexicano. E uma coisa que pedi muito é que os padres sejam verdadeiros padres, e as irmãs verdadeiras irmãs, e os bispos verdadeiros bispos… como o Senhor quer. Isto pedi-Lho tanto! Mas… as coisas que um filho diz à mãe são secretas. Obrigado, Carolina.
(Padre Lombardi)
Então, como sabemos, esta é a última viagem de Alberto Gasbarri, que está aqui connosco, que todos nós conhecemos muito bem e a quem estamos muito gratos pelo serviço que realizou em todas estas viagens. Assim, agora os nossos colegas queriam dizer uma palavra a Alberto e prestar-lhe também uma pequena homenagem. Por todos, fala a nossa decana.
(A decana: Valentina Alazraki)
Procuraremos ter uma boa relação... É verdade, como sabes, que gosto muito de gracejar; mas, neste momento, não consigo, porque me deixa muito triste a ideia de que, na próxima viagem, não esteja Alberto, pelo que não me vem nenhuma frase espiritosa: trata-se de uma daquelas pessoas que é impossível não ver ao lado de Vossa Santidade, nos próximos meses. A primeira vez que eu o vi, foi há 37 anos; tinha mais cabelo, era um pouco mais magro, mas era exactamente a mesma pessoa. Eu chamá-lo-ia «o senhor dos céus»: é a expressão que me vem. É um cavalheiro de outros tempos, não só pelo colete e o seu fato impecável, mas porque vivemos juntos muitíssimas coisas. Ele esteve ao serviço – como se diz na Igreja – de três Papas; houve muitos momentos difíceis, aterragens de emergência, países em guerra... Nunca o vi franzir o olho, nunca uma palavra a mais, nunca um momento de nervosismo, nunca foi rude com ninguém. Verdadeiramente, um senhor. É como um alfaiate: um grande alfaiate que costura, nas costas de três Papas diferentes, as viagens feitas sob medida para cada um deles. No início de João Paulo II – acho que foi quando começou a colaborar com o Padre Tucci depois da saída de Mons. Marcinkus – disse-lhe: «Olha! Este é polaco, é uma cabeça dura e vais vê-las de todas as cores». E acho que foi assim, ao princípio. No final do pontificado, era quase como um filho: não só organizava as viagens, mas permanecia junto de um homem que tinha cada dia sempre mais limitações físicas e ele inventou de tudo – cadeira móvel, plataforma móvel – e víamos com que sentimento, com que angústia às vezes, estava junto dele preocupado para que não caísse, para que estivesse tudo bem. Depois chegou o Papa Bento: até então ele era, digamos assim, o «número dois»; em 2005, o Papa Bento nomeia-o «número um». E creio – mas não sei se me engano – creio que terão sido talvez os oito anos mais tranquilos, mais simples, porque acho que o Papa Bento era mais sereno, mais ordenado, não se afastava um milímetro do protocolo, seguia tudo aquilo que Alberto lhe dizia; era, por assim dizer, mais «dócil».
Depois... chega um furacão, e creio que Alberto teve de fazer outro fato e dizer: «Oh Deus! Quereis ver que também este tem a cabeça dura!» Imagino eu... Seja como for, acho que chegastes de novo a ter uma relação estupenda. Fizemos todas estas viagens, todas, com João Paulo II, com Bento, com Vossa Santidade, verdadeiramente sob medida para cada um dos Papas, porque, no fim de contas – como disse Vossa Santidade – cada Papa é um homem: tem os seus gostos, tem os seus ritmos, tem as suas prioridades, e acho que ele conseguiu interpretar todos os três no melhor dos modos e sempre com uma gentileza, uma calma, uma educação e uma eficiência verdadeiramente extraordinárias. Por isso, verdadeiramente deixa-me muito triste saber que, na próxima viagem, tu não estarás.
(Padre Lombardi)
Quereis explicar os presentes que ofereceis ao Alberto?
(Phil Pulella)
[Phil Pulella apresenta, em tom de brincadeira, a prenda de um porta-chaves em forma de avião e uma miniatura de avião Alitalia]
(Cindy Wooden)
Obrigado, Santidade. Pescámos algumas imagens de Ebu, de Giancarlo Giuliani, da «Associated Press», de «L'Osservatore Romano» e de Paul Haring... Um pouco – digamos – daquilo que representou a «photobombing» dos momentos mais históricos: há um Papa, um presidente – Alberto. Esperamos que goste.
(Dr. Gasbarri)
Posso, Santo Padre?
(Papa Francisco)
Uma palavra apenas! Também eu repito o que disse no princípio: muito obrigado! E deu-me bons conselhos. Só tem um defeito: não sabe calcular bem os quilómetros!
(Dr. Gasbarri)
Obrigado, Santo Padre, obrigado a todos os colegas. Emocionou-me este momento. Naturalmente agradeço ao Papa Francisco a sua confiança e a sua paciência. Conto-vos uma pequena história. Em Novembro, estávamos na África, em Bangui, e o Santo Padre devia encontrar-se com os bispos. Mas vejo que ele ia para a capela, onde não estavam os bispos; e digo-lhe: «Santo Padre, deve encontrar os bispos!» Responde-me: «Vou à capela pedir a Nossa Senhora que me dê muita paciência para suportar Gasbarri». É tudo… [risos] Agora libertei-o duma intenção de oração... [risos] Muito obrigado, Santo Padre; obrigado por tudo. Claro, o meu sentimento de gratidão estende-se ao Papa Bento, com quem mantenho ainda uma relação de estima e veneração, e naturalmente a São João Paulo II, a quem ofereci 27 anos, os melhores da minha vida –era jovem – e provo uma grande afecto por ele. O último agradecimento para o Cardeal Tucci, a quem ainda chamo «Padre», porque, para mim, foi um pai.
(Padre Lombardi)
E dizem-me agora que têm preparado um bolo, como é costume em situações belas como esta. Ei-lo aqui.
(Papa Francisco)
Boa viagem. Muito obrigado pelo vosso trabalho e rezai por mim. Sabeis que estou ao vosso dispor. E brincai com os vossos filhos.
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