Queridos irmãos e irmãs

Tenho aqui o programa do vosso encontro e não posso esconder a alegria que senti há pouco tempo, ao assinar a virtude heroica de Enrique Shaw. Peço-lhe que vos acompanhe neste encontro e que vos faça progredir.

A visão cristã da economia e da sociedade, que é diferente da visão pagã ou da visão ideológica, é cristã e deriva da mensagem de Jesus, das bem-aventuranças, de Mateus 25; é daí que nasce a visão. E na construção de uma comunidade económica e socialmente justa para todos, todos devem participar: sindicalistas e empresários, trabalhadores e dirigentes. Temos que seguir o caminho da economia social. Sejamos realistas, ultimamente a economia, nas últimas décadas, gerou as finanças, e as finanças acarretam o risco de acabar como a corrente de Santo António, pois pensamos que há muito e no final não há nada. Uma inflação de negócios mediáticos — simplifico, pois é muito mais complexo do que isto. Para voltar à economia do concreto, para não perder o concreto. E o concreto é a produção, o trabalho de todos, que não haja falta de trabalho, as famílias, a pátria, a sociedade. O concreto. Numa sociedade onde existe uma margem de pobreza muito grande, é preciso interrogar-se como vai a economia, se é justa, se é social, ou se simplesmente busca interesses pessoais. A economia é social!

E para criar empregos, é importante o poder das Peme  (pequenas e médias empresas, ndr), pois a criatividade vem sempre de baixo. Por conseguinte, progredir rumo ao bem comum, com o gesto de criar empregos. É um desafio, o vosso encontro é um desafio à criatividade. Criar empregos, em tempos de pandemia, trouxe-nos aqui, onde há falta [de trabalho].

Investir no bem comum, não esconder o dinheiro em paraísos fiscais. Investir. Investimento significa dar vida, criar, ser criativo. Saber investir, não esconder. Esconde-se quando a consciência não está limpa ou quando se está zangado. Todos nós sabemos o que se diz no campo, quando a vaca não dá leite: «O que aconteceu com a vaca, por que ela está tão zangada a ponto de “esconder” o leite?». Quando escondemos é porque algo funciona mal. Clareza, transparência e produção. Investir. E, gradualmente, criar a confiança social. É muito difícil construir sem a confiança social. Às vezes os grandes negócios de grandes empresas, ou grandes investidores ou pessoas importantes, põem-se ao redor da mesa e depois de horas chegam a um acordo, assinam-no, e enquanto brindam, quem está à mesa faz outro acordo debaixo da mesa com quem está ao seu lado. Não, com confiança, sem nunca trair a confiança.

Desejo-vos que este encontro sirva para tudo isto. Que Deus vos abençoe e a Virgem vos proteja; sede criativos, audaciosos, e por favor orai também por mim. Obrigado!