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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
A SUA SANTIDADE BARTOLOMEU I,
PATRIARCA ECUMÉNICO POR OCASIÃO
DA FESTA DO APÓSTOLO SANTO ANDRÉ
 

A Sua Santidade Bartolomeu Arcebispo de Constantinopla Patriarca Ecuménico

Santidade, é com profunda alegria que renovo a tradição de enviar uma delegação à solene celebração da festa do Apóstolo Santo André, padroeiro do Patriarcado Ecuménico, com a finalidade de lhe transmitir os meus melhores votos, amado Irmão em Cristo, assim como aos membros do Santo Sínodo, ao clero e a todos os fiéis reunidos para comemorar Santo André. Sinto-me feliz por corresponder deste modo ao seu hábito de enviar uma delegação da Igreja de Constantinopla para a solenidade dos Santos Pedro e Paulo, padroeiros da Igreja de Roma.

O intercâmbio de delegações entre Roma e Constantinopla, por ocasião das respetivas festividades em honra dos irmãos apóstolos Pedro e André, constitui um sinal visível dos profundos vínculos que já nos unem. É também uma expressão do nosso desejo de comunhão cada vez mais profunda, até ao dia em que, se Deus quiser, poderemos dar testemunho do nosso amor recíproco, compartilhando a mesma mesa eucarística. Ao longo deste caminho rumo ao restabelecimento da comunhão eucarística entre nós, somos alimentados pela intercessão não só dos nossos santos padroeiros, mas também da plêiade de mártires de todos os tempos que, «não obstante o drama da divisão [...], conservaram em si mesmos uma união tão radical a Cristo e ao seu Pai, que pôde chegar até ao derramamento do sangue» (Papa São João Paulo II, Ut unum sint, n. 83).

Para os católicos é fonte de autêntico encorajamento que durante o Santo e Grande Concílio, realizado no passado mês de junho em Creta, tenha sido confirmado o forte compromisso a restabelecer a unidade dos cristãos. Sempre fiel à sua tradição, Vossa Santidade permaneceu constantemente consciente das dificuldades existentes no caminho da unidade, e nunca se cansou de fomentar iniciativas destinadas à promoção do encontro e do diálogo. No entanto, a história das relações entre os cristãos foi tristemente marcada por conflitos que deixaram um sulco profundo na memória dos fiéis. É por este motivo que alguns permanecem apegados às atitudes do passado. Nós sabemos que unicamente a oração, as boas obras conjuntas e o diálogo podem tornar-nos capazes de superar a divisão, aproximando-nos cada vez mais uns dos outros.

Graças ao processo de diálogo, durante as últimas décadas os católicos e os ortodoxos começaram a reconhecer-se reciprocamente como irmãos e irmãs, apreciando os dons uns dos outros e, juntos, proclamaram o Evangelho, serviram a humanidade e a causa da paz, promovendo a dignidade do ser humano e o valor inestimável da família, e cuidaram dos mais necessitados, assim como da criação, que é a nossa casa comum. Também o diálogo teológico empreendido pela Comissão mista internacional ofereceu uma contribuição importante para a compreensão recíproca. O recente documento sobre Sinodalidade e Primado no Primeiro Milénio. Rumo a uma compreensão comum, ao serviço da unidade da Igreja, constitui o fruto de um estudo prolongado e intenso por parte dos membros da Comissão mista internacional, aos quais manifesto a minha mais sentida gratidão. Não obstante ainda subsistam numerosas questões abertas, contudo a reflexão comum sobre a relação entre sinodalidade e primado durante o primeiro milénio pode oferecer um fundamento sólido para discernir as maneiras como o primado poderá ser exercido na Igreja, quando todos os cristãos do Oriente e do Ocidente estiverem finalmente reconciliados entre si.

Recordo com profundo afeto o nosso encontro ocorrido recentemente em Assis com outros cristãos e representantes de diversas tradições religiosas, congregados para transmitir um apelo comum em benefício da paz no mundo inteiro. O nosso encontro representou uma feliz oportunidade para aprofundar a nossa amizade, que encontra expressão numa visão compartilhada a propósito das grandes interrogações que dizem respeito à vida da Igreja e da sociedade inteira.

Santidade, estas são algumas das minhas esperanças mais profundas, que desejei manifestar-lhe em espírito de autêntica fraternidade. Enquanto lhe asseguro a minha recordação quotidiana na oração, renovo os meus melhores desejos de paz, de saúde e de bênçãos abundantes, quer para Vossa Santidade quer para todos aqueles que forem confiados aos seus cuidados. É com sentimentos de afeto fraternal e proximidade espiritual que troco com Vossa Santidade um abraço de paz no Senhor.

 

Francisco

 



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