CARTA DO PAPA FRANCISCO
AO PRESIDENTE DA PONTIFÍCIA ACADEMIA ECLESIÁSTICA
Prezado Irmão!
Na conclusão dos trabalhos da recente Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazónica, manifestei o desejo de que os sacerdotes que se preparam para o serviço diplomático da Santa Sé dediquem um ano da sua formação ao compromisso missionário numa Diocese.
Estou convencido de que tal experiência poderá ser útil para todos os jovens que se preparam ou começam o serviço sacerdotal, mas de modo especial para aqueles que no futuro serão chamados a colaborar com os Representantes Pontifícios e, em seguida, poderão tornar-se por sua vez Enviados da Santa Sé junto das Nações e das Igrejas particulares.
Com efeito, como já tive ocasião de recordar à comunidade desta Pontifícia Academia Eclesiástica: «A missão que um dia sereis chamados a desempenhar levar-vos-á a todas as regiões do mundo. À Europa, necessitada de despertar; à África, sequiosa de reconciliação; à América Latina, faminta de alimento e interioridade; à América do Norte, comprometida a descobrir de novo as raízes de uma identidade que não se define a partir da exclusão; à Ásia e à Oceânia, desafiadas pela capacidade de fermentar na diáspora e de dialogar com a vastidão de culturas ancestrais» (25 de junho de 2015).
Para enfrentar positivamente estes desafios crescentes para a Igreja e para o mundo, é necessário que os futuros diplomatas da Santa Sé adquiram, além da sólida formação sacerdotal e pastoral, e da formação específica oferecida por esta Academia, também uma experiência pessoal de missão fora da própria Diocese de origem, partilhando com as Igrejas missionárias um período de caminho juntamente com a sua comunidade, participando na sua atividade evangelizadora de todos os dias.
Portanto, dirijo-me a ti, estimado Irmão, que assumiste recentemente o cargo de Presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica, pedindo-te que realizes este meu desejo de enriquecer o curriculum da formação académica com um ano dedicado inteiramente ao serviço missionário nas Igrejas particulares espalhadas pelo mundo. Esta nova experiência entrará em vigor começando pelos novos alunos que iniciarem a sua formação no próximo ano académico de 2020/2021.
Com a finalidade de elaborar este projeto de modo mais aprofundado e de o iniciar bem será necessário, antes de tudo, uma estreita colaboração com a Secretaria de Estado e, mais precisamente, com o Departamento para os funcionários diplomáticos efetivos da Santa Sé, assim como com os Representantes Pontifícios, que certamente não deixarão de prestar uma ajuda válida para identificar as Igrejas particulares dispostas a receber os estudantes e para seguir de perto esta sua experiência.
Estou certo de que, superadas as preocupações iniciais que possam surgir diante deste novo estilo de formação para os futuros diplomatas da Santa Sé, a experiência missionária que se deseja promover será útil não só para os jovens académicos, mas também para cada uma das Igrejas com as quais eles colaborarão e, assim espero, suscitará noutros sacerdotes da Igreja universal o desejo de se estarem disponíveis para desempenhar um período de serviço missionário fora da sua própria Diocese.
Concluindo, ao confiar à Virgem Maria, Mãe da Igreja, esta nova modalidade de formação dos futuros colaboradores no Serviço diplomático da Santa Sé, transmito com carinho a ti, estimado Irmão, e a toda a comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica, uma cordial saudação e a minha Bênção Apostólica, pedindo-vos que vos recordeis de mim nas vossas orações.
Vaticano, 11 de fevereiro de 2020
Francisco
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