Index   Back Top Print

[ PT ]

PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA CASA SANTA MARTA

Ensinar a adorar

Segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 06 de 8 de fevereiro de 2018

Os cristãos devem aprender a «oração de adoração». E os pastores devem ter a peito a formação dos fiéis nesta fundamental forma de oração, frisou o Papa Francisco na missa celebrada nesta quinta-feira, na qual participou um grupo de párocos nomeados recentemente. Dirigindo-se diretamente a eles, o Pontífice exortou-os: «ensinai o povo a adorar em silêncio» porque «assim aprendem desde agora o que faremos todos lá, quando pela graça de Deus chegarmos ao céu».

A adoração como objetivo do «caminho» do crente esteve no centro da homilia de Francisco, que se inspirou na primeira leitura do dia (1 Rs 8, 1-7.9-13), na qual se narra do rei Salomão que «convoca o seu povo para subir aos montes do Senhor, rumo à cidade, ao templo», levando em procissão a arca da aliança ao Santo dos Santos.

Neste caminho que previa um percurso em subida, difícil — «o caminho fácil é na planície», observou o Papa — o povo levava consigo «a própria história, a memória da eleição, a memória da promessa e a memória da aliança». E com esta carga de memória aproximava-se do templo. Não só: o povo, acrescentou Francisco, levava também «a nudez da aliança», isto é, simplesmente as «duas tábulas de pedra, nua, assim como tinha sido de Deus» e não como a tinham aprendido «dos escribas, que a “barroquizaram” com tantas prescrições». Aquele era o seu tesouro: «a aliança nua: amo-te, amas-me. O primeiro mandamento, amar a Deus; segundo, amar o próximo. Nua».

Depois, continuou o Pontífice, «com aquela memória de eleição, da promessa e da aliança, o povo sobe e leva a aliança. Ao chegar em cima “quando eram todos idosos, levaram a arca, introduziram a arca no santuário e na arca nada havia exceto as duas tábulas de pedra”». Eis a «nudez da aliança». E no excerto bíblico lê-se que «quando os sacerdotes saíram, a nuvem encheu o templo do Senhor». Era «a glória do Senhor» que fazia morada no templo. Naquele momento, explicou o Papa, o «povo entrou em adoração», passando «da memória para a adoração, caminhando em subida». Assim começou a adoração «em silêncio». Eis o percurso realizado pelos Israelitas: «dos sacrifícios que faziam no caminho em subida, ao silêncio, à humilhação da adoração».

Precisamente neste ponto o Pontífice relacionou a palavra de Deus com a realidade atual das comunidades cristãs: «Muitas vezes penso que nós não ensinamos o nosso povo a adorar. Sim, ensinamos-lhe a rezar, a cantar, a louvar a Deus, mas a adorar...». A oração de adoração, disse, «nos aniquila sem nos aniquilar: no aniquilamento da adoração dá-nos nobreza e grandeza».

E àquela experiência na qual se antecipa a vida no céu, acrescentou, só podemos chegar «com a memória de termos sido eleitos, de ter dentro do coração uma promessa que nos impele a ir, com a aliança na mão e no coração». Portanto «sempre a caminho: caminho difícil, em subida, mas rumo à adoração», rumo àquele momento em que «as palavras desaparecem diante da glória de Deus: não se pode falar, não se sabe o que dizer».

As únicas palavras que emergem deste trecho da Escritura serão evidenciadas na liturgia de 6 de fevereiro, na qual prosseguirá a leitura do excerto do livro dos Reis. Ao observar isto o Papa antecipou que o rei «Salomão ousa dizer só duas palavras, no meio da adoração: “Ouve e perdoa”, só isto. Não se pode dizer mais. Adorar em silêncio com toda a história que temos» e pedir a Deus: «Ouve e perdoa».

Concluindo a sua meditação, o Papa sugeriu: «Far-nos-á bem hoje dedicar um pouco de tempo à oração» e fazer «memória do nosso caminho, a memória das graças recebidas, a memória da eleição, da promessa, da aliança». Um percurso interior no qual «se procura subir, rumo à adoração, e no meio da adoração com tanta humildade recitar apenas esta pequena oração: “Ouve e perdoa”».

 



Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana