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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Acções concretas

Quinta-feira, 7 de Maio de 2015

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 20 de 14 de Maio de 2015 

Para distinguir o amor autêntico do falso, «de telenovela», Francisco sugeriu «dois critérios»: primeiro «acções concretas e não palavras», para não ver «um Deus distante» como os gnósticos; depois, «comunicação», porque quem ama nunca está isolado. Seguindo estes dois critérios chega-se a viver o amor como alegria autêntica, garantiu o Papa.

«O Senhor pede-nos que permaneçamos no seu amor», afirmou o Pontífice referindo-se ao trecho do Evangelho (Jo 15, 9-11) proposto pela liturgia do dia, com uma pergunta central: «De que amor se trata?». É o «amor do Pai» como o próprio Jesus nos diz: «Assim como o Pai me ama, também Eu vos amo». Portanto, é «a plenitude do amor: permanecer no amor de Jesus». «É preciso entendê-la bem» a realidade do amor autêntico, explicou. Mas «como é o amor de Jesus? Como posso saber se sinto o amor autêntico?». Francisco indicou «dois critérios que nos ajudam a distinguir». Primeiro: «o amor deve ser demonstrado mais com acções que com palavras». E segundo: «comunicar é uma característica do amor: o amor comunica-se». Só «com estes critérios podemos encontrar o verdadeiro amor de Jesus, nas acções concretas».

Por isso, as acções concretas são essenciais: «Podemos ver uma telenovela, um amor de telenovela: é uma fantasia, são histórias que não nos dizem respeito. Fazem-nos bater um pouco o coração, e nada mais». E Jesus admoestava os seus: «Não os que dizem “Senhor, Senhor!” entrarão no reino dos céus, mas os que tiverem feito a vontade do Pai, observando os meus mandamentos».

Estas palavras levam-nos ao «amor concreto de Jesus». Ele «é concreto nas acções, não nas palavras». Assim, «quando o jovem doutor da lei perguntou a Jesus: “Senhor, qual é o maior mandamento da lei?”, Ele respondeu: “Amarás o teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, e o teu próximo como a ti mesmo”». Mas o jovem «sentiu-se pouco à vontade e não sabia como sair daquela pequena vergonha». E «para sair, fez mais uma pergunta: quem é o meu próximo?». Para o explicar «Jesus narrou a palavra do bom samaritano» e propôs ao jovem: «Faz também tu o mesmo».

Com esta exortação, Jesus mostra que «o verdadeiro amor é concreto nas acções, constante, e não um simples entusiasmo». Ma «muitas vezes é também um amor doloroso: pensemos no amor de Jesus que carrega a cruz». Contudo, «em Mateus 25, Jesus ensina-nos as obras do amor» com palavras claras: «quem ama age assim». É um pouco «o protocolo do juízo: eu tinha fome, tinha sede...».

«Também as bem-aventuranças, como programa pastoral de Jesus, são concretas», disse o Papa. Assim, «o primeiro critério para permanecer no amor de Jesus é que o nosso amor seja concreto, observando os seus mandamentos». Por isso, Francisco recordou que «uma das primeiras heresias no cristianismo foi a do pensamento gnóstico», que via um «Deus distante, não concreto». E «o apóstolo João condena-a: “Eles não crêem que a Palavra se fez carne”». Mas com o seu amor o Pai «foi concreto, enviou o seu Filho que se fez carne para nos salvar». Eis o primeiro critério.

O «segundo critério», é que «o amor se comunica, não permanece isolado: o amor dá-se a si mesmo e recebe; faz-se a comunicação que há entre o Pai e o Filho, a comunicação do Espírito Santo». Por isso, «não há amor sem comunicação, isolado». Alguém poderia dizer que «os monges e as monjas de clausura vivem isolados», mas não é assim, porque «se comunicam muito com o Senhor e com quantos vão ter com elas em busca da palavra de Deus». «O amor autêntico não pode isolar-se», e «se está isolado não é amor», mas «uma forma espiritualista de egoísmo, um fechamento à procura do próprio proveito». Em síntese, é «egoísmo». Assim, «permanecer no amor de Jesus significa estar no amor do Pai que nos enviou Jesus, significa fazer e não só dizer; significa capacidade de dialogar com o Senhor e com os irmãos».

No fundo, observou, «é muito simples, mas não é fácil, porque o egoísmo atrai», levando-nos a não «realizar gestos concretos: atrai-nos a não comunicar». Mas o que diz o Senhor de quem permanece no seu amor? «Disse-vos isto para que a minha alegria permaneça em vós, e para que ela seja plena». Portanto, «o Senhor que permanece no amor do Pai é jubiloso»; e acrescenta: «Se permanecerdes no meu amor, a vossa alegria será total». Trata-se de uma «alegria que muitas vezes vem com a cruz». Mas «como o próprio Jesus disse: ninguém vo-la poderá tirar».

Continuando a missa, «com o Senhor que virá sobre o altar», o Papa pediu a graça de «permanecermos no seu amor com gestos e comunicações»: o Senhor nos conceda «a graça da alegria que o mundo não nos pode dar».

 



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