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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Aqueles que irão primeiro

Terça-feira, 16 de Dezembro de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 51-52 de 25 de Dezembro de 2014

Um «coração arrependido», que sabe reconhecer os próprios pecados, é a condição fundamental para nos encaminharmos pela «estrada da salvação». Então, o «juízo» do Senhor não causará medo mas «esperança». As duas leituras do dia, sobre as quais o Papa Francisco reflectiu têm precisamente a «estrutura de um juízo».

A primeira, tirada do livro do profeta Sofonias (3, 1-2. 9-13) começa até com uma expressão de ameaça: «Ai da cidade que é rebelde, ai da que é impura». Eis o juízo: «ai da cidade tirânica», que «não ouviu o apelo, não aceitou o aviso, nunca confiou no Senhor, não se aproximou do seu Deus». Para estas há a «condenação» que se expressa no termo «ai». Ao contrário, para os outros, há uma promessa: «Darei aos povos lábios puros», escreve o profeta. E prossegue: «Da outra banda dos rios da Etiópia, os meus adoradores virão trazer-me ofertas. Naquele dia não te envergonharás dos pecados que cometeste contra mim».

Sobre quem fala Sofonias? De quem — explicou o Papa — se aproxima «do Senhor porque foi perdoado». São «os salvos»; os outros são os soberbos, que não ouviram a voz do Senhor. Para os arrependidos, que foram capazes de reconhecer: «Sim, somos pecadores» — evidenciou Francisco — o Senhor reservou o perdão.

O povo fiel de Deus apresenta três características: humildade, pobreza e confiança no Senhor. Esta é «a estrada da salvação». Hoje, frisou o Pontífice, acontece o mesmo: «Quando vemos o povo santo de Deus que é humilde, que tem as suas riquezas na fé no Senhor, na confiança no Senhor; o povo humilde, pobre que confia no Senhor», então encontramos «os salvos» porque «este é o caminho» que a Igreja deve percorrer.

Também no Evangelho do dia (Mateus 21, 28-32) encontramos a mesma dinâmica. Jesus propõe «aos chefes dos sacerdotes, aos anciãos do povo», a todas aquelas pessoas «que lhe eram contrárias», um «juízo» sobre o qual reflectir. Apresenta-lhes o caso dos dois filhos aos quais o pai pede para ir trabalhar na vinha. Um responde que não irá. O outro que irá mas depois não vai. Jesus pergunta aos seus interlocutores: «Qual cumpriu a vontade do pai? O primeiro, o que disse não», o «jovem rebelde», ou o segundo? E acrescenta o juízo: «Em verdade vos digo: os publicanos e as meretrizes preceder-vos-ão no reino de Deus». Porque acreditaram. E vós, ao contrário vistes estas coisas mas depois não vos arrependestes».

O Senhor, continuou o Pontífice, «não quer hipócritas que se escandalizam do que dizia Jesus sobre os publicanos e as meretrizes».

Para compreender melhor isto o Pontífice evocou «a vida de um homem santo que era muito generoso e oferecia tudo ao Senhor. E no entanto certa vez o Senhor disse-lhe: «Tu ainda não me deste uma coisa». «Mas Senhor, o quê?» perguntou o santo. E o Senhor respondeu: «os teus pecados».

Eis a lição que o Papa quis evidenciar: «Quando formos capazes de dizer ao Senhor: “estes são os meus pecados, assume-os e assim eu serei salvo”, então «seremos aquele bonito povo humilde e pobre que confia no nome do Senhor».

 


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