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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Mas estou vivo dentro?

Terça-feira, 18 de Novembro de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 47 de 20 de Novembro de 2014

«A Palavra de Deus é capaz de mudar tudo» mas nós «nem sempre temos a coragem de acreditar» nela. O Papa tratou o tema da conversão e, comentando a liturgia do dia, entrou no mérito de três categorias, isto é, de «três chamadas à conversão». Porque, explicou, «converter-se não é um acto da vontade»; a conversão «é uma graça», «uma visita de Deus: é o Filho do Homem que veio salvar-nos»; é Jesus «que bate à nossa porta, ao coração, e diz: “vem”».

Portanto, quais são estas três chamadas? A primeira é mencionada no livro do Apocalipse (3, 1-6, 14-22) onde o Senhor pede a conversão aos cristãos porque se tornaram «tíbios». E explicou: «é o cristianismo, a espiritualidade da comodidade: nem muito, nem pouco», é a atitude de quem diz: «Tranquilo... faço como posso, mas estou em paz, que ninguém venha perturbar-me com coisas estranhas». É o caso de quem afirma: «Nada me falta. Vou à missa aos domingos, rezo algumas vezes, sinto-me bem, estou na “graça de Deus”, sou rico, sinto-me enriquecido com a graça, nada me serve, sou feliz». Este estado de ânimo, frisou Francisco «é pecado: a comodidade espiritual é um estado de pecado». O Senhor, para ajudar a conversão do cristão primeiro usa palavras duras e depois «fala com ternura: “Sê zeloso, converte-te”: esta é «a chamada à conversão, disse o Pontífice. «Estou à porta e bato». Assim, o Senhor dirige-se ao «partido dos cómodos, dos tíbios» e convida a «converter-se da tepidez espiritual, deste estado de mediocridade».

A segunda chamada é a quantos «vivem de aparências». De novo o Apocalipse cita-os: «Acreditas que estás vivo, mas estás morto». O Senhor diz: «“Sê vigilante”, por favor “revigora o que sobrevive e está para morrer”; «recorda como recebeste e ouviste a palavra: conserva-a e converte-te». Então cada um de nós é convidado a questionar-se: «Sou daqueles cristãos de aparência? Estou vivo dentro, tenho uma vida espiritual? Ouço o Espírito Santo?». É preciso «procurar algo vivo dentro e fortalecê-lo para ir em frente». É preciso «converter-se das aparências à realidade. Da tibiez ao fervor».

Por fim a terceira chamada à conversão é a de Zaqueu que, «era o chefe dos publicanos e rico»; um corrupto que «trabalhava para os estrangeiros, para os romanos, traía a sua pátria». Francisco comentou: «Zaqueu não era tíbio, não estava morto. Estava em estado de putrefação. Completamente corrupto» e no entanto diante de Cristo «ouviu algo dentro: “eu gostaria de ver por curiosidade este curador, este profeta que dizem que fala tão bem”». E aqui vê-se a acção do Espírito: «o Espírito Santo é arguto e lança a semente da curiosidade»; e aquele homem para ver Jesus fez algo até «um pouco ridículo»: um «um chefe dos dirigentes» subiu a uma árvore para ver melhor a procissão.

Concluindo, três chamadas à conversão feitas «pelo próprio Jesus»: «aos tíbios, acomodados» depois «aos da aparência, que se consideram ricos mas são pobres» e a quantos «estão além da morte: na corrupção». Esta, concluiu o Papa, «é a conversão» na qual «a Igreja deseja que nestas últimas semanas do ano litúrgico pensemos muito seriamente» a fim de que «possamos continuar no caminho da nossa vida cristã».

 


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