PAPA FRANCISCO
MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE
Quinta-feira, 9 de Outubro de 2014
Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 42 de 16 de Outubro de 2014
«Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá». Solicitado pelo trecho litúrgico do Evangelho de Lucas (11, 9-10), o Papa voltou a meditar sobre o tema da oração, sobre a condição do homem que pede e sobre o amor de Deus que responde e dá em abundância.
Depois de ter recordado as palavras da colecta pronunciadas antes da liturgia da palavra, o Pontífice começou a sua reflexão observando que «é próprio da misericórdia de Deus não só perdoar, mas ser generoso e dar sempre mais...». Meditando em especial sobre a invocação, Francisco frisou: «Talvez na oração peçamos isto e aquilo, mas Ele dá-nos sempre mais!».
Então, seguindo a narração evangélica o Papa recordou que, um pouco antes do trecho proposto pela liturgia, os Apóstolos pediram a Jesus que lhes ensinasse a rezar, como João fizera com os discípulos. «E o Senhor ensinou-lhes o Pai-Nosso». Depois, o Evangelho fala da «generosidade de Deus», da «misericórdia que dá sempre mais do que nós julgamos que se possa fazer».
Francisco entrou no âmago do texto: «Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite... Há três palavras-chave neste trecho: o amigo, o Pai e o dom», uma referência à experiência quotidiana de cada pessoa: na nossa vida temos amigos de ouro, «que dão a vida pelo amigo», e muitos outros mais ou menos bons, mas alguns são amigos de modo mais profundo. Não são numerosos: «A Bíblia diz-nos “um, dois ou três... não mais”.
Seguindo o trecho lucano, o Papa acrescentou: «Vou à sua casa e peço, mas no fim ele sente-se importunado pela intromissão; levanta-se e dá ao amigo aquilo que ele pede». Mas explicou: «Jesus dá um passo em frente e fala do Pai».
Deste modo o Senhor «quer despertar a confiança na oração». Voltando a citar o trecho de Lucas, o Pontífice explicou: «Nisto consiste a oração: em pedir, procurar e bater à porta do Coração de Deus, o amigo que nos acompanha, o Pai» que ama todas as suas criaturas.
No final do trecho, realçou o Papa, há uma frase que «parece um pouco misteriosa: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem!”. «Este é o dom, o suplemento de Deus». E «aquilo que nos dá a mais o Senhor, o Pai, é o Espírito: o verdadeiro dom do Pai é o que a prece não ousa esperar».
O amigo verdadeiro é Jesus: é Ele «que nos acompanha e ensina a rezar. E a nossa oração deve ser trinitária». Trata-se de uma nota importante para o Papa que, concluindo, evocou um diálogo típico que ele manteve muitas vezes com os fiéis: «Crês? Sim! Em que crês? Em Deus! O que é Deus para ti? Deus, Deus!». Um conceito um pouco genérico, abstracto, que para o bispo de Roma não corresponde à realidade, porque «existe o Pai, o Filho, o Espírito Santo: são pessoas, não uma ideia no ar!», «este Deus spray não existe: existem pessoas!».
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