PAPA FRANCISCO
MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE
Jesus não exclui ninguém
Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 19 de 12 de Maio de 2013
Jesus não excluiu ninguém. Construiu pontes, não muros. A sua mensagem de salvação é para todos. Na manhã de 8 de Maio, durante a missa na Domus Sanctae Marthae, o Papa Francisco meditou sobre a atitude do bom evangelizador: aberto a todos, pronto a ouvir todos, sem exclusões. Felizmente, observou, «esta é uma boa fase na vida da Igreja: estes últimos cinquenta, sessenta anos, foram um tempo positivo. Porque recordo-me que quando eu era criança nas famílias católicas, também na minha, se ouvia dizer: «Não, não podemos ir a casa deles, porque não são casados na Igreja». Tratava-se de uma exclusão. Não, não podias ir! Porque são socialistas ou ateus, não podemos ir. Agora, graças a Deus, já não se diz».
O Pontífice propõe o exemplo do apóstolo Paulo que no aerópago (Actos dos Apóstolos, 17, 15.22 — 18,1) anuncia Jesus Cristo entre os adoradores de ídolos. Na opinião do Papa, é importante o modo como o faz: «Ele não diz: «Idólatras, ireis para o inferno...», mas «procura chegar aos seus corações»; desde o início não condena, procura o diálogo: «Paulo é um pontífice, um construtor de pontes. Ele não quer tornar-se um construtor de muros». Construir pontes para anunciar o Evangelho, «esta é a atitude de Paulo em Atenas: edificar uma ponte no coração deles, para depois dar mais um passo e anunciar Jesus Cristo».
Paulo ensina qual deve ser o caminho da evangelização a ser percorrido com coragem. E «quando a Igreja perde esta coragem apostólica, torna-se uma Igreja estagnante. Ordenada, bonita; tudo bom, mas sem fecundidade, porque perdeu a coragem de ir até às periferias, onde vivem muitas pessoas vítimas da idolatria, da mundanidade, do pensamento tíbio». E mesmo se o medo de errar reprime, é necessário pensar que é possível levantar-se e ir em frente. «Quantos não caminham para não errar — concluiu o Papa Francisco — cometem um erro mais grave».
E na missa celebrada na manhã de 7 de Maio, o Papa recordou que a alegria e a força da suportação cristã rejuvenesce o homem e ajuda a aceitar e a viver pacientemente tribulações e dificuldades da vida. Concelebraram os cardeais Angelo Comastri e Jorge Mejia, os prelados Carlos Aguiar Retes, arcebispo de Tlalnepantla no México, e presidente do CELAM, com o auxiliar Efraín Martinez Mendoza; Vittorio Lanzani, delegado da Fábrica de são Pedro; Francisco Javier Chavolla Ramos, bispo de Toluca no México, e Juan José Omella, bispo de Clahorra y La Calzada-Logroño, Espanha.
As leituras do dia — tiradas dos Actos dos Apóstolos (16, 22-24) e do evangelho de João (16, 5-11) — ofereceram ao Papa a ocasião para repropor o espírito de suportação testemunhado pelos primeiros mártires cristãos. A este propósito, recordou o testemunho de Paulo e Silas que, prisioneiros, permaneceram em oração e cantaram hinos a Deus. Os outros prisioneiros escutavam-nos admirados: «espancados e cheios de chagas “cantam, rezam... pessoas meio estranhas!”. Mas eles — explicou o Pontífice — estavam em paz. Eram felizes por ter sofrido em nome de Jesus. Estavam tranquilos. Cantavam, rezavam e sofriam. Naquele momento, eles estavam naquele estado de ânimo tão cristão: o da paciência. Quando Jesus iniciou a estrada da sua Paixão, depois da ceia, “entra na paciência”». Entrar na paciência: é este «o caminho que Jesus ensina a nós, cristãos. Entrar na paciência». Mas isto «não quer dizer ser triste. Não, não, é outra coisa! Isto quer dizer suportar, carregar nos ombros o peso das dificuldades, o peso das contradições e das tribulações».
Um «amigo» que todos os dias se torna para cada um de nós «companheiro de caminho», foi o perfil do Espírito Santo traçado pelo Papa Francisco na missa celebrada na manhã de segunda-feira 6 de Maio, na capela da Domus Sanctae Marthae. Para o conhecer, sobretudo para reconhecer a sua acção na nossa vida «é importante — este é o conselho do Pontífice — fazer o exame de consciência» todas as noites antes de adormecer.
Na missa de 4 de Maio, o Papa Francisco disse que os cristãos são hoje mais perseguidos do que no início da história do cristianismo. A causa originária de cada perseguição é o ódio do príncipe do mundo em relação a quantos foram salvos e remidos por Jesus com a sua morte e ressurreição. As únicas armas para se defender são a palavra de Deus, a humildade e a mansidão. Indicou também um caminho a seguir para aprender a deslindar-se entre as insídias do mundo.
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