APRESENTAÇÃO DOS «LINEAMENTA»
DISCURSO DE S. EX.CIA MONS. NICOLA ETEROVIV
Ć SECRETÁRIO GERAL DO SÍNODO DOS BISPOS Sexta-feira, 4 de Março de 2011 SÍNTESE
«Como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós» (Jo 20, 21). Com estas palavras o Ressuscitado, vitorioso sobre o pecado e a morte, envia os seus discípulos a proclamar a Boa Nova ao mundo inteiro. A Igreja, reunida pelo Espírito Santo, procura cumprir fielmente este mandato durante a sua peregrinação terrena. E, com renovado entusiasmo, deseja continuar tal missão também no tempo presente. Por isso, Bento XVI convocou a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar de 7 a 28 de Outubro de 2012 sobre o tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Segundo o Papa — que quis anunciar pessoalmente a sua convocação no passado dia 24 de Outubro, durante a missa conclusiva do Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente — deveria ser um momento de averiguação do caminho percorrido, para retomar com novo impulso a obra urgente da evangelização do mundo contemporâneo. A decisão do Pontífice foi precedida por dois momentos importantes. Antes de tudo, segundo uma prática já aprovada, solicitou-se aos 13 Sínodos das Igrejas Orientais Católicas sui iuris, às 113 Conferências Episcopais, aos 25 dicastérios da Cúria Romana e à União dos Superiores-gerais, que apresentassem três temas possíveis aos quais dedicar a reflexão sinodal. Nas suas indicações, a maioria dos episcopados propôs a questão da transmissão da fé, processo que nos tempos recentes conheceu muitas dificuldades devido às grandes mudanças sociais, culturais e religiosas. A outra circunstância que influiu na escolha definitiva do tema foi a decisão do Papa de instituir, com o motu proprio Ubiqumque et semper, de 21 de Setembro de 2010, o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. No tema sinodal, portanto, concentram-se a preocupação pastoral sobre a transmissão da fé e a necessidade de uma reflexão acerca da nova evangelização que se impõe, embora de maneiras diferentes, em toda a Igreja. Os Lineamenta — preparados pelo Conselho ordinário da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos — constituem uma etapa importante na preparação da próxima assembleia. A sua finalidade é suscitar a nível da Igreja universal o debate sobre o argumento escolhido. Por este motivo, são publicados em oito línguas: latim, francês, inglês, italiano, polaco, português, espanhol e alemão. E pela mesma razão cada capítulo é acompanhado de uma série de perguntas — 71 no total — para facilitar a reflexão das Igrejas particulares nas suas várias realidades: dioceses, paróquias, congregações, movimentos, associações e grupos de fiéis. Os frutos desta reflexão serão enviados à Secretaria Geral do Sínodo até o dia 1 de Novembro deste ano e em seguida serão sintetizados no documento de trabalho da assembleia, o Instrumentum laboris. Os Lineamenta são divididos em três capítulos — Tempo de «Nova Evangelização», Proclamar o Evangelho de Jesus Cristo e Iniciação à experiência cristã — e oferecem, antes de mais, as razões teológicas e eclesiais do renovado empenho de evangelização empreendido a partir do Concílio Vaticano II. E reafirmam que a Igreja inteira é missionária pela sua natureza. Ela existe para evangelizar. Portanto, para desempenhar tal tarefa de modo adequado, deve começar por evangelizar-se a si mesma, redescobrindo-se disponível à escuta, compreensão, revisão e revitalização do próprio mandato evangelizador, em particular, diante das grandes mudanças do mundo moderno. Ao indicar os cenários, as modalidades e os instrumentos para o novo anúncio do Evangelho, o documento recorda que se trata de um empenho feito próprio e promovido pelos Pontífices Paulo VI, João Paulo II — ao qual se deve a expressão «nova evangelização», utilizada pela primeira vez a 9 de Junho de 1979, durante a missa celebrada em Mogila, na Polónia — e actualmente Bento XVI. Através de tal empenho a Igreja transmite a fé que ela mesma vive e forma o seu anúncio, o seu testemunho e a sua caridade. Os Lineamenta recordam, a este propósito, que o Evangelho não é um livro nem uma doutrina, mas uma pessoa: Jesus Cristo, Palavra definitiva de Deus que se fez homem. Os cristãos, por conseguinte, são convidados a estabelecer uma relação mais estreita com o Senhor, para que digam a razão da sua esperança com um novo estilo comunitário e pessoal: com aquela força suave que vem da união com Cristo e sabe abraçar o pensamento e a acção, a vida das comunidades e o seu impulso missionário, a obra educativa e a actividade caritativa. Cabe a eles indicar novas expressões da evangelização, mais adequadas aos contextos sociais e às culturas actuais em grande mudança. Deste modo a Igreja, conservando a sua natureza missionária, mantém a sua dimensão popular, doméstica, inclusive nos contextos de minoria ou de discriminação. Enfim — sugere o documento — a nova evangelização deveria tornar-se um renovado cenáculo, no qual sob a graça do Espírito a comunidade cristã possa encontrar não um novo Evangelho, mas «uma resposta adequada aos sinais dos tempos, às necessidades dos homens e dos povos de hoje, aos novos cenários que desenham a cultura através da qual dizemos a nossa identidade e procuramos o sentido das nossas vidas».
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