SECRETARIA DE ESTADO CARTA DO CARDEAL TARCISIO BERTONE
Senhor Cardeal! Em nome do Santo Padre dirijo com prazer uma especial saudação a quantos participam nesta solene Assembleia Pública, na qual é atribuído o Prémio das Pontifícias Academias, instituído pelo Servo de Deus João Paulo II, a fim de encorajar jovens estudiosos e Instituições a promover, com os seus estudos ou com as suas iniciativas culturais, o humanismo cristão para o terceiro milénio. Esta importante ocasião, que se renova já há um decénio, constitui também um momento significativo de encontro e de colaboração entre as Pontifícias Academias, reunidas no seu Conselho de Coordenação, organismo instituído para imprimir um novo impulso às mesmas Academias e solicitá-las a um maior compromisso nos campos de sua competência. Sua Santidade, espiritualmente presente, dirige antes de tudo o seu cordial pensamento a Vossa Eminência, Senhor Cardeal, na sua função de Presidente do Conselho de Coordenação entre as Academias Pontifícias, e agradece-lhe sentidamente, assim como aos colaboradores, pela solicitude com que segue o caminho das Pontifícias Academias, finalizado a um objectivo bem definido: promover e defender, na Igreja como também no mundo da cultura e das artes, uma renovada e generosa adaptação aos desafios de humanismo cristão, com que os homens e as mulheres desta nossa época se confrontam quotidianamente. O Santo Padre faz a sua saudação extensiva aos Senhores Cardeais, aos venerados Irmãos no Episcopado, aos Senhores Embaixadores, aos Sacerdotes, aos Responsáveis e aos Membros das Pontifícias Academias e a todos os presentes. O tema pré-escolhido para esta solene Assembleia Pública A Imaculada, Mãe de todos os homens, ícone da beleza e da caridade divina pretende justamente realçar a singular participação da Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe de todos os homens, ao mistério de Deus, mistério excelso de beleza e de caridade. Deus, Uno e Trino, que difunde a sua beleza e a sua caridade no mundo por Ele criado, comunica, de modo particular estas suas qualidades às criaturas humanas por meio do perfeitíssimo Mediador, o seu Filho Jesus Cristo, modelando-as e santificando-as com o poder do Espírito Santo, para que sejam santas e imaculadas diante dele na caridade (cf. Ef 1,4). Maria de Nazaré sobressai entre todas as criaturas como espelho resplandecente da beleza divina porque, tendo sido "preservada" do pecado original e cheia "de graça", está de tal forma animada e repleta da caridade do Espírito Santo, que se tornou protótipo da pessoa humana que, de modo total e sem reserva alguma, acolhe o Filho de Deus tanto no momento trágico da sua Paixão como no da Ressurreição. Permanecendo profundamente unida a Cristo crucificado e ressuscitado, Maria revela-se Mãe de toda a humanidade e, em particular, dos discípulos do Filho. Na sua primeira Carta encíclica Deus caritas est Sua Santidade, fazendo referência precisamente às palavras pronunciadas por Jesus na Cruz: "Eis a tua Mãe" (Jo 19, 27), afirmou que, aos pés da Cruz do Filho, "Maria tornou-se realmente Mãe de todos os crentes. À sua bondade materna e bem assim à sua pureza e beleza virginal, recorrem os homens de todos os tempos e lugares do mundo nas suas necessidades e esperanças, nas suas alegrias e sofrimentos, nos seus momentos de solidão mas também na partilha comunitária; e sempre experimentam o benefício da sua bondade, o amor inexaurível que Ela exala do fundo do seu coração. Os testemunhos de gratidão, tributados a Ela em todos os continentes e culturas, são o reconhecimento daquele amor puro que não busca a si próprio, mas quer simplesmente o bem" (n. 42). A Igreja, que à imitação da Virgem Maria está chamada a acolher o Filho de Deus na história e nas vicissitudes de cada povo e cultura contemplando a singular e luminosa figura de Maria, descobre e compreende sempre melhor a sua identidade de mãe, discípula e mestra. Por isso, o Concílio Vaticano II "ressaltou que a Mãe do Senhor não é figura marginal no âmbito da fé e no panorama da teologia, porque ela, por sua íntima participação na história da salvação, "reúne em si de certa forma e reflecte os mássimos dados da fé"" (Congregação para a Educação Católica, A Virgem Maria na formação intelectual e espiritual, D. 5.; cf. Lumen gentium, 65). Por isso, Maria torna-se "fundamento para o "pensar" cristão" (João Paulo II, Carta aos sacerdotes para a Quinta-Feira Santa, 1995, em L'Osservatore Romano, 8 de Abril de 1995); o seu mistério ilumina-nos no mistério da Igreja e vice-versa. Esta solene Assembleia Pública, que vê protagonistas a Pontifícia Academia da Imaculada e a Pontifícia Academia Mariana Internacional, é uma ocasião propícia da qual o Sumo Pontífice se serve para dirigir um caloroso encorajamento a todos os cultores de Mariologia, para que se comprometam cada vez mais e intensifiquem a sua actividade no âmbito dos Centros de estudo e no campo das publicações científicas, prestando particular atenção a uma metodologia respeitosa da interacção fecunda entre a via veritatis e a via pulchritudinis, que se compendiam na via caritatis. Por fim, acolhendo a proposta formulada pelo Conselho de Coordenação entre as Academias Pontifícias, o Santo Padre atribui com prazer nesta solene Assembleia Pública o Prémio das Pontifícias Academias à Section Africaine pour les Congrès Mariologiques, ligada à Pontifícia Academia Mariana Internacional, que surgiu no âmbito do Congresso Mariológico Mariano Internacional de 2000. Formada por jovens estudiosos e professores de Mariologia de vários Países africanos, distinguiu-se por significativas iniciativas de estudo, destinadas a contextualizar nas culturas africanas a reflexão mariológica. Sob sugestão do mesmo Conselho de Coordenação, Ele deseja, ainda, em sinal de apreço e de encorajamento, oferecer uma Medalha do Pontificado ao estudioso Pe. Fidel Stockl, ORC., originário das Filipinas, pela obra Mary, Model and Mother of consacreted Life. A marian Synthesis of Theology of consacrated Life based on the Teachings of John Paul II. Para concluir, é-me grato manifestar a todos os Académicos, e especialmente aos Membros da Pontifícia Academia da Imaculada e da Pontifícia Academia Mariana Internacional, a profunda satisfação de Sua Santidade pela actividade desempenhada, juntamente com os votos de um generoso compromisso de todos por promover "verbo et opere", nos respectivos âmbitos de vida e de estudo, um autêntico humanismo cristão. Com estes sentimentos, o Santo Padre confia de bom grado Vossa Eminência, os membros das Pontifícias Academias, assim como também os participantes na Assembleia Pública à materna protecção da Virgem Maria, Mãe de Cristo e Mãe da Igreja, e de coração concede a todos uma especial Bênção Apostólica. Uno de bom grado a minha saudação pessoal, garantindo uma recordação na oração. É-me grato aproveitar a circunstância para me confirmar com sentimentos de distinto obséquio Seu dev.mo no Senhor Vaticano, 20 de novembro de 2006 TARCISIO Card. BERTONE |
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