7ª CONFERÊNCIA DO CONSELHO DA EUROPA DISCURSO DO ARCEBISPO CLAUDIO GUGEROTTI Baku, 25 de Maio de 2010 Presidente! A Delegação da Santa Sé deseja antes de mais agradecer e fazer uma apreciação especial ao Governo do Azerbaijão, pelo seu caloroso acolhimento por ocasião da 7ª Conferência ministerial europeia sobre a Igualdade entre homens e mulheres. A Delegação da Santa Sé saúda também com profundo sentimento o Conselho da Europa e o Comité Directivo para a Igualdade, que organizaram esta útil conferência. Com efeito, "diminuir a diferença entre igualdade de jure e igualdade de facto" é motivo de interesse para as mulheres e a Delegação da Santa Sé expressa a sua satisfação ao observar que todas as mulheres nesta sala estão a abraçar o próprio destino. E acolhe de modo positivo todos os homens que estão aqui para ouvir e que se sentem prontos a cooperar com as mulheres. Como afirmou o Papa Bento XVI: "Há que reconhecer, afirmar e defender a igual dignidade do homem e da mulher: ambos são pessoas, diversamente dos outros seres vivos do mundo que os rodeia" (Viagem apostólica aos Camarões e Angola, Encontro com os Movimentos católicos para a promoção da mulher, Luanda, 22 de Março de 2009). A Delegação da Santa Sé une-se a todos aqueles que denunciaram a exploração e as desigualdades que ainda existem e atingem as mulheres. Une-se plenamente às mulheres e homens que recordaram o papel fundamental da família como agente de paz e educação. Neste contexto, a Delegação da Santa Sé deseja ressaltar dois aspectos para promover a igualdade. O primeiro é a educação das jovens. Com efeito, "é desencorajador observar como no mundo de hoje, o simples facto de ser mulher, e não homem, pode reduzir a probabilidade de nascer ou de poder sobreviver; pode significar receber nutrição e cuidados médicos menos adequados e aumentar a possibilidade de permanecer analfabeto e ter um acesso limitado à educação primária, ou até nem o ter" (Discurso de João Paulo II à Delegação da Santa Sé por ocasião da 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres, 29 de Agosto de 1995). O segundo é a especificidade da mulher: ser reconhecida como igual ao homem exige que as mulheres sejam diversas dos homens porque iguais de modo distinto. As suas tarefas são específicas e não deveriam ser discriminadas, quando se trata de assumir maiores responsabilidades. "Quando as mulheres têm a possibilidade de transmitir plenamente os seus dons a toda a comunidade, fica positivamente transformada a própria modalidade como a sociedade é concebida e se organiza, conseguindo reflectir melhor a unidade substancial da família humana. (...) É benéfico, pois, o processo da presença crescente das mulheres na vida social, económica e política, a nível local, nacional e internacional. As mulheres têm pleno direito de se inserirem activamente em todos os âmbitos públicos, e o seu direito há-de ser afirmado e protegido" (João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1995). "Num mundo como o actual, dominado pela técnica, sente-se necessidade desta complementaridade da mulher, para o ser humano poder viver nele sem se desumanizar totalmente. Pense-se nas terras onde abunda a pobreza, nas zonas devastadas pela guerra, em tantas situações trágicas resultantes de emigrações forçadas ou não... São quase sempre as mulheres que lá mantêm intacta a dignidade humana, defendem a família e tutelam os valores culturais e religiosos" (Viagem apostólica, ibid.). Portanto, não por último, para promover a igualdade da mulher, todas as suas especificidades deveriam ser reconhecidas e apreciadas. "O reconhecimento do papel público das mulheres não deve, contudo, diminuir aquele outro, insubstituível, no interior da família: aqui, a sua contribuição para o bem e o progresso social, apesar de ser pouco considerado, é de um valor realmente inestimável" (João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1995). "Aliás, a nível pessoal, a mulher sente a própria dignidade não tanto como resultado da afirmação de direitos no plano jurídico, mas sobretudo como consequência directa da atenção concreta, material e espiritual, recebida no coração da família. Assim, a presença materna no seio da família é importante para a estabilidade e o crescimento desta célula fundamental da sociedade, que deveria ser reconhecida, louvada e apoiada de todos os modos possíveis. E, pelo mesmo motivo, a sociedade deve exortar os maridos e pais às próprias responsabilidades para com a família" (Viagem apostólica, ibid.). Presidente, honrada assembleia, em conclusão, a Santa Sé apoia com vigor o incentivo da vocação específica das mulheres. Deus contribuirá para concretizar toda a política da vida, que foi generosamente partilhada com esta assembleia. |
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