O Alleluja do tempo pascal adapta-se bem à nossa Celebração Eucarística, enquanto comemoramos o cinquentenário de fundação do Pontifício Comité das Ciências Históricas, querido pelo saudoso Papa Pio XII de venerada memória.
Reunidos em oração neste templo que nos recorda tantos períodos da história da Urbe, desejamos agradecer ao Senhor o compromisso assumido por tantos estudiosos para dar a conhecer a obra da Igreja e em particular dos Romanos Pontífices no contexto da vida dos vários povos.
O católico conhece bem qual é a finalidade da presença da Igreja, Corpo Místico de Cristo, nas vicissitudes humanas. Ela existe para anunciar o Evangelho. Existe para santificar os homens. Existe para guiar o povo cristão pelos caminhos da salvação.
1. O mandamento de Cristo
O Evangelho de São Marcos, que acabou de ser proclamado, narra-nos o mandamento missionário universal deixado por Cristo aos seus Apóstolos no final da sua vida terrena: "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16, 15).
É este o mandamento que ainda hoje estimula a Igreja a anunciar ao mundo o Evangelho de Cristo, enfrentando também as inevitáveis dificuldades deste momento histórico.
Sem dúvida, a Igreja é feita de homens e não de anjos e cada homem é limitado, está sujeito a errar e a pecar. Mas é precisamente esta característica que faz sobressair mais aos olhos do estudioso o mistério da Igreja e levanta um interrogativo sobre a força interior que a anima e sobre a perenidade desta instituição ao longo dos séculos.
Por conseguinte, apreciamos os estudos dos historiadores, para averiguar tanto a obra da Igreja, em geral, como em particular a dos Sumos Pontífices, que a orientaram ao longo dos dois milénios da sua existência.
Por nosso lado, o estudo das vicissitudes terrenas da nossa Santa Mãe Igreja, fará com que a amemos em maior medida e far-nos-á aderir a ela ainda mais intimamente.
Nos jardins do Vaticano, Pio XI de venerada memória quis colocar uma estátua de Santa Teresa do Menino Jesus com uma inscrição significativa sobre a base da própria estátua: "J'aime l'Eglise ma mère", "Amo a Igreja, minha mãe". É uma frase que exprime toda a espiritualidade da grande Santa Carmelita, mas é também uma expressão que poderia brotar dos nossos lábios e do nosso coração, todas as vezes que examinamos a vida da Igreja e averiguamos a sua história.
2. O mistério da Igreja
Esta é também a mensagem que chega a todos nós na celebração do Jubileu do Pontifício Comité de Ciências Históricas. Nestes dias, li de novo o livro do grande teólogo Henri de Lubac, com o significativo título "Paradoxo e mistério da Igreja" (Milão, Jaca Book, 1997) e senti-me comovido ao notar como este grande estudioso falasse com tanto amor em relação à Igreja, mãe de todos os redimidos. Uma Igreja que ainda hoje tem a capacidade de gerar novos filhos. Uma igreja que, longe de se fechar em si mesma, olha para o mundo de maneira acolhedora e serena. Por vezes acontece que os filhos podem esquecer-se da mãe ou até podem chegar a esbofeteá-la, mas ela nunca deixa de os amar e de os ajudar. Eis a sua grandeza! Vêm-me à mente, neste momento, as palavras de São Cipriano na sua obra "De unitate Ecclesiae", onde fala da Igreja nossa Mãe. Ela é nossa Mãe, porque nos alimenta com o seu leite e nos anima com o seu Espírito: "Illius foetu nascimur, illius lacte nutrimur, Spiritu eius animamur" (Ibidem, cap. 5).
3. Uma Igreja para amar
Depois, o amor pela Igreja dar-nos-á um estímulo poderoso para conhecer melhor a sua natureza. É verdade que, em geral, não se ama uma pessoa se não a conhecermos primeiro, mas é também verdade que ninguém conhece o outro perfeitamente se não o ama. Este era, de resto, um princípio já formulado nos finais do século VI pelo grande Papa São Gregório Magno: "Quando nós temos as verdades divinas, amando-as já as conhecemos, porque o amor é, ele mesmo, um conhecimento. Amor ipse notitia est" (Homilias sobre os Evangelhos, II, 27, 4).
Sem dúvida, ao estudar a história da Igreja, conhecemos também as misérias que por vezes obscureceram o seu rosto. Mas isto ajuda-nos também a compreender melhor o seu esforço de renovação contínua e a sua vontade de reformas profundas, quando for necessário. Depois, o amor à Igreja ajudar-nos-á a distinguir as reformas verdadeiras das falsas que surgem no seu interior. Este é um dos critérios que nos recordava o grande teólogo Yves Congar, O.P., no seu conhecido livro "Vraie et fausse reforme dans l'Eglise", traduzido depois também em italiano com o título "Vera e falsa riforma nella Chiesa" (Ed. Jaca Book, Milão 1972). E na realidade, sem amor nada se constrói. É suficiente pensar como o amor à Igreja por parte de São Francisco contribuiu para renovar mais do que a crítica amarga de Lutero.
4. Conclusão
Irmãos e Irmãs no Senhor, no clima jubiloso deste tempo pascal, só nos resta agradecer ao Senhor pela ajuda contínua que presta à Sua Santa Igreja que peregrina neste mundo, enquanto prometemos continuar a amá-la e a servi-la enquanto o Senhor quiser!
Assim seja!