Senhor Presidente
A minha delegação felicita-o pela sua eleição para a presidência desta importante Comissão. Transmitimos também os nossos melhores votos aos outros membros deste departamento.
Há alguns meses, a delegação da Santa Sé afirmou diante da primeira Comissão da 57ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que as antigas políticas de proibição nuclear, em vigor durante a Guerra Fria, agora devem levar a medidas concretas de desarmamento, fundamentadas no diálogo e na negociação multilateral, que são valores essenciais no processo de desarmamento.
Através dos instrumentos da lei internacional, facilitam a resolução pacífica das controvérsias, contribuem para melhorar a compreensão recíproca e promovem um clima de confiança, cooperação e respeito entre todos os Estados. Desta maneira, promovem a afirmação efectiva da cultura da vida e da paz, fundamentada nos valores da responsabilidade, solidariedade e diálogo.
Estas palavras são ainda mais significativas agora que, uma vez mais, o mundo está a ouvir o crescente estampido das armas. Somos confrontados por duas perspectivas opostas entre si: a primeira está assente na convicção de que os conflitos podem ser resolvidos através da vontade firme e aberta de dialogar, à luz dos caminhos e da sabedoria da lei; a segunda perspectiva afirma que, diante das ameaças evasivas que voltam a apresentar-se, a força é mais eficaz e directa. Mas parece que esta força, em vez de fomentar a cooperação internacional no campo do desarmamento, só a diminui, provocando repercussões negativas a todos os níveis. Esta importante sessão deve transmitir uma mensagem clarividente em favor da força da lei, e não da lei da força.
Viemos a este fórum com uma finalidade específica: encorajar formas e meios de alcançar o desarmamento nuclear, assim como medidas concretas e de confiança no campo dos armamentos convencionais. Hoje, estão a ser promovidas todas as técnicas de mediação, negociação e verificação. Parece que o sistema de controlo das armas tem sido praticado de maneira efectiva, dando resultados significativos ao longo das últimas décadas. Agora, só precisa de ser revigorado, para enfrentar melhor os novos desafios e as renovadas ameaças.
Por conseguinte, a Santa Sé deseja confirmar o seu assentimento aos princípios e à realização concreta dos objectivos propostos pelo Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT) e também pelo Documento Final da Conferência de Revisão, realizada durante o ano de 2000.
Senhor Presidente
A extraordinária mobilização de homens e de mulheres, que podemos observar quase em toda a parte nestes dias, indica que a causa da paz está a fazer um grande progresso na consciência da humanidade. Ela mostra cada vez mais, que a sentida aspiração dos povos a viverem na segurança, na justiça, na esperança e numa cultura de paz é bom recordá-lo está centrada no valor do ser humano e no diálogo e na coexistência respeitadores entre os povos.
A consciência de uma maior interdependência entre as várias nações e dos riscos da destruição recíproca exige que se preste mais atenção ao que, longe de frisar indevidamente a execução forçada ou selectiva dos tratados, requer que todos os Estados e indivíduos revigorem com determinação as leis e os procedimentos já decididos, em ordem ao desarmamento nuclear e à eliminação das ameaças representadas pelas armas convencionais.
Este é o momento em que cada um de nós consciente da gravidade da situação contemporânea, quando é necessário fazer com que a lei prevaleça sobre a força deve ser animado por um profundo sentido de responsabilidade em relação ao processo de desarmamento. É evidente que o modo mais eficaz de fazer com que cada membro da comunidade internacional assuma os compromissos que lhe são próprios, consiste na clarividente disponibilidade por parte de cada um e de todos os Estados, com vista a respeitar os compromissos assumidos nos tratados e entre si, num autêntico espírito de multilateralismo.
Obrigado, Senhor Presidente!