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CONGREGAÇÃO PARA AS CAUSAS DOS SANTOS

REFLEXÕES DO CARDEAL JOSÉ SARAIVA MARTINS

 

O ROSTO DE JESUS CRISTO NO ROSTO DA IGREJA

 

 
Um dos instrumentos fundamentais, contidos na Carta Apostólica Novo millennio ineunte e na recentíssima Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, diz respeito ao íntimo e inseparável vínculo entre Jesus Cristo e o seu Corpo místico, que é a Igreja, mediante o qual Ele continua, ao longo dos séculos, a sua missão de salvação no meio dos homens que se sucedem no tempo. Sem dúvida, trata-se de um tema que, pela sua importância teológica e pela sua actualidade pastoral, merece algumas reflexões.

1. O homem contemporâneo tem necessidade de ver o rosto de Jesus Cristo

Na terra, a pessoa humana é a "única criatura que Deus quis por si mesma.(1) "Desde a sua concepção, ela é destinada à bem-aventurança eterna"(2), que terá o seu cumprimento na vida futura. Em última análise, aquilo que Deus quis com a criação do homem é que ele alcançasse a sua própria plenitude(3). A obtenção da mesma constitui o fim último e o princípio unificador de toda a existência humana, como no-lo explica Santo Agostinho, com uma expressão que se tornou célebre:  "Criastes-nos para Vós, ó Senhor, e o nosso coração está inquieto, enquanto não descansar em Vós"(4).

Esta aspiração ao bem absoluto "é abordada e vivida pelo cristão como uma aspiração à santidade, compreendida como plenitude da filiação divina, que se realiza no seguimento e na imitação de Jesus Cristo"(5). A este propósito, São Paulo é extremamente clarividente:  Deus Pai "escolheu-nos nele [em Jesus Cristo], antes da criação do mundo, para sermos santos e imaculados diante dele na caridade"(6). Esta é a vocação fundamental da humanidade, de cada um dos homens.

Por conseguinte, somente em Jesus Cristo ele pode realizar esta sua altíssima vocação e, assim, satisfazer as suas aspirações mais íntimas e encontrar uma resposta adequada às múltiplas interrogações que estão inscritas no seu coração.

Precisamente por este motivo, o homem, e de modo particular o homem contemporâneo, deseja ver Jesus Cristo:  "Queremos ver Jesus"(7). Depois de ter recordado este pedido, feito ao Apóstolo Filipe por alguns gregos que tinham ido a Jerusalém para a peregrinação pascal, na Carta Apostólica Novo millennio ineunte o Papa recorda que "os homens do nosso tempo, talvez sem se darem conta, pedem aos crentes de hoje não só que lhes "falem" de Cristo, mas também que de certa forma lho façam "ver""(8). Com efeito, sem Ele e sem a plena consciência da sua própria vocação originária, a vida do homem na terra perde todo o ponto de referência e tudo se torna obscuro e inexplicável. São válidas para todos os tempos, estas palavras de São Pedro:  "Senhor, para quem havemos de ir, Tu tens palavras de vida eterna"(9), Tu tens palavras de amor.

Na realidade, "o homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontrar com o amor... O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente... deve... aproximar-se de Cristo"(10), deve ver o seu Rosto repleto de amor.

2. O rosto de Cristo no rosto da Igreja

1. A Constituição conciliar Lumen Gentium começa com duas afirmações fundamentais:  "Jesus Cristo é a luz dos povos; e este santo Sínodo deseja iluminar ardentemente todos os homens com a luz de Cristo, que se reflecte no rosto da Igreja, anunciando o Evangelho a todas as criaturas"(11). E este Documento do Concílio Ecuménico Vaticano II continua a realçar o carácter sacramental da Igreja:  ela "é, em Cristo, como que um sacramento, ou seja, sinal e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o género humano". No capítulo sobre o Povo de Deus, o texto volta a abordar este mesmo conceito:  "Deus... constituiu a Igreja, a fim de que seja para todos e para cada um, o sacramento visível desta unidade salvífica"(12).

Henry de Lubac exprime esta realidade sacramental da Igreja de maneira expressiva, afirmando que "se Cristo é o sacramento de Deus, a Igreja é para nós sacramento de Cristo"(13). Sem dúvida, a óptica sacramental é a perspectiva teológica que melhor permite compreender não apenas o mistério cristológico, mas inclusivamente o mistério eclesiológico. Com efeito, afirmar que a Igreja é sacramento de Jesus Cristo quer dizer que Ela tem como única finalidade tornar presente e revelar a cada um dos homens o rosto de Cristo; a de "reflectir a luz de Cristo em cada época da história e, por conseguinte, fazer resplandecer o seu rosto também diante das gerações do novo milénio"(14); em última análise, a de ser "epifania perene" do Homem-Deus, "o ser divino e, ao mesmo tempo, humano, em quem o humano é instrumento e manifestação do divino"(15).

2. De que maneira a Igreja torna Cristo presente e revela o seu Rosto? O que devemos responder aos homens que, como os Reis Magos vindos do Oriente a Jerusalém para adorar Jesus, ainda nos nossos dias perguntam:  "Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer?"(16).

A Igreja cumpre a missão de O tornar  presente  no  exercício  do  seu  tríplice  munus  docendi,  sanctificandi  et regendi.

No munus docendi, ela torna presente o rosto de Cristo Mestre, dado que Ele está presente na sua Palavra lida in Ecclesia et ab Ecclesia, e é interpretada pelo magistério(17). A autoridade do magistério é exercida em nome de Jesus e está ao serviço da Palavra de Deus, mas nunca acima dela(18). É Jesus Cristo que fala pela boca da Igreja.

No munus sanctificandi, a Igreja torna presente e revela o rosto de Cristo Sacerdote. É suficiente recordar um texto da Constituição Sacrosanctum concilium:  Cristo está sempre presente na sua Igreja e, de maneira especial, nas suas acções litúrgicas. Ele está presente no sacrifício da Missa, tanto na pessoa do ministro, como sobretudo sob as espécies eucarísticas. Com a sua virtude, encontra-se presente também nos sacramentos, de maneira que quando alguém baptiza, é o próprio Cristo que baptiza"(19).

Por fim, no exercício do munus regendi, a Igreja torna presente o rosto de Cristo Rei(20). Este é, talvez, o aspecto em que o elemento humano sobressai com maior evidência, mas procurar subestimar a sua importância e relegá-lo a um plano secundário não significaria outra coisa senão rejeitar a lex incarnationis. Por este motivo, a Constituição conciliar Lumen gentium recorda que os Bispos governam as Igrejas que lhes são confiadas, como vigários de Cristo e em nome de Cristo(21).

Por outras palavras, a Igreja é chamada a reflectir no seu rosto, o rosto de Cristo Mestre ou Profeta, Sacerdote e Rei. E isto, a fim de que dela se possa dizer, em relação a Cristo, aquilo que o próprio Cristo diz de si mesmo, em relação ao Pai(22):  "Quem me vê a mim, vê o Pai". A sua missão fundamental consiste em ser a transparência de Cristo e do seu rosto. Os homens têm o direito de poder ver no rosto da Igreja o rosto do seu Senhor para que, nela e por meio dela, possam vê-lo e contemplá-lo a Ele.

A este propósito, deve fazer-se um esclarecimento. A Igreja, à qual foi confiada a sublime missão de tornar presente e de revelar o rosto de Jesus Cristo aos homens, não é constituída somente pelas suas estruturas, mas também por todos os membros do Povo de Deus. Mediante a Encarnação, Ele uniu-se de certo modo a cada homem(23), mas está presente de maneira totalmente particular em cada um dos fiéis. Trata-se de uma presença tão íntima e profunda, que se pode manifestar em termos de identificação.

E Santo Agostinho exprime-o com a sua habitual perspicácia:  "Alegramo-nos, portanto, e damos graças ao próprio Cristo. Compreendeis, irmãos? Dais-vos conta da graça que Deus derramou sobre nós? Maravilhai-vos, alegrai-vos:  tornámo-nos nós mesmos Cristo! Se Cristo é a Cabeça e nós os membros, o homem total é Ele, e não nós"(24).

Com efeito, o baptismo confere a quem o recebe uma configuração com Jesus Cristo, que é concreta já aqui na terra, embora seja imperfeita e, ao mesmo tempo, se apresente como meta a alcançar. No coração do cristão está impresso, de maneira indelével, o rosto de Jesus Cristo. Ele é não apenas alter Christus, mas também ipse Christus, como afirma esta clássica e bem conhecida expressão.

Por conseguinte, a meta derradeira de cada um dos homens consiste essencialmente numa plena e total identificação com Cristo, em ser um reflexo cada vez mais perfeito do seu Rosto.

Exprimindo-nos desta forma, não fazemos outra coisa senão retomar um dos capítulos fundamentais da teologia paulina. Falando do relacionamento íntimo e vital de Cristo com aqueles que foram novamente gerados nas águas baptismais, São Paulo é mais clarividente e categórico do que nunca. Ele faz a seguinte afirmação acerca de si mesmo:  "Já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim"(25). Estas palavras são igualmente válidas para cada um dos baptizados(26).

Esta identificação do cristão com Cristo deve ser expressa na sua vida de cada dia. Ele é chamado a tornar Cristo presente e a manifestar o seu Rosto aos irmãos, mediante um testemunho pessoal. A este propósito, são sempre actuais as palavras do Papa Paulo VI:  "O homem contemporâneo escuta de melhor boa vontade as testemunhas dos que os mestres, e se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas"(27). E o Papa João Paulo II afirma:  "Hoje em dia, as pessoas têm pouca confiança nas afirmações verbais e nas declarações enfáticas, mas deseja os factos e, por isso, olha com interesse, com atenção e mesmo com admiração para as testemunhas. Poder-se-ia até dizer que, para que a desejada mediação entre a Igreja e o mundo moderno realmente possa ser alcançada, são necessárias testemunhas que saibam inserir a verdade perene do Evangelho na sua própria existência e, ao mesmo tempo, façam dela um instrumento de salvação para os seus irmãos e as suas irmãs"(28).

3. O rosto de Cristo nos santos e nas testemunhas da Igreja

1. O rosto de Cristo resplandece com luzes mais intensas nos santos e nas testemunhas da fé, dado que neles, em virtude da sua docilidade ao Espírito, se tornou mais nítida a conformação com Jesus Cristo, recebido no baptismo:  eles tornaram-se, por assim dizer, mais ipse Christus na participação na sua vida e na sua missão.

Todavia, o rosto de Cristo que se reflecte nos santos, e que eles mostraram ao mundo, é o do Senhor morto e ressuscitado de que fala o Papa na Carta Apostólica Novo millennio ineunte. A este propósito, João Paulo II diz:  "Como na Sexta-Feira e no Sábado Santo, a Igreja não cessa de contemplar este rosto ensanguentado, no qual se esconde a vida de Deus e se oferece a salvação do mundo. Mas a sua contemplação do rosto de Cristo não pode deter-se na imagem do Crucificado. Ele é o Ressuscitado! Se assim não fosse, seria vã a nossa pregação e a nossa fé...(29) Agora é para Cristo ressuscitado que a Igreja olha... No rosto de Cristo, ela a Esposa contempla o seu tesouro, a sua alegria. "Dulcis Iesu memoria, dans vera cordis gaudia":  "Como é doce a recordação de Jesus, fonte de verdadeira alegria do coração!""(30).

É precisamente aquilo que os santos fizeram. Na variedade dos seus carismas e na pluralidade das suas vocações, eles tiveram a humilde audácia de fixar o seu olhar no rosto de Jesus Cristo ressuscitado, vivendo a sua radicalidade evangélica como uma fascinante aventura do Espírito. Assim, eles alcançaram os mais elevados píncaros da santidade, contemplando-O com amor.
Sem dúvida, esta é a tarefa fundamental que compete a cada cristão. Ele é chamado a ser, em primeiro lugar e sobretudo, um contemplador do rosto de Cristo. É o que realça de maneira vigorosa o Papa João Paulo II, na sua recentíssima Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, assinada na Praça de São Pedro, como é do conhecimento de todos, durante a Audiência geral do dia 16 do passado mês de Outubro. Nessa Carta, o Santo Padre é extremamente claro e categórico:  "Fixar os olhos no rosto de Cristo, reconhecer o seu mistério no caminho ordinário e doloroso da sua humanidade, até perceber o brilho divino definitivamente manifestado no Ressuscitado glorificado à direita do Pai, é a tarefa de cada discípulo de Cristo; é por conseguinte também a nossa tarefa"(31). Os santos são aqueles que compreenderam de maneira mais profunda, e viveram com maior intensidade, esta tarefa como uma verdadeira e própria exigência do seu baptismo. Eles foram os contemplativos por excelência do rosto do Senhor crucificado e ressuscitado.

E, contemplando o rosto de Jesus Cristo, abriram-se para "acolher o mistério da vida trinitária, para experimentar sempre de novo o amor do Pai e gozar da alegria do Espírito Santo"(32).
Agindo desta forma, os santos fizeram com que se realizassem neles mesmos as palavras de São Paulo:  "Reflectindo a glória do Senhor como num espelho, somos transformados nessa mesma imagem, de glória em glória, segundo a acção do Espírito do Senhor"(33).

2. Contemplando o rosto de Jesus Cristo, os santos e as testemunhas da fé não fizeram outra coisa, senão imitar a Virgem Maria, que é o modelo mais perfeito de contemplação do rosto do Senhor. É o que nos recorda, afirmando de modo vigoroso, o Papa João Paulo II na já mencionada Carta Apostólica sobre o Rosário:  "O rosto do Filho pertence a Maria com um título especial... o seu olhar, sempre cheio de reverente admiração, nunca se separará dele. Algumas vezes será um olhar interrogativo, como no episódio da perda no templo... em todo o caso será um olhar penetrante, capaz de ler no íntimo de Jesus, a ponto de perceber os seus sentimentos escondidos e adivinhar as suas decisões, como em Caná (cf. Jo 2, 5); outras vezes, será um olhar doloroso, sobretudo aos pés da cruz... na manhã da Páscoa, será um olhar radioso pela alegria da ressurreição e, enfim, um olhar ardoroso pela efusão do Espírito no dia de Pentecostes (cf. Act 1, 14)... Maria vive com os olhos fixos em Jesus Cristo e guarda cada uma das suas palavras:  "Conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração" (Lc 2, 19; cf. 2, 51)"(34).

É exactamente isto que, com a ajuda da graça, procuraram realizar os santos e as testemunhas da fé:  contemplar o rosto límpido e luminoso de Jesus Cristo e fazê-lo brilhar diante dos homens do seu tempo. E fizeram-no, com o seu testemunho pessoal e, muitas vezes, com o sacrifício da sua própria vida que, para o cristão, constitui sempre o supremo testemunho da fé no Senhor ressuscitado.

3. Precisamente por isso, na realidade os santos foram sempre os verdadeiros actores da história humana. "A verdadeira história da humanidade é constituída pela história da santidade [...] todos os santos e os beatos se manifestam como "testemunhas", ou seja, como pessoas que, confessando Cristo, a sua pessoa e a sua doutrina, deram uma consistência concreta e uma expressão credível a uma das características essenciais da Igreja, que é exactamente a santidade.

Sem este testemunho incessante, a própria doutrina religiosa e moral, pregada pela Igreja, correria o risco de ser confundida com uma ideologia puramente humana. Todavia, ele constitui uma doutrina de vida, ou seja, é aplicável e transferível para a vida:  uma doutrina "visível" sobre o exemplo que nos oferece o próprio Jesus, que proclama:  "Eu sou a Vida" (Jo 14, 8)", e afirma que veio para dar a vida, e vida em abundância (cf. Jo 10, 10).

A santidade é entendida não como um ideal teórico, mas no sentido fundamental de comunhão com Aquele que representa a própria santidade encarnada do Pai, "uma exigência particularmente urgente no nosso tempo"(35). Indicar a santidade aos fiéis é para este Papa, hoje mais do que nunca, uma urgente acção pastoral que compete à Igreja(36).

Sim! É de santos que a Igreja e o mundo têm necessidade. De santos que, depois de "terem visto" o rosto de Jesus Cristo, considerado nos seus traços históricos e no seu mistério inefável, dêem "testemunho" dele(37). Ou seja, de santos dotados de coerência absoluta, de radicalidade evangélica e das virtudes próprias do cristão.

Um ilustre Prelado italiano faz a seguinte observação:  "Temos muita dificuldade em seguir as pessoas e de lhes falar de Jesus Cristo. Contudo, seria necessário inverter a rota, tornando-nos nós mesmos santos; assim, são as pessoas que nos procurarão a nós. E vimo-lo muitas vezes, também nós, por exemplo, no caso do Padre Pio de Pietrelcina, da Madre Teresa de Calcutá, do Papa João XXIII... Muitas pessoas se interessavam por eles. Amavam-nos e seguiam-nos, e não eram impelidas por uma curiosidade malsã... mas pelo facto de que, neles, se vislumbravam os sinais da presença e do amor de Jesus, através da oração, da mansidão, da disponibilidade, da assistência aos necessitados e do amor à Igreja"(38).

Como diz o filósofo Jacques Maritain, a santidade dos cristãos é a sexta via para demonstrar aos incrédulos a existência de um Deus amoroso e misericordioso, é o único Evangelho que o homem contemporâneo ainda lê, escuta e compreende.

O mesmo Prelado italiano escreve ainda:  "É com a santidade de vida que o cristão se torna "interessante", mesmo para uma opinião pública distraída. Interessante, não porque realiza "milagres"... mas porque tem a coragem de ir contra a corrente, não se envergonha da sua fé, aliás, fala dela com entusiasmo, manifesta coerência em todas as suas opções, sabe pagar pessoalmente o preço da marginalização social, a que poderá ser condenado, perdoando e amando aqueles que o crucificam"(39).

Na Carta Apostólica Novo millennio ineunte, o Papa João Paulo II diz que, confortada pela experiência do rosto do Senhor ressuscitado, a Igreja retoma hoje o seu caminho, com renovada esperança, para anunciar Jesus Cristo ao mundo, no início do terceiro milénio. Este foi constantemente o caminho seguido pelos santos e pelas testemunhas da fé. Este é também o caminho, cujo itinerário todos nós somos chamados a percorrer, para vivermos de maneira íntegra o mistério pascal do Senhor ressuscitado e darmos a conhecer o seu rosto esplendoroso aos homens do nosso tempo. É nisto, essencialmente, que consiste a santidade cristã:  ser um reflexo da santidade de Deus, que resplandece no rosto de Cristo! Esta é a tarefa que nos compete, como realçava o Cardeal Newman, numa das suas inspiradas reflexões:  "Fica comigo, e começarei a resplandecer como Tu; a brilhar, até me tornar luz para o próximo. Ó Jesus, a luz virá totalmente de ti:  nada será mérito meu. Tu brilharás através de mim, nos outros... Faz com que eu te anuncie a Ti não com as palavras, mas com o exemplo, com aquela força atraente, com aquela influência solidária que provém daquilo que realizo, com a minha semelhança visível aos teus santos e com a clara plenitude do amor, que o meu coração nutre por Ti".



Notas

1) Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição pastoral Gaudium et spes, 24.

2) Catecismo da Igreja Católica, n. 1703.

3) E. COLOM - A. RODRÍGUEZ LUÑO, Scelti in Cristo per essere santi. Elementi di Teologia Morale Fondamentale, Roma 1999, pp. 66-67.

4) SANTO AGOSTINHO, Confissões, I, 1.

5) E. COLOM - A. RODRÍGUEZ LUÑO, Scelti in Cristo... op. cit., pág. 55.

6) Ef 1, 4-5.

7) Jo 12, 21.

8) JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Novo millennio ineunte (6 de Janeiro de 2001), 16.

9) Jo 6, 68.

10) JOÃO PAULO II, Carta Encíclica Redemptor hominis (4 de Março de 1979), 10.

11) Lumen gentium, 1.

12) Ibid., 2.

13) H. DE LUBAC, Cattolicesimo. Gli aspetti sociali del dogma, Roma 1948, pág. 52.

14) Novo millennio ineunte, 16.

15) J. A. MÖHLER, Symbolik 36, 6, Ed. Munique, 1985, pág. 333.

16) Mt 2, 2.

17) Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição dogmática Dei Verbum, 10; Constituição dogmática Lumen gentium, 24-25; Constituição Sacrosanctum concilium, 7.

18) Cf. Dei Verbum, 10.

19) Cf. Sacrosanctum concilium, 7.

20) Cf. Lumen gentium, 21 e 27. Ver também:  G. PHILIPS, L'Eglise et son mystère au II Concile du Vaticain, T. I, ed. Desclée, Paris 1967, pp. 248-252 e 349-354. Acerca da relatividade e da falibilidade das medidas concretas no governo da Igreja, cf. as seguintes reflexões:  C. JOURNET, "Il carattere teandrico della Chiesa", em:  G. BARAÚNA (dir.), La Chiesa del Vaticano II, ed. Vallecchi, Florença 1965, pp. 359-360.

21) Cf. Lumen gentium, 27.

22) Fl 14, 9.

23) Gaudium et spes, 22.

24) SANTO AGOSTINHO, In Iohannis evangelium tractatus, tr. 21, 8:  Nuova Biblioteca Agostiniana, XXIV/1, Città Nuova ed., 2ª ed., Roma 1985, pp. 495-497.

25) Gl 2, 20.

26) Cf. 2 Cor 13, 5; Cl 3, 4.

27) PAULO VI, Discurso aos membros do "Consilium de Laicis", 2 de Outubro de 1974:  texto original em francês, em:  AAS  66  (1974),  pp.  567-570.  As  palavras citadas no texto encontram-se na pág. 568.

28) JOÃO PAULO II, Discurso, 5 de Fevereiro de 1992, em:  Insegnamenti XIV/1 (1992), pág. 305.

29) Cf. 1 Cor 15, 14.

30) Novo millennio ineunte, 28.

31) JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 9.

32) Ibidem.

33) 2 Cor 3, 18; cf. Rosarium Virginis Mariae, 9.

34) Rosarium Virginis Mariae, 10-11.

35) JOÃO PAULO II, Discurso, 5 de Fevereiro de 1992, em:  Insegnamenti XIV/1 (1992), pág. 305.

36) Cf. Novo millennio ineunte, 30-31.

37) Cf. Jo 19, 35.

38) G. CHIARETTI, Arcebispo de Perúsia (Itália), Lettera pastorale per la Quaresima 2001.

 

 



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