Sinto-me particularmente feliz por estar aqui no vosso centro de estudos, nesta significativa circunstância, enquanto, com um solene acto académico, se celebra a elevação do Pontifício Ateneu Antonianum à categoria de Universidade, feita pelo Santo Padre João Paulo II a 11 de Janeiro de 2005, assim como a proclamação do novo Reitor Magnífico, nomeado pela Congregação para a Educação Católica no passado dia 26 de Fevereiro.
Trata-se de uma etapa importante no desenvolvimento e na promoção do compromisso académico da Ordem dos Frades Menores no centro da cristandade.
Como se sabe, na sua actual sede e com as relativas estruturas, o Antonianum teve início em 1887, graças à decisão e à iniciativa do então Ministro-Geral da Ordem dos Frades Menores de fundar de novo em Roma um estudo geral para toda a Ordem. A 20 de Novembro de 1890, com a Bênção do Papa Leão XIII, foram iniciadas a vida e a actividade académica do Collegium Sancti Antonii Patavini in Urbe.
A 17 de Maio de 1933, a Congregação para a Educação Católica declarou canonicamente erigido o Athenæum Antonianum in Urbe, com as Faculdades de Teologia, de Direito canónico e de Filosofia, autorizando-o a conferir tais graus académicos. A 4 de Junho de 1938, o Sumo Pontífice Pio XI concedeu de bom grado ao Ateneu o título de Pontifício e a 15 de Agosto do mesmo ano foram aprovados os seus estatutos.
A 4 de Setembro de 2001, a Congregação para a Educação Católica transformou o Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém, até então secção da Faculdade de Teologia do Ateneu, erigindo-o como Faculdade de ciências bíblicas e de arqueologia do mesmo Ateneu, com o poder de conferir os graus académicos de bacharelado em sagrada teologia, assim como a licença e o doutoramento em Ciências bíblicas e arqueologia.
O Pontifício Ateneu Antonianum, constituído por quatro Faculdades, viu-se assim a desempenhar as condições exigidas, segundo a práxis da nossa Congregação, para poder ser distinguido com o título de universidade.
A atribuição do título de Universidade Pontifícia ao Antonianum reconhece o valor e o contributo da longa tradição teológica franciscana na história da Igreja e condecora o Antonianum com um título que coroa a sua presença e a sua obra no âmbito dos Pontifícios Ateneus romanos.
Ao mesmo tempo, a concessão do título de Universidade ao Antonianum postula mais um compromisso para todos os que, a vários níveis, empregam aqui as suas energias, para fazer com que o mesmo Antonianum seja cada vez mais um lugar no qual, em comunhão com a Sé Apostólica, se cultive, com diligência e amor, o saber teológico nas suas várias disciplinas eclesiásticas, para progredir no reconhecimento da revelação cristã e do depósito da fé e para iluminar a vida eclesial.
Além dos sentidos bons votos, meus e da Congregação à qual presido, dirigidos a toda a Ordem dos Frades Menores, gostaria de exprimir sobretudo cordiais e fervorosos votos para que o Antonianum, entrando na família das Universidades Pontifícias, contribua eficazmente para tornar cada mais mais frutuosa a missão evangelizadora da Igreja e para introduzir o Evangelho em todos os campos da cultura humana no mundo contemporâneo.
Na Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in Europa (28 de Junho de 2003) surpreendeu-me o relevo dado à questão da esperança. O Santo Padre observa que a realidade de hoje se caracteriza "por um ofuscamento da esperança". "Os nossos dias escreve [...] apresentam-se como um tempo de crise. Muitos homens e mulheres parecem desorientados, incertos, sem esperança; e não poucos cristãos partilham estes estados de alma" (n. 7 a).
O Pontífice põe também em relevo que os Padres sinodais, analisando a complexidade que caracteriza o Continente europeu, "individuaram como sendo provavelmente a urgência maior que o atravessa de Leste a Oeste, a necessidade cada vez mais sentida de esperança, que torne possível dar sentido à vida e à história e caminhar de mãos dadas" (n. 4 b). Neste contexto o Santo Padre realça vigorosamente: "O homem não pode viver sem esperança: a sua vida perderia o sentido, tornando-se insuportável" (n. 10 a).
A actualidade do problema da esperança não está, contudo, limitada à Europa, mas sem dúvida alguma refere-se, em maior ou menor medida, a todo o mundo contemporâneo.
Tendo presentes estes problemas, aqui sintetizados, gostaria de recordar que há mais de vinte anos (a 16 de Janeiro de 1982), João Paulo II observando a questão pediu precisamente ao vosso centro de estudos que fosse portador da esperança seguindo os passos de São Francisco.
Repetindo as palavras de Paulo VI, disse então ao vosso Ateneu Antonianum: "Como São Francisco, sede também vós, no mundo de hoje, os guardiães da esperança!" (n. 4 a); insistindo no mesmo discurso: "Gostaria que a Ordem dos Frades Menores, de modo particular mediante este seu Ateneu, ajudasse a preencher esta necessidade de esperança com o contributo originário que se inspira em São Francisco" (n. 5 a). Trata-se, explica o Santo Padre, da esperança "humana e ao mesmo tempo, transcendente [...] que pode transformar em bem-aventurança até situações humanamente desesperadas; que faz ver como momentos de vida também o seu fim; que não marginaliza do processo histórico em que vivemos, mas o anima com a introdução nele da dimensão do futuro; que faz aderir a Cristo primogénito de muitos irmãos na experiência dos condicionamentos da existência temporal e, ao mesmo tempo, primogénito dos ressuscitados da morte" (n. 4). Por conseguinte, juntamente com o Santo Padre "formulo os votos de que a vossa laboriosidade científica, didáctica de hoje e de amanhã se revele adequada para reviver e conservar a [verdadeira] esperança" que não desilude (n. 7 a).
Em síntese, desejo-vos que mediante a Pontifícia Universidade Antonianum saibais dar sempre mais um próprio contributo específico não só como cultores das ciências sagradas, mas ao mesmo tempo, e não menos, como verdadeiros e vigorosos filhos espirituais de uma personagem maravilhosa como São Francisco, com o seu génio de santidade realizada com simplicidade evangélica.