PADRE AGOSTINHO THEVARPARAMPIL ("KUNJACHAN") (1891-1973)
(...) Thevarparampil Kunjachan foi um humilde sacerdote que se dedicou aos irmãos Dalit, marginalizados pela sociedade. Era conhecido somente no lugar onde nascera e nos arredores. Serviu como assistente na paróquia por 47 anos. Embora o seu nome verdadeiro fosse Agostinho, todos o chamavam Kunjachan porque não era alto. Nasceu a 1 de Abril de 1891 em Ramapuram na família Thevarparampil. Era o mais jovem de cinco filhos. Depois da escola primária, completou a formação sacerdotal no seminário menor de Changacherry e no de Puthenpally. No dia 17 de Dezembro de 1921 recebeu a Ordenação sacerdotal de Mar Thomas Kurianacherry. Trabalhou um ano como assistente paroquial em Ramapuram e três anos em Kadanad. Por motivos de saúde em seguida regressou à sua paróquia. Naquele período, involuntariamente, descobriu um novo âmbito de actividade. Durante o retiro anual na paróquia de Ramapuram, os pregadores reuniram cerca de 200 Dalit na igreja e transmitiram-lhes as verdades da fé. Tendo recebido o ensino religioso, demonstraram-se prontos a receber o Baptismo. Kunjachan decidiu dedicar-se ao serviço daquelas pessoas. Tal decisão tornou-o guia e emancipador de muitos pobres daquela aldeia. Prosseguiu o apostolado para os Dalit até à morte. Como afirmava São Arnold Janssen, fundador da Sociedade do Verbo Divino, o primeiro e prioritário acto de amor ao próximo consiste em transmitir-lhe a Boa Nova de Jesus Cristo. Kunjachan realizou-se servindo com paciência e compaixão os outros, em particular os marginalizados, descobrindo neles o rosto de Jesus. Por quase 40 anos dedicou-se ao progresso dos irmãos Dalit. Naquele tempo as condições sociais dos Dalit eram dramáticas por causa da crescente intocabilidade e discriminação em relação a eles, baseadas na casta e na cor da pele. Eram todos analfabetos. Por conseguinte, eram supersticiosos e obrigados pela sociedade a realizar trabalhos manuais como escravos. Todos esses factores tornaram o ministério de Kunjachan muito difícil. Não era uma pessoa extraordinária, dotada de talentos ou capacidades excepcionais. Era um simples sacerdote de paróquia. Não recebeu alguma honra nem reconhecimentos especiais pelo seu incansável serviço dirigido à emancipação dos pobres. O seu programa quotidiano previa visitas a domicílio e nos locais de trabalho dos Dalit. O seu único ajudante era um catequista. Contudo, conseguiu aproximar muitas pessoas a Deus. Não obstante isso, teve que enfrentar a oposição e as duras críticas não só das castas superiores de não-cristãos, mas também dos cristãos tradicionais. Estes obstáculos nunca foram capazes de diminuir o zelo de Kunjachan. Aproximou da Igreja mais de 5.000 pessoas. Criou um vínculo muito sólido com as pessoas que serviu. Chamava-lhes "meus filhos" e eles chamavam-lhe "nosso sacerdote". Estava tão próximo deles que conseguia chamá-los pelo nome, desde as crianças até aos idosos. Escreveu um diário espiritual em três volumes que continham informações pormenorizadas sobre eles, relativas ao relacionamento entre os membros de cada família, aos nascimentos, aos matrimónios, aos falecimentos, às confissões anuais, etc. Foi incansável ao trazer para a fé aqueles que se distanciavam e quantos não respeitavam a fidelidade conjugal. O seu objectivo não era somente a elevação espiritual dos Dalit, mas também a sua emancipação social, cultural, intelectual e artística. Resistiu à oposição com calma e humildade. Não se desencorajou quando o governo negou privilégios aos Dalit convertidos ao cristianismo. A graça constante de Deus deu-lhe força e coragem. A oração ao Santíssimo Sacramento foi a fonte da sua força. Era também devoto da Bem-Aventurada Virgem Maria. Obedecia ao pároco e ao seu Bispo com grande humildade. (...) Morreu em 16 de Outubro de 1973. (...) Extraída da homilia do Card. Varkey Vithayathil durante a cerimónia de beatificação celebrada em 30 de Abril de 2006 em Ramapuram (Índia). |