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S.P. 42: Livro das Horas “Borromeo” miniaturado por Cristoforo de Predis, Séc. XV
Biblioteca Ambrosiano

DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO
Jesus promete o seu Reino ao bom ladrão

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Evangelho segundo São Lucas 23, 39-43

Ora, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça pois recebemos o castigo que as nossas acções mereciam, mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de mim quando estiveres no Teu reino». Ele respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás Comigo no Paraíso».

MEDITAÇÃO

 Passam os minutos da agonia e a energia vital de Jesus crucificado lentamente se está diminuindo. Mas, naqueles momentos trágicos, ele ainda tem a força para um último ato de amor, em relação a um dos dois condenados à pena capital que estão ao lado. Entre Cristo e aquele homem transcorre um tênue diálogo, reduzido a duas frases essenciais.

Por um lado, há o apelo do malfeitor, que se tornou, na tradição, o «bom ladrão», convertido na extrema hora da sua vida: «Jesus, lembra-Te de mim quando estiveres no Teu reino!». Num certo sentido é como se o homem recitasse uma versão pessoal do «Pai nosso» e da invocação: «Venha a nós o vosso Reino!». Ele, porém, o endereça diretamente a Jesus, chamando-o pelo nome, um nome de significado iluminador naquele instante: «O Senhor salva». Há, ainda, aquele imperativo: «Lembra-Te de mim». Na linguagem bíblica este verbo tem uma força particular que não corresponde ao nosso pálido «lembrar». É uma palavra de certeza e de confiança, quase querendo dizer: «Toma conta de mim, não me abandone, seja como o amigo que apóia e ampara.

* * *

Por outro lado, eis a resposta de Jesus, brevíssima, como um sopro: «Hoje estarás Comigo no paraíso». Esta palavra «paraíso», tão rara na Sagrada Escritura que aparece apenas outras duas vezes no Novo Testamento (37), no seu significado original evoca um jardim fértil e florido. É uma imagem perfumada daquele Reino de luz e de paz que Jesus tinha anunciado na sua pregação inaugurada com os seus milagres que logo terá uma epifania gloriosa na Páscoa. É a meta do nosso caminho cansativo na história, é a plenitude da vida, é a intimidade do abraço com Deus. É o último dom que Cristo faz, exatamente através do sacrifício da sua morte que se abre à glória da ressurreição.

Nada mais disseram aqueles dois crucificados naquele dia de angústia e de dor, mas aquelas poucas palavras pronunciadas com dificuldade das suas gargantas abrasada e ecoam sempre como um sinal de confiança e de salvação para quem pecou mas também acreditou e esperou, mesmo que tenha sido no extremo limite da vida.

 Todos:

Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Sancta Mater, istud agas,
Crucifixi fige plagas
cordi meo valide
.

(37) Cf. 2 Coríntios 12, 4; Apocalipse 2, 7.

 

© Copyright 2007 - Libreria Editrice Vaticana

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