Relazione introduttiva del Card. Cláudio Hummes
Traduzione in lingua italiana
Traduzione in lingua inglese
Traduzione in lingua spagnola
Dopo il discorso del Santo Padre Francesco e la Relazione del Segretario Generale, l’Em.mo Card. Lorenzo Baldisseri, la 1a Congregazione Generale dell’Assemblea Speciale del Sinodo dei Vescovi per la Regione Panamazzonica, sul tema: “Amazzonia: nuovi cammini per la Chiesa e per una ecologia integrale” (6-27 ottobre 2019), è proseguita nell’Aula del Sinodo in Vaticano con la presentazione della Relazione introduttiva del Relatore Generale, l’Em.mo Card. Cláudio Hummes, O.F.M., Arcivescovo Emerito di São Paulo, Presidente della Commissione Episcopale per l’Amazzonia della Conferenza Nazionale die Vescovi del Brasile e Presidente della Rete Ecclesiale Panamazzonica (REPAM).
Ne riportiamo di seguito il testo consegnato:
Relazione introduttiva del Card. Cláudio Hummes
O tema do Sínodo, que ora iniciamos, é o seguinte: “Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. O tema ressoa grandes linhas pastorais características do Papa Francisco. Definir novos caminhos. Desde o início de seu ministério papal, Francisco sublinha a necessidade de a Igreja caminhar. Ela não pode ficar sentada em casa, cuidando de si mesma, cercada de muros de proteção. Muito menos ainda, olhando para trás com certa nostalgia de tempos passados. Ela precisa abrir as portas, derrubar muros que a cercam e construir pontes, sair e pôr-se a caminho na história, nos tempos atuais de mudança de época, caminhando sempre próxima de todos, principalmente de quem vive nas periferias da humanidade. Igreja “em saída”. Para que sair? Para acender luzes e aquecer corações, que ajudem as pessoas, as comunidades, os países e a humanidade global a encontrar o sentido da vida e da história. Essas luzes são principalmente o anúncio da pessoa de Jesus Cristo, morto e ressuscitado e seu reino, bem como a prática da misericórdia, da caridade e da solidariedade sobretudo para com os pobres, os sofridos, os esquecidos e descartados do mundo de hoje, os migrantes e os indígenas.
Esse caminhar a torna fiel à verdadeira tradição. Uma coisa é o tradicionalismo que fica preso no passado, outra é a verdadeira tradição que é a história viva da Igreja, em que cada geração, acolhendo o que lhe é entregue pelas gerações anteriores como compreensão e vivência da fé em Jesus Cristo, enriquece esta tradição com sua própria vivência e compreensão desta mesma fé em Jesus Cristo no tempo atual.
Essas luzes: o anúncio de Jesus Cristo e a prática incansável da misericórdia, na tradição viva da Igreja, indicam o caminho a seguir num caminhar inclusivo que convida, acolhe e encoraja a todos, sem exceção, a caminharem juntos como amigos e como irmãos, respeitando as nossas diferenças, rumo ao futuro.
“Novos caminhos”. Novos. Não ter medo do novo. Na homilia de Pentecostes de 2013, o Papa Francisco já afirmava: “A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projetar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. (...) Temos medo de que Deus nos faça seguir novos caminhos, nos faça sair de nosso horizonte muitas vezes limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda história da salvação, quando Deus se revela, traz novidade – Deus traz sempre novidade -, transforma e pede para confiar nele”. Na Evangelii Gaudium (n. 11), o Papa mostra Jesus Cristo como “a eterna novidade”. Ele é sempre o novo. Ele é sempre o mesmo, o novo, “ontem, hoje e sempre” (Heb 13,8) o novo. Por isso, a Igreja reza: “Enviai, Senhor, o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra”. Então, não tenhamos medo do novo. Não tenhamos medo de Cristo, o novo. Este sínodo procura novos caminhos.
No seu discurso aos bispos brasileiros, durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013, ao falar da Amazônia como “teste decisivo, banco de prova para a Igreja e a sociedade brasileiras”, o Papa propõe “relançar [ali, na Amazônia] a obra da Igreja”, “consolidar o rosto amazônico da Igreja” e “formar clero autóctone”, acrescentando: “Sobre isso, peço, por favor, para serem corajosos, para terem ousadia”. Isso nos remete necessariamente à história da Igreja na região.
Desde os primórdios da colonização da Amazônia, ali também estiveram missionários católicos, seja para dar assistência aos colonizadores, seja para evangelizar os indígenas, na época. Assim começava a missão evangelizadora da Igreja na região. Entre luzes e sombras – mas certamente com prevalência das luzes – gerações subsequentes de missionários e missionárias, principalmente de Ordens e Congregações religiosas, mas também de padres diocesanos e de leigos – com destaque para as mulheres - procuraram levar Jesus Cristo aos povos do território e constituir comunidades católicas. É justo recordar, reconhecer e enaltecer, neste sínodo, a história heroica - e muitas vezes mártir - de todos os missionários e missionárias do passado e também daqueles e daquelas de hoje na Pan-amazônia. Ao lado dos missionários, houve também sempre numerosas lideranças leigas e indígenas que deram testemunho heroico e por isso muitas vezes foram e ainda continuam a ser assassinadas. Deve-se ter presente também que a Igreja missionária da Amazônia se destacou através de sua história – e ainda hoje se destaca - com grandes e fundamentais serviços para a população local na área da escolarização, da saúde, do combate à pobreza e à violação dos direitos humanos. Por outro lado, a história da Igreja na Pan-amazônia mostra que sempre houve grande carência de recursos materiais e de missionários para um desenvolvimento pleno das comunidades, destacando-se a ausência quase total da Eucaristia e de outros sacramentos essenciais para a vivência cristã cotidiana.
O rosto amazônico da Igreja local deve ser consolidado, como disse o Papa Francisco no já citado discurso aos bispos brasileiros e mesmo seu rosto indígena nas comunidades indígenas, como exortou o Papa em Puerto Maldonado (19.01.2018). Desde o anúncio do sínodo, o Papa deixou claro que a relação da Igreja com os povos indígenas e com a floresta na Amazônia, é um de seus temas centrais. De fato, anunciando o sínodo e indicando sua finalidade, Francisco disse: “Finalidade principal desta convocação é encontrar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, sobretudo dos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem perspectiva de um futuro sereno, também por causa da floresta amazônica, pulmão de importância fundamental para o nosso planeta” (Vaticano, 15.10.17). E em Puerto Maldonado, disse aos povos indígenas: “Quis vir visitar-vos e escutar-vos, para estarmos juntos no coração da Igreja, solidarizarmo-nos com os vossos desafios e, convosco, reafirmarmos uma opção sincera em prol da defesa da vida, defesa da terra e defesa das culturas”. Na fase da escuta sinodal, os povos indígenas tem manifestado de muitos modos que querem o apoio da Igreja na defesa e promoção de seus direitos, na construção de seu futuro e pedem que a Igreja seja uma aliada constante. De fato, a humanidade tem uma grande dívida para com os povos indígenas nos diferentes continentes da terra e também na Amazônia. É preciso que aos povos indígenas seja devolvido e garantido o direito de serem sujeitos de sua história, protagonistas e não objetos do espírito e prática de colonialismo de quem quer que seja. Suas culturas, línguas, história, identidade, espiritualidade constituem riquezas da humanidade e devem ser respeitadas, preservadas e incluídas na cultura mundial.
A missão da Igreja hoje na Amazônia é o núcleo central do sínodo. É um sínodo da Igreja e para a Igreja. Não uma Igreja cerrada em si mesma, mas integrada na história e na realidade do território – no caso, a Amazônia – atenta aos gritos de socorro e às aspirações da população e da “casa comum” [a criação], aberta ao diálogo, sobretudo ao diálogo inter-religioso e intercultural, acolhedora e desejosa de compartilhar um caminho sinodal com as outras Igrejas, religiões, ciência, governos, instituições, povos, comunidades e pessoas, respeitando as nossas diferenças, no intuito de defender e promover a vida das populações da área, especialmente dos povos originários e a biodiversidade do território na região amazônica. Uma Igreja atualizada, “semper reformanda”, segundo a Evangelii Gaudium, isto é, uma Igreja em saída, missionária, com anúncio explícito de Jesus Cristo, dialogante e acolhedora, que caminha junto e próxima das pessoas e comunidades, misericordiosa, pobre e para os pobres e com os pobres, e em consequência com uma opção preferencial pelos pobres, inculturada, intercultural e sempre mais sinodal. Uma Igreja de dimensão mariana, alimentada com a devoção a Maria Santíssima, segundo muitos títulos locais, em especial o de Maria de Nazaré, cuja festa em Belém do Pará reúne todos os anos milhões de devotos e romeiros. A inculturação da fé cristã nas várias culturas dos povos se impõe, como disse São João Paulo II: “Esta [a inculturação] constitui uma exigência que marcou todo o seu [da Igreja] caminho histórico, mas hoje é particularmente aguda e urgente” (Redemptoris Missio, 52). Junto com a inculturação, a evangelização dos povos amazônicos exige também atenção a interculturalidade, pois ali são muitas e diversificadas as culturas, que contudo mantém algumas raízes comuns. A tarefa da inculturação e da interculturalidade se realiza particularmente na liturgia, no diálogo inter-religioso e ecumênico, na piedade popular, na catequese, na convivência dialogal quotidiana com as populações autóctones, nas obras sociais e caritativas, na vida consagrada, na pastoral urbana.
Mas não se pode esquecer, entretanto, que hoje e há bastante tempo já a Igreja na Amazônia sofre de muita carência de recursos materiais necessários para sua missão e com necessidade de aumentar seu potencial de comunicação (rádio e Tv).
Neste amplo contexto, Igreja e ecologia integral no território estão interligados. Trata-se de uma Igreja consciente de que sua missão religiosa, em coerência com sua fé em Jesus Cristo, inclui necessariamente “o cuidado da casa comum”. Tal interligação demonstra também que o grito da terra e o grito dos pobres na região é o mesmo grito. A vida na Amazônia talvez nunca tenha estado tão ameaçada como hoje, “pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazônica, de modo especial, a violação dos direitos dos povos indígenas, como o direito ao território, à autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento prévios” (IL,14). Segundo o processo de escuta sinodal da população, na Amazônia a ameaça à vida deriva de interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade atual, de maneira especial de empresas que extraem de modo predatório e irresponsável [legal ou ilegalmente] as riquezas do subsolo e da biodiversidade, muitas vezes em conivência ou com permissividade dos governos locais e nacionais e por vezes até com o consenso de alguma autoridade indígena. A consulta sinodal ainda registra que as comunidades consideram que a vida na Amazônia está ameaçada a) pela criminalização e assassinato de líderes e defensores do território; b) pela apropriação e privatização de bens da natureza, como a própria água; c) por concessões madeireiras legais e pela entrada de madeireiras ilegais; d) pela caça e pesca predatórias, principalmente nos rios; e) por megaprojetos: hidrelétricas, concessões florestais, desmatamento para produzir monoculturas, estradas e ferrovias, projetos mineiros e petroleiros; f) pela contaminação ocasionada por todas as indústrias extrativistas que causam problemas e enfermidades, principalmente para crianças e jovens; g) pelo narcotráfico; h) pelos consequentes problemas sociais associados a tais ameaças, como alcoolismo, violência contra a mulher, prostituição de menores, tráfico de pessoas, perda de sua cultura originária e de sua identidade (idioma, práticas espirituais e costumes) e de todas as condições de pobreza às quais estão condenados os povos da Amazônia” (IL,15).
A ecologia integral nos manifesta que tudo está interligado, os seres humanos e a natureza. Todos os seres vivos do Planeta são filhos da terra. O corpo humano é feito do “barro da terra”, no qual Deus “soprou” o espírito de vida, como diz a Bíblia (cf. Gen 2,7). Em consequência, tudo o que se faz em prejuízo da terra, se faz em prejuízo dos seres humanos e de todos os outros seres vivos da terra. Isso mostra que não se pode tratar separadamente ecologia, economia, cultura etc. A Laudato si’ afirma que precisam ser pensadas juntas: uma ecologia ambiental, econômica, social, cultural (cf. LS, cap. IV). O próprio Filho de Deus se encarnou e seu corpo humano vem da terra. Neste corpo, Jesus morreu por nós na cruz para vencer o mal e a morte, ressuscitou dos mortos e está sentado à direita de Deus Pai na glória eterna e imortal. Diz o apóstolo Paulo: “Foi n’Ele [em Jesus ressuscitado] que aprouve a Deus fazer habitar toda a plenitude, por Ele e para Ele, reconciliar todas as coisas (...) tanto as que estão na terra como as que estão nos céus”(Cl 1,19-20). A Laudato si’ acrescenta, dizendo: “Isto lança-nos para o fim dos tempos, quando o Filho entregar ao Pai todas as coisas “a fim de que Deus seja tudo em todos (1Cor 15,28). Assim, as criaturas deste mundo já não nos aparecem como realidade meramente natural, porque o Ressuscitado as envolve misteriosamente e as guia para um destino de plenitude” (LS, 100). Assim, o próprio Deus se interligou definitivamente com toda sua criação. Este mistério se torna também presente sacramentalmente na Eucaristia.
O sínodo se realiza num contexto de uma grave e urgente crise climática e ecológica que atinge todo o nosso planeta. O aquecimento global do planeta pelo efeito estufa gerou uma crise climática sem precedentes, grave e urgente, como mostrou a Laudato si’ e a COP21 de Paris, na qual foi assinado por praticamente todos os países do mundo o Acordo Climático até hoje pouco implementado, apesar da urgência. Ao mesmo tempo, ocorre no planeta uma devastação, depredação e degradação galopante dos recursos da terra, promovidas por um paradigma tecnocrático globalizado, predatório e devastador, denunciado pela Laudato si’. A terra não aguenta mais.
A vasta realidade urbana da Amazônia, em parte consequência das migrações internas, e a presença da Igreja nas cidades é outro tema central deste sínodo, pois também a Igreja na cidade deve desenvolver e consolidar seu rosto amazônico. Ela não pode ser uma reprodução da Igreja urbana de outras regiões. Sua missão na Amazônia inclui o cuidado e a defesa da floresta amazônica e de seus povos: indígenas, caboclos, ribeirinhos, quilombolas, pobres de todo tipo, pequenos agricultores, pescadores, seringueiros, quebradeiras de coco e outros, conforme a região. Esta missão não será certamente um peso, mas uma alegria que só o Evangelho oferece. As migrações, fenômeno mundial hoje, também marcaram os tempos atuais da Pan-amazônia, entre elas, tempos atrás, a migração dos haitianos, hoje a dos venezuelanos, mas sobretudo dos próprios indígenas e outros segmentos pobres do interior da região. A Igreja tem feito um enorme esforço de acolhimento. Mas é preciso destacar a migração de indígenas à cidade. Milhares e milhares. Eles necessitam de uma lúcida e misericordiosa atenção para não perecerem culturalmente e mesmo humanamente na cidade, enfrentando miséria, descaso, desprezo e rejeição e consequentemente provando um vazio interior desesperador. “Na cidade o indígena é um migrante, um ser humano sem-terra e o sobrevivente de uma batalha histórica pela demarcação de sua terra, com sua identidade cultural em crise” (IL, 132).
De muitas formas ele é forçado à invisibilidade. O grito muitas vezes silencioso, porém não menos real e pungente, dos indígenas urbanos precisa ser escutado. A Igreja na cidade enfrenta também toda a problemática social e religiosa de suas periferias pobres e da evangelização de todos os segmentos da população urbana.
Outra questão é a carência de presbíteros a serviço das comunidades locais no território, com a consequente falta da Eucaristia ao menos dominical e de outros sacramentos, bem como a falta de presença dos padres encarregados, que resulta numa pastoral de visitas esporádicas e não de uma adequada pastoral de presença quotidiana. Ora, a Igreja vive da Eucaristia e a Eucaristia edifica a Igreja (S. João Paulo II). A participação na celebração da Eucaristia, ao menos aos domingos, é decisiva para o desenvolvimento progressivo e pleno das comunidades cristãs e para a vivência concreta da Palavra de Deus na vida das pessoas. Será necessário definir novos caminhos para o futuro. Na fase da escuta, as comunidades locais, missionários e comunidades indígenas pediram que, reafirmando o grande valor do carisma do celibato na Igreja, contudo, diante da gritante necessidade da imensa maioria das comunidades católicas na Amazônia, ali se abra caminho para ordenação presbiteral de homens casados, que residam nas comunidades. Ao mesmo tempo, diante do grande número de mulheres que hoje dirigem comunidades na Amazônia, se reconheça este serviço e se procure consolidá-lo com um ministério adequado de mulheres dirigentes de comunidade.
Outro capítulo importante é a questão da água, “porque é indispensável para a vida humana e para sustentar os ecossistemas terrestres e aquáticos” (LS 28). A escassez de água potável e segura é uma ameaça crescente em todo o planeta. “A questão não é marginal, mas fundamental e urgente (...). Toda pessoa humana tem direito ao acesso de água potável e segura; este é um direito humano básico, e uma das questões nodais no mundo atual”, afirmou o Papa Francisco em discurso de 24 de fevereiro de 2017. A Amazônia é uma das mais volumosas reservas de água doce do planeta. ”A bacia do rio Amazonas e as florestas tropicais que a circundam nutrem os solos e, através da reciclagem de umidade, regulam os ciclos de água, energia e carbono a nível planetário. O rio Amazonas sozinho lança no oceano (...) 15% do total de água doce do planeta. Por isso, a Amazônia é essencial para a distribuição das chuvas em outras regiões remotas da América do Sul e contribui para os grandes movimentos de ar ao redor do planeta. Além disso, alimenta a natureza, a vida e as culturas de milhares de comunidades indígenas, camponesas, afrodescendentes, tanto ribeirinhas como urbanas (...). A superabundância natural de água, calor e umidade faz com que os ecossistemas da Amazônia abriguem cerca de 10 a 15% da biodiversidade terrestre” (IL, 9). Entra aqui também a função da floresta e dos povos indígenas. De fato, na Amazônia a floresta cuida da água, a água cuida da floresta e juntas produzem a biodiversidade, sendo os povos indígenas os milenares guardiões deste sistema. Por isso, a Igreja sente-se também chamada a cuidar da água da “casa comum”, ameaçada na Amazônia principalmente pelo aquecimento climático, pelo desmatamento e pela contaminação causada pela mineração e agrotóxicos.
Finalizando, proponho para a dinâmica dos trabalhos desta assembleia sinodal alguns núcleos generativos: a) Igreja em saída na Amazônia e seus novos caminhos; b) O rosto amazônico da Igreja: inculturação e interculturalidade em âmbito missionário-eclesial; c) A ministerialidade da Igreja na Amazônia: presbiterado, diaconato, ministérios, o papel da mulher; d) A ação da Igreja no cuidado com a Casa Comum: a escuta da Terra e dos pobres; ecologia integral ambiental, econômica, social e cultural; e) A Igreja amazônica na realidade urbana; f) A questão da água; g) outros.
Termino, convidando a todos para deixarem-se guiar pelo Espírito Santo nestes dias do sínodo. Deixem-se envolver no manto da Mãe de Deus e Rainha da Amazônia. Não deixemos que nos vença a auto-referencialidade, mas sim a misericórdia diante do grito dos pobres e da terra. Será necessária muita oração, meditação e discernimento, além de uma prática concreta de comunhão eclesial e espírito sinodal. Este sínodo é como uma mesa que Deus preparou para os seus pobres e nos pede a nós que sejamos aqueles que servem à mesa.
[01593-PO.01] [Texto original: Português]
Traduzione in lingua italiana
Il tema del Sinodo che stiamo per iniziare, è: “Amazzonia: Nuovi Cammini per la Chiesa e per una ecologia integrale”. Un tema che riprende le grandi linee pastorali proprie di Papa Francesco. Delineare nuovi cammini. Fin dall’inizio del suo ministero papale, Francesco ha sottolineato la necessità della Chiesa di camminare. Essa non può rimanere ferma in casa, occupandosi solo di sé stessa, racchiusa dentro mura protette. E ancor meno guardando indietro con la nostalgia dei tempi passati. Essa ha bisogno di spalancare le porte, di abbattere le mura che la circondano e di costruire ponti, di uscire e mettersi in cammino nella storia, in questi tempi di cambiamenti epocali, camminando sempre al fianco di tutti, soprattutto di chi vive nelle periferie dell’umanità. Chiesa “in uscita”. Perché uscire? Per accendere luci e riscaldare cuori che aiutino la gente, le comunità, i paesi e l’umanità intera a trovare il senso della vita e della storia. Queste luci sono soprattutto l’annuncio della persona di Gesù Cristo, morto e risorto e del suo regno, così come la pratica della misericordia, della carità e della solidarietà soprattutto verso i poveri, i sofferenti, i dimenticati e gli emarginati del mondo di oggi, i migranti e gli indigeni.
Il camminare rende la Chiesa fedele alla vera tradizione. Non il tradizionalismo che rimane legato al passato, ma la vera tradizione che è la storia viva della Chiesa, in cui ogni generazione, accogliendo ciò che le è stato dato dalle generazioni precedenti, come la comprensione e l’esperienza della fede in Gesù Cristo, arricchisce la tradizione stessa con la propria esperienza e comprensione della fede in Gesù Cristo nei tempi attuali.
Le luci: l’annuncio di Gesù Cristo e la pratica instancabile della misericordia nella tradizione viva della chiesa, indicano il cammino da seguire in un procedere inclusivo che invita, accoglie e incoraggia tutti, senza eccezioni, a camminare insieme, verso il futuro, come amici e fratelli, rispettando le nostre differenze.
“Nuovi cammini”. Nuovi. Non aver paura del nuovo. Nell’omelia di Pentecoste del 2013, Papa Francesco sosteneva: “Lanovitàci fa sempre un po’ di paura, perché ci sentiamo più sicuri se abbiamo tutto sotto controllo, se siamo noi a costruire, a programmare, a progettare la nostra vita secondo i nostri schemi, le nostre sicurezze, i nostri gusti (...) abbiamo paura che Dio ci faccia percorrere strade nuove, ci faccia uscire dal nostro orizzonte spesso limitato, chiuso, egoista, per aprirci ai suoi orizzonti. Ma, in tutta la storia della salvezza, quando Dio si rivela porta novità - Dio porta sempre novità - trasforma e chiede di fidarsi totalmente di Lui”. Nell’Evangelii Gaudium (n. 11), il Papa mostra Gesù Cristo come “l’eterna novità”. Lui è sempre il nuovo. Lui è sempre lo stesso, il nuovo, “ieri, oggi e sempre” (Eb 13, 8) il nuovo. Per questo la chiesa prega: “Manda il tuo Spirito e saràuna nuova creazione e rinnoverai la faccia della terra”. Allora, non temiamo il nuovo. Non temiamo Cristo, il nuovo. Questo sinodo cerca nuovi cammini.
Nel suo discorso ai vescovi brasiliani, durante la Giornata Mondiale della Gioventù, nel 2013, a Rio de Janeiro, parlando di Amazzonia come “un test decisivo, un banco di prova per la Chiesa e per la società brasiliana”, il Papa propone di “rilanciare [lì, in Amazzonia] l’opera della Chiesa”, “di consolidare il volto amazzonico della Chiesa” e “di formare un clero autoctono”, aggiungendo: “In questo, per favore, vi chiedo di essere coraggiosi, di essere intrepidi”. Questo ci rimanda necessariamente alla storia della Chiesa in quella regione. Fin dai primordi della colonizzazione dell’Amazzonia, anche lì ci sono stati i missionari cattolici, sia per dare assistenza ai colonizzatori, sia per evangelizzare, all’epoca, gli indigeni. Inizia così la missione evangelizzatrice della Chiesa nella regione. Tra luci e ombre – sicuramente più luci che ombre – le generazioni successive di missionari e missionarie, soprattutto di Ordini e Congregazioni religiose, ma anche preti diocesani e laici – in particolare le donne – hanno cercato di portare Gesù Cristo ai popoli locali e di costruire comunità cattoliche. È giusto ricordare, riconoscere ed esaltare, in questo sinodo, la storia eroica – e spesso di martirio - di tutti i missionari e missionarie del passato e anche di quelli e quelle di oggi nella Panamazzonia. Accanto ai missionari, ci sono sempre stati numerosi leader laici e indigeni che hanno dato una testimonianza eroica e che spesso sono stati – e lo sono tuttora - uccisi. Non si può dimenticare inoltre, che la chiesa missionaria dell’Amazzonia si è distinta in tutta la sua storia – e ancora oggi si distingue – per i grandi e fondamentali servizi alla popolazione locale in ambito scolastico, sanitario, nella lotta contro la povertà e contro la violazione dei diritti umani. D’altro canto, la storia della Chiesa in Panamazzonia mostra che c’è sempre stata grande carenza di risorse materiali e di missionari per un pieno sviluppo delle comunità, in particolare l’assenza quasi totale dell’Eucaristia e di altri sacramenti essenziali per la vita cristiana quotidiana.
Il volto amazzonico della Chiesa locale deve essere consolidato, come ha detto Papa Francesco nel già citato discorso ai vescovi brasiliani e anche il suo volto indigeno nelle comunità indigene, come ha esortato il Papa a Puerto Maldonado (19.01.2018). Fin dall’annuncio del Sinodo, il Papa ha messo in chiaro che il rapporto della Chiesa con i popoli indigeni e con la foresta Amazzonica, è uno dei suoi temi centrali. Infatti, annunciando il sinodo e spiegando le sue finalità, Francesco ha detto: “Scopo principale di questa convocazione è individuare nuove strade per l’evangelizzazione di quella porzione del Popolo di Dio, specialmente degli indigeni, spesso dimenticati e senza la prospettiva di un avvenire sereno, anche a causa della crisi della foresta Amazzonica, polmone di capitale importanza per il nostro pianeta” (Vaticano, 15.10.17). E a Puerto Maldonado, ha detto ai popoli indigeni: “Ho voluto venirea visitarvi e ascoltarvi, per stare insieme nel cuore della Chiesa, unirci alle vostre sfide e con voi riaffermare un’opzione convinta per la difesa della vita, per la difesa della terra e per la difesa delle culture.” Nella fase dell’ascolto sinodale, i popoli indigeni hanno manifestato in molti modi che vogliono il sostegno della Chiesa nella difesa e nella tutela dei loro diritti, nella costruzione del loro futuro. E chiedono alla Chiesa di essere un’alleata costante. Di fatto, l'umanità ha un grande debito verso le popolazioni indigene nei diversi continenti della terra e anche in Amazzonia. Ai popoli indigeni deve essere restituito e garantito il diritto di essere protagonisti della loro storia, soggetti e non oggetti dello spirito e dell’azione del colonialismo di chiunque. Le loro culture, le lingue, le storie, le identità, le spiritualità costituiscono ricchezze dell’umanità e devono essere rispettate e preservate e incluse nella cultura mondiale.
La missione della Chiesa oggi in Amazzonia è il nodo centrale del sinodo. È un sinodo della Chiesa per la Chiesa. Non una Chiesa chiusa su se stessa, ma integrata nella storia e nella realtà del territorio – in questo caso, dell’Amazzonia – attenta al grido di aiuto e alle aspirazioni della popolazione e della “casa comune” [il creato], aperta al dialogo, soprattutto al dialogo interreligioso e interculturale, accogliente e desiderosa di condividere un cammino sinodale con le altre chiese, religioni, scienza, governi, istituzioni, popoli, comunità e persone, rispettando le differenze, con l’intento di difendere e promuovere la vita delle popolazioni dell’area, soprattutto dei popoli originari e preservare la biodiversità del territorio nella regione amazzonica. Una Chiesa aggiornata, “semper reformanda”, secondo l’Evangelii Gaudium, ossia, una Chiesa in uscita, missionaria, con l’annuncio esplicito di Gesù Cristo, dialogante e accogliente, che cammina accanto alla gente e alle comunità, misericordiosa, povera, per i poveri, e con i poveri, e dunque con una opzione preferenziale per i poveri, inculturata, interculturale e sempre più sinodale. Una Chiesa di dimensione mariana, alimentata con la devozione per Maria Santissima, secondo molti titoli locali, soprattutto quello di Maria de Nazaré, la cui festa a Belém do Pará riunisce ogni anno milioni di devoti e di pellegrini. L’inculturazione della fede cristiana nelle diverse culture dei popoli si impone, come ha detto San Giovanni Paolo II: “Questa [l’inculturazione] costituisce un'esigenza che ha segnato tutto il cammino storico [della Chiesa], ma oggi è particolarmente acuta e urgente” (Redemptoris Missio, 52). Assieme all’inculturazione, l’evangelizzazione dei popoli amazzonici richiede anche particolare attenzione all’interculturalità, perché è lì che le culture sono molte e diversificate, sebbene mantengono alcune radici comuni. Il compito dell’inculturazione e dell’interculturalità si svolge soprattutto nella liturgia, nel dialogo interreligioso ed ecumenico, nella pietà popolare, nella catechesi, nella convivenza dialogale quotidiana, con le popolazioni autoctone, nelle opere sociali e caritatevoli, nella vita consacrata, nella pastorale urbana.
Tuttavia, non si può dimenticare che oggi, e già da molto tempo, la Chiesa in Amazzonia soffre per la mancanza di risorse materiali necessarie per la sua missione e che ha la necessità di aumentare il suo potenziale di comunicazione (radio e Tv).
In questo ampio contesto, Chiesa ed ecologia integrale sul territorio sono collegate. E’ una Chiesa consapevole che la sua missione religiosa, in modo coerente con la sua fede in Gesù Cristo, include inevitabilmente “la cura della casa comune”. Questo legame dimostra anche che il grido della terra e il grido dei poveri della regione è lo stesso grido. La vita in Amazzonia forse non è mai stata tanto minacciata come oggi, “dalla distruzione e dallo sfruttamento ambientale, dalla sistematica violazione dei diritti umani fondamentali della popolazione amazzonica. In particolare, la violazione dei diritti dei popoli originari, come il diritto al territorio, all'autodeterminazione, alla delimitazione dei territori, alla consultazione e al consenso previo.” (IL,14). Secondo il processo di ascolto sinodale della popolazione, la minaccia alla vita in Amazzonia deriva da interessi economici e politici dei settori dominanti della società odierna, in particolare delle imprese che estraggono in modo predatorio e irresponsabile [legalmente o illegalmente] le ricchezze del sottosuolo e alterano la biodiversità, spesso in connivenza, o con la permissività dei governi locali e nazionali e a volte anche con il consenso di qualche autorità indigena. La consultazione sinodale registra anche che le comunità ritengono che la vita in Amazzonia sia minacciata soprattutto da: a) la criminalizzazione e l’assassinio di leader e difensori del territorio; (b) l’appropriazione e la privatizzazione di beni naturali, come l'acqua stessa; (c) le concessioni a imprese di disboscamento legali e l’ingresso di imprese di disboscamento illegali; (d) caccia e pesca predatorie, soprattutto nei fiumi; (e) megaprogetti: idroelettrici, concessioni forestali, disboscamento per produrre monocolture, strade e ferrovie, progetti minerari e petroliferi; (f) inquinamento provocato dall'intera industria estrattiva che crea problemi e malattie, in particolare ai bambini/e ai giovani; (g) il narcotraffico; (h) i conseguenti problemi sociali associati a tali minacce come l'alcolismo, la violenza contro la donna, il lavoro sessuale, il traffico di esseri umani, la perdita della loro cultura originaria e della loro identità (lingua, pratiche spirituali e costumi), e l’intera condizione di povertà a cui sono condannati i popoli dell'Amazzonia” (IL,15).
L’ecologia integrale ci palesa che tutto è collegato, gli esseri umani e la natura. Tutti gli esseri viventi del pianeta sono figli della terra. Il corpo umano è fatto con il “fango della terra”, su cui Dio ha “soffiato” lo spirito di vita, come dice la Bibbia (cf. Gen 2,7). Di conseguenza, tutto ciò che viene fatto ai danni della terra, danneggia gli esseri umani e tutti gli altri esseri viventi della terra. Questo dimostra che non si può affrontare separatamente ecologia, economia, cultura etc. In Laudato si’ si sostiene che devono essere pensate congiuntamente: un’ecologia ambientale, economica, sociale e culturale (cf. LS, cap. IV).
Anche il Figlio di Dio si è incarnato e il suo corpo umano viene dalla terra. In questo corpo, Gesù è morto per noi sulla croce per vincere il male e la morte, è resuscitato tra i morti ed è seduto alla destra di Dio Padre nella gloria eterna e immortale. Dice l’apostolo Paolo: “Perché piacque a Dio di fare abitare in lui [in Gesù resuscitato] ogni pienezza, e per mezzo di lui riconciliare a sé tutte le cose (...) le cose che stanno sulla terra e quelle nei cieli” (Cl 1,19-20). In Laudato si’ leggiamo: “Questo ci proietta alla fine dei tempi, quando il Figlio consegnerà al Padre tutte le cose perché Dio sia tutto in tutti (1Cor 15,28). Così le creature di questo mondo non ci appaiono più come semplice realtà naturale, perché il Resuscitato le coinvolge misteriosamente e le guida verso un destino di pienezza” (LS, 100). Così, Dio stesso si è collegato definitivamente a tutto il suo creato. Questo mistero si compie nel sacramento dell’Eucaristia.
Il Sinodo si svolge in un contesto di grave e urgente crisi climatica ed ecologica che coinvolge tutto il nostro pianeta. Il riscaldamento globale del pianeta per l’effetto serra ha generato uno squilibrio climatico senza precedenti, grave e impellente, come mostrato dalla Laudato si’ e dal COP21 di Parigi, dove è stato sottoscritto, praticamente da tutti i paesi del mondo, l’Accordo Climatico in verità fino ad oggi quasi inattuato, malgrado l’urgenza. Al tempo stesso, sul Pianeta avviene una devastazione, una depredazione e un degrado galoppante delle risorse della terra, tutto promosso da un paradigma tecnocratico globalizzato, predatorio e devastante, denunciato dalla Laudato si’. La terra non ce la fa più.
L’enorme realtà urbana dell’Amazzonia, in parte conseguenza delle migrazioni interne, e la presenza della Chiesa nelle città è un altro tema centrale di questo sinodo, perché anche la Chiesa, nella città, deve sviluppare e consolidare il suo volto amazzonico. Essa non può essere la riproduzione della Chiesa urbana di altre regioni. La sua missione in Amazzonia include la cura e la difesa della foresta amazzonica e dei suoi popoli: indigeni, caboclos, ribeirinhos, quilombolas, poveri di ogni specie, piccoli agricoltori, pescatori, seringueiros, spaccatrici di cocco e altri, secondo la regione. Questa missione sicuramente non sarà un peso, ma una gioia come solo il Vangelo sa offrire. Oggi le migrazioni sono un fenomeno mondiale, segnano i tempi attuali della Panamazzonia, tra le migrazioni, in passato quella degli haitiani, oggi quella dei venezuelani, ma soprattutto degli stessi indigeni e altre porzioni di poveri dell’interno della regione. La Chiesa ha fatto un grande sforzo di accoglienza. Ma bisogna porre l’accento sulla migrazione degli indigeni nelle città. Migliaia e migliaia. Hanno bisogno di un’attenzione efficace e misericordiosa per non soccombere culturalmente e umanamente in città, davanti alla miseria, all’abbandono, al disprezzo e al rifiuto, con un disperante vuoto interiore. “L’indigeno in città è un migrante, un essere umano senza terra e un sopravvissuto a una storica battaglia per la delimitazione della sua terra, con la sua identità culturale in crisi.” (IL, 132). Per molte ragioni è obbligato all’invisibilità. Il grido spesso silenzioso, ma non meno forte e pungente, degli indigeni urbani deve essere ascoltato. La Chiesa in città affronta tutta la problematica sociale e religiosa delle sue periferie povere e dell’evangelizzazione di tutti i segmenti della popolazione urbana.
Un’altra questione è la carenza di presbiteri al servizio delle comunità locali sul territorio, con la conseguente mancanza della Eucaristia, almeno domenicale, e di altri sacramenti. Mancano anche preti incaricati, questo significa una pastorale fatta di visite sporadiche anziché di un’adeguata pastorale con presenza quotidiana. Ebbene, la Chiesa vive dell’Eucaristia e l’Eucaristia edifica la Chiesa (S. Giovanni Paolo II). La partecipazione nella celebrazione dell’Eucaristia, almeno la domenica, è fondamentale per lo sviluppo progressivo e pieno delle comunità cristiane e per la vera esperienza della Parola di Dio nella vita delle persone. Sarà necessario definire nuovi cammini per il futuro. Nella fase di ascolto, le comunità indigene hanno chiesto che, pur confermando il grande valore del carisma del celibato nella Chiesa, di fronte all’impellente necessità della maggior parte delle comunità cattoliche in Amazzonia, si apra la strada all'ordinazione sacerdotale degli uomini sposati residenti nelle comunità. Al tempo stesso, di fronte al gran numero di donne che oggi dirigono le comunità in Amazzonia, si riconosca questo servizio e si cerchi di consolidarlo con un ministero adatto alle donne dirigenti di comunità.
Un altro importante capitolo è la questione dell’acqua, “perché è indispensabile per la vita umana e per sostenere gli ecosistemi terrestri e acquatici” (LS 28). La scarsità di acqua potabile e sicura è una minaccia crescente in tutto il pianeta. “la questione non è marginale, bensì fondamentale e molto urgente (...). Ogni persona ha diritto all’accesso all’acqua potabile e sicura; è undiritto umano essenzialee una delle questioni cruciali nel mondo attuale”, ha affermato Papa Francesco in un discorso del 24 febbraio 2017. L’Amazzonia è una delle più voluminose riserve di acqua dolce nel pianeta. “Il bacino del Rio delle Amazzoni e le foreste tropicali che lo circondano nutrono i suoli e regolano, attraverso il riciclo dell'umidità, i cicli dell'acqua, dell'energia e del carbonio a livello planetario. Solo il Rio delle Amazzoni getta nell’Oceano (...) il 15% di acqua dolce totale del pianeta. Ecco perché l'Amazzonia è essenziale per la distribuzione delle piogge in altre regioni remote del Sud America e contribuisce ai grandi movimenti dell'aria in tutto il pianeta. Nutre anche la natura, la vita e le culture di migliaia di comunità indigene, contadini, afro-discendenti, popolazioni che vivono sulle rive dei fiumi e delle città (...). La sovrabbondanza naturale di acqua, calore e umidità fa sì che gli ecosistemi dell'Amazzonia ospitino dal 10 al 15% circa della biodiversità terrestre” (IL,9). Qui subentra anche la funzione della foresta e dei popoli indigeni. Di fatto, in Amazzonia la foresta si prende cura dell’acqua e l’acqua si prende cura della foresta e insieme producono la biodiversità, e i popoli indigeni sono i millenari guardiani di questo sistema. Per questo anche la Chiesa si sente chiamata a prendersi cura dell’acqua della “casa comune”, minacciata in Amazzonia principalmente dal riscaldamento climatico, dalla deforestazione e dalla contaminazione causata dalle miniere e dai pesticidi.
Per concludere, propongo, per la dinamica dei lavori di questa assemblea sinodale, alcuni nuclei generativi: a) la Chiesa in uscita in Amazzonia e i suoi nuovi cammini; b) Il volto amazzonico della chiesa: inculturazione e interculturalità in ambito missionario-ecclesiale; c) La ministerialità nella chiesa in Amazzonia: presbiterato, diaconato, ministeri, il ruolo della donna; d) L’azione della Chiesa nel prendersi cura della Casa Comune: l’ascolto della Terra e dei poveri; ecologia integrale ambientale, economica, sociale e culturale; e) La Chiesa amazzonica nella realtà urbana; f) La questione dell’acqua; g) altri.
Chiudo invitando tutti a lasciarsi guidare dallo Spirito Santo in queste giornate di sinodo. Lasciatevi avvolgere dal mantello della Madre di Dio, Regina dell’Amazzonia. Non lasciamoci sopraffare dall’autoreferenzialità, ma dalla misericordia davanti al grido dei poveri e della terra. Sarà necessario pregare molto, meditare e discernere una pratica concreta di comunione ecclesiale e di spirito sinodale. Questo sinodo è come un tavolo che Dio ha imbandito per i suoi poveri e ci chiede di servire a quel tavolo.
[01593-IT.01] [Testo originale: Portoghese]
Traduzione in lingua inglese
The subject of the Synod we are inaugurating is, “Amazonia: New Pathways for the Church and for an integral ecology.” The theme addressed follows the broad pastoral guidelines characteristic of Pope Francis for creating new pathways. From the very beginning of his papal ministry, Pope Francis has emphasised the Church’s need to move forward. The Church cannot remain inactive within her own closed circle, focused on herself, surrounded by protective walls and even less can she look nostalgically to the past. The Church needs to throw open her doors, knock down the walls surrounding her and build bridges, going out into the world and setting out on the path of history. In these times of momentous changes, the Church must always walk next to everyone and especially those living on the margins of humankind; an “outgoing” Church. Why outgoing? So as to turn on the lights and warm the hearts of those who help people, communities, countries and all humankind to discover the meaning of life and of history. These lights are above all the announcement of the person of Jesus Christ, dead and risen, and of His Kingdom, as is the practice of mercy as well as charity and solidarity above all towards the poor, those who suffer, the forgotten and the marginalised in today’s world such as migrants and indigenous peoples.
It is moving forwards that makes the Church loyal to its true tradition. Traditionalism, which remains linked to the past, is one thing, but true tradition, which is the Church’s living history, is something else through which every generation, accepting what has been handed down by previous generations, such as understanding and experiencing faith in Jesus Christ, enriches this tradition in current times with their own experience and understanding of faith in Jesus Christ.
The light means announcing Jesus Christ and untiringly practising mercy in the Church’s living tradition. It means showing the path to be followed in moving forwards inclusively in a way that invites, welcomes and encourages everyone, with no exceptions, as friends and siblings, respecting the differences between us.
“New pathways.” One must not fear what is new. In his 2013 Pentecost homily, Pope Francis already expressed the idea that, “Newness always makes us a bit fearful, because we feel more secure if we have everything under control, if we are the ones who build, programme and plan our lives in accordance with our own ideas, our own comfort, our own preferences... (...) We fear that God may force us to strike out on new paths and leave behind our all too narrow, closed and selfish horizons in order to become open to his own. Yet throughout the history of salvation, whenever God reveals himself, he brings newness - God always brings newness -, and demands our complete trust.” In the Evangelii Gaudium (no. 11), the Pope portrays Jesus Christ as “eternal newness”. He is always new, He is always the same newness, “yesterday, today and forever” (Heb 13, 8) He is what is new. That is why the Church prays using the words, “Send forth your spirit and they shall be created, and you shall renew the face of the earth.” So we must not fear newness, we must not fear Christ, the new. This Synod is in search of new pathways.
In his speech to Brazilian bishops during the 2013 World Youth Day in Rio de Janeiro, speaking of the Amazon as “a litmus test for Church and society in Brazil,” the Pope proposed that the “the Church’s work needs to be further encouraged and launched afresh [in Amazonia], consolidating the results achieved in the area of training a native clergy and providing priests suited to local conditions and committed to consolidating, as it were, the Church’s Amazonian face.” Pope Francis added, “In this, please, I ask you, be courageous, and have parrhesia! In the “porteño” language [of Buenos Aires], be fearless.” This inevitably returns us to the history of the Church in that region. Ever since the very beginning of the colonisation of Amazonia, Catholic missionaries were there both to provide assistance to the colonisers and to evangelise the indigenous peoples. This marked the beginning of the Church’s evangelising mission in the region. Amidst light and shadow – certainly more lights than shadows – later generations of missionaries of both genders, above all religious Orders and Congregations, but also diocesan priests and lay people– in particular women – tried to bring Jesus Christ to local people and establish Catholic communities. In this synod, it is right to remember, acknowledge and exalt the heroic history, and often martyrdom, of all the missionaries of the past as well as those who are today in Pan-Amazonia. In addition to missionaries, there have also always been many lay and indigenous leaders who provided heroic testimony and were often killed, as still happens today. Furthermore, one cannot forget that the missionary Church of Amazonia distinguished itself – and still does today – for the great and essential services provided to local populations in terms of schools, health care, the fight against poverty and human rights violations. On the other hand, the history of the Church in Pan-Amazonia shows us that there has always been a great lack of material resources and not enough missionaries for the full development of a community with, in particular, an almost total absence of the Eucharist and other sacraments essential for daily Christian life.
The Amazonian aspect of the local Church must be consolidated, as Pope Francis said in the aforementioned speech made to Brazilian Bishops and, as exhorted by His Holiness in Puerto Maldonado (19.01.2018), so must its indigenous aspect within indigenous communities. Ever since the Synod was announced, the Pope has made it clear that the Church’s relationship with indigenous people and the Amazon Forest is to be one of its central subjects. In announcing the Synod and in explaining its objectives, Francis said, “The main purpose of this convocation is to identify new paths for the evangelization of this segment of the People of God, especially the indigenous peoples, often forgotten and without the prospect of a peaceful future, also due to the crisis of the Amazon rainforest, the lungs of paramount importance for our planet” (Vatican City, 15.10.17). In Puerto Maldonado, he also told the indigenous people, “I wanted to come to visit you and listen to you, so that we can stand together, in the heart of the Church, and share your challenges and reaffirm with you a heartfelt option for the defence of life, the defence of the earth and the defence of cultures.” In the synodal consultation stages, the indigenous people made manifest in various ways that they want the Church’s support in defending and upholding their rights as well as in the creation of their future. They ask that the Church be a constant ally. This is because humankind has a great debt towards the indigenous peoples on the planet’s various continents and therefore also in Amazonia. It is necessary that the right to be the leading players in their own history be returned and guaranteed to indigenous populations, as the subjects and not objects of the spirit or the victims of anyone’s colonialism. Their cultures, languages, history, identity and spirituality are humanity’s wealth and must be respected and preserved as well as included in global culture.
The Church’s mission today in Amazonia is the Synod’s central issue. This is a Synod of the Church for the Church. Not an inward looking Church, but one integrated in the history and the reality of the territory – in this case Amazonia –, attentive to calls for help and the populations’ aspirations and the “common home” [the creation]. A Church open to dialogue, especially interreligious and intercultural dialogue. A Church that is welcoming and wanting to share a synodal path with other churches, religions, sciences, governments, institutions, peoples, communities and persons. A Church respecting differences, with the intention of defending and promoting life for the populations in the area, above all those who originated there, while preserving biodiversity in the Amazon region. An updated Church, “simper reformanda”, according to the Evangelii Gaudium; an outgoing missionary Church, explicitly announcing Jesus Christ, welcoming and communicative, merciful, poor, for the poor and with the poor. Therefore a Church with a preferential, encultured, inter-cultural and increasingly more synodal attention paid to the poor. A Marian Church, fuelled by devotion for the Most Holy Virgin Mary, according to many local titles, especially that of Maria de Nazaré, whose festivity brings together millions of pilgrims and faithful every year in Belém do Pará.
Inculturation of the Christian faith in the various different cultures is necessary. As St. John Paul II says about the missionary mandate of the Christian faith in the various different cultures, “The need for such involvement has marked the Church's pilgrimage throughout her history, but today it is particularly urgent.” (Redemptoris Missio, 52). Together with inculturation, the evangelisation of the peoples of the Amazon also requires paying particular attention to inter-culturality, because it is there that cultures are many and diversified, although they continue to share a number of common roots. The task of inculturation and inter-culturality lies above all in the liturgy, in interreligious and ecumenical dialogue, in popular piety, in catechesis, in daily coexistence in a dialogue with autochthon peoples in social and charitable works, in consecrated life and urban pastoral care.
One cannot however forget that nowadays and already for a very long time, the Church in Amazonia has suffered a great lack of the resources needed for its mission and that it needs to increase its communications potential (radio and television).
Within this broad context, the Church and integral ecology are united in this region. Ours is a Church that is aware that its religious mission, in keeping with its faith in Jesus Christ, inevitably includes “care of the common home”. This bond also proves that the cries of the land and those of the poor in this region are one and the same. Life in Amazonia has perhaps never before been so threatened “by environmental destruction and exploitation and by the systematic violation of the basic human rights of the Amazon population. In particular, the violation of the rights of indigenous peoples, such as the right to territory, to self-determination, to the demarcation of territories, and to prior consultation and consent.” (IL,14). According to synodal consultations with local populations, the threat to life in Amazonia derives from the financial and political interests of dominant sectors in today’s society, in particular those of companies that extract riches below the ground in a predatory and irresponsible manner [legally or illegally] also altering biodiversity. This often takes place in collusion or with the compliance of local and national governments and at times also with the consent of some local authorities.
Numerous consultations held throughout the Amazon show that the communities consider that life in the Amazon is especially threatened by: (a) criminalization and assassination of leaders and defenders of the territory; (b) appropriation and privatization of natural goods such as water itself; (c) both legal logging concessions and illegal logging; (d) predatory hunting and fishing, mainly in rivers; (e) mega-projects: hydroelectric and forest concessions, logging for monoculture production, construction of roads and railways, or mining and oil projects; (f) pollution caused by the entire extractive industry that causes problems and diseases, especially among children and young people; (g) drug trafficking; (h) the resulting social problems associated with these threats such as alcoholism, violence against women, sex work, human trafficking, loss of original culture and identity (language, spiritual practices and customs), and all conditions of poverty to which the peoples of the Amazon are condemned (IL,15).
Integral ecology teaches us that everything is connected, human beings and nature. All living beings on the planet are children of the earth. The human body is made of the “dust of the ground”, into which God “breathed” the spirit of life as the Bible says (cf. Gen 2,7). Consequently, all damage done to the earth damages human beings and all the other living creatures on the earth. This proves that one cannot address ecology, economy, culture and other issues separately. In the Laudato si’ it is stated that they must be considered as one; an environmental, economic, social and cultural ecology (cf. LS, cap. IV).
The Son of God too became a man and his human body comes from the earth. In this body, Jesus died for us on the Cross to overcome evil and death, he rose again among the dead and now sits to the right of God the Father in eternal and immortal glory. The Apostle Paul writes, “For in him all the fullness was pleased to dwell, and through him to reconcile all things for him (...) whether those on earth or those in heaven.”(Col. 1,19-20). In Laudato si’ we read that, “This leads us to direct our gaze to the end of time, when the Son will deliver all things to the Father, so that “God may be everything to everyone” (1 Cor.15:28). Thus, “the creatures of this world no longer appear to us under merely natural guise because the risen One is mysteriously holding them to himself and directing them towards fullness as their end” (LS, 100). It is thus that God has definitively connected Himself to His entire creation. This mystery is accomplished in the sacrament of the Eucharist. This Synod is held within the context of a serious and urgent climatic and ecological crisis, which involves our entire planet. The planet’s global warming caused by the greenhouse effect has resulted in an unprecedented, serious and pressing climatic imbalance as stated in the Laudato si’ and the Paris COP21, where practically all the countries in the world signed the Agreement on climate that for the moment has remained almost unimplemented in spite of its urgency. At the same time, the planet is experiencing galloping devastation, depredation and degradation of the earth’s resources, all fostered by a globalised, predatory and devastating technocratic paradigm reported by Laudato si’. The earth cannot take this anymore.
The immense urban reality of Amazonia, partly the result of internal migrations, and the presence of the Church in cities are another central theme in this Synod, because in cities the Church too must develop and consolidate its Amazonian face. It cannot be a reproduction of the urban Church in other regions. The Church’s mission in Amazonia includes the care and defence of the Amazon Forest and its people: indigenous, caboclos, ribeirinhos, quilombolas, poor of all species, small farmers, fishermen, seringueiros, coconut splitters and others, depending on the region. This mission will certainly not be a burden, but a joy such as only the Gospel can offer. Nowadays migrations are a global phenomenon, marking current times in Pan-Amazonia, amidst those of Haitians in the past and Venezuelans today, but, above all, those of the indigenous people and others groups of the poor in the region’s interior. The Church has made a great effort to welcome them. One must, however, highlight the migrations of indigenous people to the cities in their thousands. They need effective and compassionate attention so as not to culturally and humanly succumb in cities, faced with extreme poverty, abandonment, rejection, disdain and denial, thereby experiencing a desperate internal void. “Indigenous individuals in the city are migrants, landless human beings, survivors of a historic battle for the demarcation of their land, with their cultural identity in crisis.” (IL, 132). For many reasons they are obliged to be invisible. One must listen to the often silent but no less real and bitter calls for help of urban indigenous people. The Church in the cities faces all the social and religious problems of its poorest peripheries and of the evangelisation of all sectors of the urban population.
Another issue consists in the lack of priests at the service of local communities in the area, with a consequent lack of the Eucharist, at least on Sundays, as well as other sacraments. There is a lack of appointed priests and this means pastoral care consisting of occasional instead of adequate daily pastoral care. The Church lives on the Eucharist and the Eucharist is the foundation of the Church (St. John Paul II). Participation in the celebration of the Eucharist, at least on Sundays, is essential for the full and progressive development of Christian communities and a true experience of the Word of God in people’s lives. It will be necessary to define new paths for the future. During the consultation stages, indigenous communities, faced with the urgent need experienced by most of the Catholic communities in Amazonia, requested that the path be opened for the ordination of married men resident in their communities, albeit confirming the great importance of the charisma of celibacy in the Church. At the same time, faced with a great number of women who nowadays lead communities in Amazonia, there is a request that this service be acknowledged and there be an attempt to consolidate it with a suitable ministry for them.
Another important chapter concerns water, “Clean drinking water is an issue of primary importance. It is indispensable for human life and to sustain terrestrial or aquatic ecosystems.” (LS 28). The lack of safe drinking water is a growing threat all over the planet. “The questions that you are discussing are not marginal, but basic and pressing. (...). All people have a right to safe drinking water. This is a basic human right and a central issue in today’s world,” said Pope Francis in a speech made on February 24th, 2017. The Amazon is one of the planet’s largest reserves of freshwater. “The Amazon River basin and the surrounding tropical forests nourish the soil and regulate, through the recycling of moisture, the cycles of water, energy and carbon at the planetary level. The Amazon River alone sends 15% of the total fresh water of the planet every year into the Atlantic Ocean. The Amazon is essential for the distribution of rainfall in other distant regions of South America and contributes to the great movements of air around the planet. Moreover, it nurtures the nature, life and cultures of thousands of indigenous, peasant, Afro-descendant, river and urban communities.(...). Its generous natural abundance of water, heat and humidity means that the ecosystems of the Amazon host around 10% to 15% of the terrestrial biodiversity.”(IL,9). The role played by the forest and the indigenous populations also matters. In Amazonia the forest effectively takes care of the water and the water takes care of the forest, as together they produce biodiversity and the indigenous people have been the guardians of this system for millennia. It is for this reason that the Church also feels it is called upon to look after the water of our “shared home”, threatened mainly in Amazonia by global warming, deforestation and the contamination caused by mining and pesticides.
In conclusion, to comply with the working dynamics of this synodal assembly, I wish to suggest a number of core issues: a) The outgoing Church and its new pathways in Amazonia; b) The Church’s Amazonian face: inculturation and inter-culturality in a missionary-ecclesial context; c)Ministries in the Church in Amazonia: presbyterate, deaconate, ministries and the role played by women; d) The work done by the Church in looking after our “shared home”; listening to the earth and to the poor; integral environmental, economic, social and cultural ecology; e) The Amazonian Church in the urban reality; f) The issues concerning water; g) others.
I would like to conclude by inviting everyone to allow themselves to be guided by the Holy Spirit during these days of the Synod. Allow yourselves to be enveloped by the cloak of the Mother of God, Queen of Amazonia. We must not allow ourselves to be overcome by self-referentiality, but by mercy when faced with the pain expressed by the poor and the earth. We will need to pray a great deal, to meditate and discern a real practice of ecclesial communion and a synodal spirit. This Synod is like a table that God has prepared for His poor and He is asking us to serve at that table.
[01593-EN.01] [Original text: Portuguese]
Traduzione in lingua spagnola
El tema del Sínodo que estamos inaugurando es: “Amazonía: Nuevos caminos para la Iglesia y para una ecología integral”. El asunto retoma las grandes directrices pastorales propias de Papa Francisco. Trazar nuevas trayectorias. Desde el principio de su ministerio papal Francisco ha venido destacando que la Iglesia necesita caminar. Ella no puede permanecer sentada en su casa, cuidando sólo de sí misma, encerrada entre paredes protectoras. Y menos aún mirando hacia atrás, añorando los tiempos pasados. La Iglesia necesita abrir sus puertas de par en par, derrumbar los muros que la rodean y construir puentes, salir y echar a caminar a lo largo de la historia. En estos tiempos de cambio de época necesita caminar al lado de todos y cada uno, sobre todo los que viven en las periferias de la humanidad. Iglesia “en salida”. Para qué salir. Para encender luces y calentar corazones que ayuden a la gente, las comunidades, los países y la humanidad toda a encontrar el sentido de la vida y de la historia. Estas luces son, primeramente, el anuncio de la persona y el reino de Jesús Cristo muerto y resucitado, y la práctica de la misericordia, la caridad y la solidaridad sobre todo para con los pobres, los que sufren, los olvidados y los marginados del mundo actual, los migrantes y los indígenas.
Caminar permite a la Iglesia ser fiel a su verdadera tradición. Una cosa es el tradicionalismo que queda vinculado por el pasado, y otra es la verdadera tradición, que es la historia viva de la Iglesia, en la cual toda promoción al acoger el legado de las anteriores, como la comprensión y la experiencia de fe en Jesús Cristo, enriquece dicha tradición en el presente con su propia experiencia y comprensión de la fe en Jesús Cristo.
Las luces: el anuncio de Jesús Cristo y la práctica incansable de la misericordia en la tradición viva de la Iglesia señalan la senda por seguir caminado de forma inclusiva, invitando, acogiendo y alentando a todo el mundo sin excepciones hacia el futuro, como amigos y hermanos en el mutuo respeto a las diferencias.
“Nuevos caminos”. Nuevos. No tener miedo a la novedad. Ya en la homilía de Pentecostés de 2013 Papa Francisco mantuvo: “La novedad nos da siempre un poco de miedo, porque nos sentimos más seguros si tenemos todo bajo control, si somos nosotros los que construimos, programamos, planificamos nuestra vida, según nuestros esquemas, seguridades, gustos (...) tenemos miedo a que Dios nos lleve por caminos nuevos, nos saque de nuestros horizontes con frecuencia limitados, cerrados, egoístas, para abrirnos a los suyos. Pero, en toda la historia de la salvación, cuando Dios se revela, aparece su novedad —Dios ofrece siempre novedad—, trasforma y pide confianza total en Él”. En la Evangelii Gaudium (n. 11), el Papa muestra a Jesús Cristo como “una eterna novedad”. Él siempre es la novedad. Él siempre es el mismo, la novedad, “ayer, hoy y por los siglos” (Heb 13,8). Por ello la Iglesia reza: “Envía tu Espíritu y será una nueva creación y renovarás la faz de la tierra”. Entonces, no tengamos miedo a la novedad. No le tengamos miedo a Cristo, la novedad. Este Sínodo busca nuevos caminos.
En su discurso a los obispos brasileños, durante la Jornada Mundial de la Juventud en el año 2013 en Río de Janeiro el Papa, equiparando la Amazonía a un “tornasol, un banco de prueba para la Iglesia y la sociedad brasileña”, exhorta a que la “obra de la Iglesia sea ulteriormente relanzada [en la Amazonía]”, se fortalezca “el rostro amazónico de la Iglesia” y se forme “un clero autoctono”; además, añade: “ Para ello les pido por favor que sean valientes, que sean intrépidos.” Estas palabras aluden necesariamente a la historia de la Iglesia en aquella región. Desde los albores de la colonización de la Amazonía hubo allí misioneros católicos ya sea para brindar asistencia espiritual a los colonizadores o para evangelizar a los indígenas. Así empezó la misión evangelizadora de la Iglesia en la región. Entre luces y sombras – seguro que más luces que sombras – las generaciones sucesivas de misioneros y misioneras, sobre todo Órdenes y Congregaciones religiosas, pero también sacerdotes diocesanos y laicos – mujeres especialmente – intentaron llevar a Jesús Cristo a los pueblos locales edificando comunidades católicas. Es justo recordar, reconocer y exaltar, en este sínodo, la historia de heroísmo – y con frecuencia de martirio – de todos los misioneros y las misioneras de antaño, y también de aquellos y aquellas que se encuentran hoy en la Panamazonía. Al lado de estos misioneros siempre ha habido líderes laicos e indígenas que por su heroico testimonio a menudo han sido asesinados, y siguen siéndolo. Además, no se puede olvidar que a lo largo de toda su historia la Iglesia misionera de la Amazonía ha destacado por brindar grandes y fundamentales servicios a la población local en el tema de la educación, la salud, la lucha contra la pobreza y la violación de los derechos humanos. La historia de la Iglesia en la Panamazonía demuestra que siempre ha habido gran escasez de recursos materiales y de misioneros para que las comunidades pudieran desarrollarse en plenitud: destaca la ausencia casi total de la Eucaristía y de otros sacramentos esenciales para la vida cristiana de todos los días.
El rostro amazónico de la Iglesia local debe ser fortalecido, dijo Papa Francisco en el ya citado discurso a los obispos brasileños, al igual que su rostro indígena en las comunidades indígenas, según mantuvo en la exhortación en Puerto Maldonado (19.01.2018). Ya en el anuncio del Sínodo, el Papa dijo claramente que la relación de la Iglesia con los pueblos indígenas y la selva amazónica es uno de sus temas centrales. De hecho, al anunciar el Sínodo explicando sus metas, Francisco señaló: “El objetivo principal de esta convocatoria es identificar nuevos caminos de evangelización para esa porción del Pueblo de Dios, especialmente de los indígenas, frecuentemente olvidados y sin la perspectiva de un futuro sereno, también como resultado de la crisis de los bosques amazónicos, pulmón de capital importancia para nuestro planeta” (Vaticano, 15.10.17). Y en Puerto Maldonado dijo a los pueblos indígenas: “Y he querido venir a visitarlos y escucharlos, para estar juntos en el corazón de la Iglesia, unirnos a sus desafíos y con ustedes reafirmar una opción sincera por la defensa de la vida, defensa de la tierra y defensa de las culturas”. En el proceso de escucha sinodal, los pueblos indígenas manifestaron de varias formas su voluntad de ser respaldados por la Iglesia en la defensa de sus derechos y la construcción de su futuro. Y exhortaron a la Iglesia a ser su fiel aliada. Porque la humanidad tiene una deuda grande con los pueblos indígenas de los diversos continentes de la tierra, y con los de la Amazonía también. Hace falta que a los pueblos indígenas se les devuelva y garantice el derecho a protagonizar su propia historia, a ser sujetos del espíritu, y no objetos o víctimas del colonialismo. Sus culturas, lenguas, historias, identidades, espiritualidades constituyen la riqueza de la humanidad y deben ser respetadas, preservadas e incluidas en la cultura mundial.
La misión de la Iglesia hoy en la Amazonía es el nudo central del Sínodo. Un Sínodo de la Iglesia para la Iglesia: no una Iglesia encerrada en sí misma, sino integrada en la historia y en la realidad del territorio – la Amazonía en este caso – atenta al grito de auxilio y a las aspiraciones de la población y de la “Casa Común” [la creación], abierta al diálogo, sobre todo interreligioso e intercultural, acogedora y deseosa de compartir un camino sinodal con las otras iglesias y religiones, la ciencia, los gobiernos, las instituciones, los pueblos, las comunidades y las personas, respetuosa de las diferencias, defensora de la vida de las poblaciones de la región, ante todo de aquellas originarias, y de la biodiversidad en el territorio amazónico. Una Iglesia actualizada, “semper reformanda”, según la Evangelii Gaudium, vale decir una Iglesia en salida, misionera, que lleve el anuncio explícito de Jesús Cristo, una Iglesia dialogante y acogedora, dispuesta a caminar al lado de las personas y las comunidades, misericordiosa, pobre, para los pobres y con los pobres, y por lo tanto priorizándolos a ellos en su misión, inculturada, intercultural y cada vez más sinodal. Una Iglesia de dimensión mariana, alimentada por la devoción a María Santísima con sus muchos nombres locales, primeramente, el de María de Nazaré, cuya celebración en Belém do Pará reúne cada año a millones de fieles y peregrinos. San Juan Pablo II dijo que la inculturación de la fe cristiana en las diversas culturas de los pueblos es muy necesaria: “Es ésta (la inculturación) una exigencia que ha marcado todo su camino histórico (de la Iglesia), pero hoy es particularmente aguda y urgente.” (Redemptoris Missio, 52). Sin embargo la inculturación en el proceso de evangelización de los pueblos amazónicos también requiere de una atención especial a la interculturalidad, porque las culturas son muchas y muy diversificadas, aunque tienen raíces en común. La tarea de la inculturación y la interculturalidad se desarrolla ante todo por la liturgia, el diálogo interreligioso y ecuménico, la piedad popular, la catequesis, la convivencia mediante el diálogo cotidiano con las poblaciones autóctonas, las obras sociales y caritativas, la vida consagrada y la pastoral urbana.
Sin embargo no se puede olvidar que hoy en día la Iglesia, desde hace mucho tiempo, padece una gran escasez de recursos materiales en la Amazonía, recursos necesarios para llevar a cabo su misión: por esta razón necesita acrecentar su potencial de comunicación (radio y televisión).
En este marco, Iglesia y ecología integral en el territorio amazónico van juntas. La Iglesia de la Amazonía está consciente de que su misión religiosa, consistentemente con su fe en Jesús Cristo, implica “el cuidado de la Casa Común”. Este vínculo es la prueba de que el grito de la tierra y el grito de los pobres de la región son el mismo grito. Quizá la vida en la Amazonía nunca haya sido tan amenazada como ahora “por la destrucción y explotación ambiental, por la sistemática violación a los derechos humanos básicos de la población amazónica. En especial la violación de los derechos de los pueblos originarios, como ser el derecho al territorio, a la auto-determinación, a la demarcación de los territorios, y a la consulta y consentimiento previos.” (IL,14). En el proceso de escucha sinodal de la población surgió que la amenaza a la vida en la Amazonía se debe a los intereses económicos y políticos de los sectores predominantes de la sociedad actual, en especial las empresas que al extraer de forma predatoria e irresponsable (legal y ilegalmente) las riquezas del subsuelo alteran la biodiversidad, frecuentemente con el respaldo o el permisivismo de los gobiernos locales o nacionales, y en ocasiones incluso con el consentimiento de autoridades indígenas.
La consulta sinodal registra que también las comunidades opinan que la amenaza a la vida en la Amazonía se debe principalmente a: a) la criminalización y asesinato de líderes y defensores del territorio; (b) apropiación y privatización de bienes de la naturaleza, como la misma agua; (c) concesiones madereras legales e ingreso de madereras ilegales; (d) caza y pesca predatorias, principalmente en ríos; (e) mega-proyectos: hidroeléctricas, concesiones forestales, tala para producir monocultivos, carreteras y ferrovías, proyectos mineros y petroleros; (f) contaminación ocasionadas por toda la industria extractiva que produce problemas y enfermedades, sobre todo a los niños/as y jóvenes; (g) narcotráfico; (h) los consecuentes problemas sociales asociados a estas amenazas como alcoholismo, violencia contra la mujer, trabajo sexual, tráfico de personas, pérdida de su cultura originaria y de su identidad (idioma, prácticas espirituales y costumbres), y toda condición de pobreza a las que están condenados los pueblos de la Amazonía” (IL,15).
La ecología integral nos hace entender que seres humanos y naturaleza están conectados: todos los seres vivos del planeta son hijos de la tierra. El cuerpo humano está formado por el “polvo de la tierra” en el cual Dios “sopló” aliento de vida, según reza la Biblia (cf. Gen 2,7). En consecuencia, todo lo que daña a la tierra, daña a los seres humanos y todos los otros seres vivos del planeta, lo que viene a decir que ecología, economía, cultura etcétera no se pueden abordar por separado. En la Laudato si’ se mantiene que una ecología ambiental, económica, social y cultural deben ser pensadas conjuntamente (cf. LS, cap. IV).
El Hijo de Dios también se encarnó y su cuerpo humano vino del polvo de la tierra. Con aquel cuerpo Jesús murió en la cruz por nosotros, para vencer el mal y la muerte, resucitó de entre los muertos y hoy está sentado a la derecha de Dios Padre, en la gloria eterna e inmortal. Dice el apóstol Pablo: “por cuanto agradó al Padre que en él (Jesús resucitado) habitase toda plenitud, y por medio de él reconciliar consigo todas las cosas (…) las que están en la tierra como las que están en los cielos (Cl 1,19-20). En la Laudato si’ se lee: “Esto nos proyecta al final de los tiempos, cuando el Hijo entregue al Padre todas las cosas y ‘Dios sea todo en todos’ (1 Co 15,28). De ese modo, las criaturas de este mundo ya no se nos presentan como una realidad meramente natural, porque el Resucitado las envuelve misteriosamente y las orienta a un destino de plenitud” (LS, 100). Vemos entonces que Dios mismo está conectado por completo con toda su creación. Este misterio se cumple en el sacramento de la Eucaristía. El Sínodo se desarrolla en un contexto de grave y urgente crisis climática y ecológica que afecta a todo el planeta. El calentamiento global debido al efecto invernadero ha producido un desequilibrio en el clima de gravedad sin precedentes, como demuestran la Laudato Si’ y la COP21 de París: al final de la conferencia prácticamente todos los países del mundo suscribieron el Acuerdo sobre el Clima, aunque a fecha de hoy, a pesar de la urgencia, casi no se ha aplicado. Al mismo tiempo los recursos naturales el Planeta están siendo devastados, depredados y degradados a un ritmo acelerado por un paradigma tecnocrático de la globalización, predatorio y devastador que también aparece denunciado en la Laudato si’. La tierra ya no aguanta.
La desmesurada dimensión urbana de la Amazonía, debido en parte a las migraciones internas, y la presencia de la Iglesia en las ciudades es otro tema central de este Sínodo, porque la Iglesia tiene que desarrollar y fortalecer su rostro amazónico también en las ciudades. No puede ser una copia de la Iglesia urbana de otras regiones. Su misión en la Amazonía incluye el cuidado y la defensa de la selva amazónica y de sus pueblos: indígenas, caboclos, ribeirinhos, quilombolas, pobres de todo tipo, pequeños agricultores, pescadores, siringueros, rompedoras de cocos y demás, dependiendo de la región. Seguro no será un peso esta misión, sino una alegría como sólo puede brotar del Evangelio. Actualmente las migraciones son un fenómeno mundial y marcan el presente de la Panamazonía: en el pasado los migrantes fueron haitianos, hoy son venezolanos, pero siempre los indígenas y otros colectivos pobres del interior de la región han estado migrando internamente. La Iglesia se ha esforzado mucho para acoger, pero hay que considerar la migración de los indígenas hacia las ciudades: se trata de miles de personas que necesitan una atención concreta y misericordiosa a fin de no sucumbir humana y culturalmente a la miseria, el desamparo, el desprecio y el rechazo que en los centros urbanos provocan en su interior un vacío desesperante. “El indígena en la ciudad es un migrante, un ser humano sin tierra y un sobreviviente de una batalla histórica por la demarcación de su tierra, con su identidad cultural en crisis.” (IL, 132). Por muchos motivos está obligado a ser invisible. El grito de los indígenas urbanizados, a menudo silencioso pero no por ello menos real y desgarrador, tiene que ser escuchado. La Iglesia urbana debe afrontar el problema social y religioso de sus periferias pobres, y la evangelización de todos los colectivos de la población urbana. Otra cuestión es la carencia de presbíteros al servicio de las comunidades locales, lo que implica que no se celebran la Eucaristía dominical u otros sacramentos. También escasean los sacerdotes, lo que se traduce en una pastoral de visitas puntuales en vez de una pastoral adecuada de presencia cotidiana. Ahora bien, la Iglesia se alimenta de la Eucaristía y la Eucaristía edifica a la Iglesia (San Juan Pablo II). La participación en la celebración de la Eucaristía, por lo menos el domingo, es fundamental para el desarrollo pleno y progresivo de las comunidades cristianas y la verdadera experiencia de la Palabra de Dios en la vida personal. Habrá que trazar caminos hacia el futuro. En el proceso de escucha las comunidades indígenas, aun confirmando el gran valor que atribuyen al carisma del celibato en la Iglesia, solicitaron que se abra camino a la ordenación sacerdotal de los hombres casados que en ellas habitan, considerada la gran carencia de curas que aflige a la mayoría de las comunidades católicas de la Amazonía. Asimismo, siendo hoy muchas las mujeres al frente de las comunidades amazónicas, han reclamado que su servicio sea reconocido y fortalecido mediante la creación de un ministerio para las mujeres que están al frente de las comunidades.
Otra cuestión de primera importancia es el agua, “ porque es indispensable para la vida humana y para sustentar los ecosistemas terrestres y acuáticos” (LS 28). La escasez de agua potable y segura es una amenaza creciente en todo el planeta. “la cuestión no es marginal, sino fundamental y muy urgente (...). Toda persona tiene derecho a acceder al agua potable y segura; es un derecho humano fundamental y una de las cuestiones cruciales del mundo actual”, mantuvo Papa Francisco en un discurso de 24 de febrero de 2017. La Amazonía es una de las reservas de agua dulce más grandes del planeta. “La cuenca del río Amazonas y los bosques tropicales que la circundan nutren los suelos y regulan, a través del reciclado de humedad, los ciclos del agua, energía y carbono a nivel planetario. Sólo el río Amazonas arroja cada año en el océano Atlántico el 15% del total de agua dulce del planeta. Por ello la Amazonía es esencial para la distribución de las lluvias en otras regiones remotas de América del Sur y contribuye a los grandes movimientos de aire alrededor del planeta. También nutre la naturaleza, la vida y culturas de miles de comunidades indígenas, campesinos, afro-descendientes, ribereños y de las ciudades (...). La sobreabundancia natural de agua, calor y humedad hace que los ecosistemas de la Amazonía alberguen alrededor del 10 al 15% de la biodiversidad terrestre ” (IL,9). Además, hay que tener en cuenta la función de la selva y de los pueblos indígenas. De hecho, en la Amazonía la selva cuida del agua y el agua de la selva, produciendo juntas la biodiversidad; por su parte, los pueblos indígenas son los guardianes milenarios de este sistema. Por este motivo la Iglesia también se siente convocada para cuidar del agua de la “Casa Común”, amenazada en la Amazonía ante todo por el calentamiento del clima, la deforestación y la contaminación producida por las minas y los pesticidas.
Para finalizar, propongo desarrollar algunos temas durante las labores de esta asamblea sinodal: a) Iglesia en salida en la Amazonía y sus nuevos caminos; b) El rostro amazónico de la Iglesia: inculturación e interculturalidad en ámbito misional-eclesial; c) La ministerialidad en la Iglesia de la Amazonía: presbiterado, diaconado, ministerios, el papel de la mujer; d) La acción de la Iglesia en el cuidado de la Casa Común: escuchar a la tierra y a los pobres; ecología integral: ambiental, económica, social y cultural; e) La Iglesia amazónica en la realidad urbana; f) La cuestión del agua; g) Otros.
Concluyo invitando a todo el mundo a dejarse llevar por el Espíritu Santo en estas jornadas sinodales. Déjense envolver en el manto de la Madre de Dios, Reina de la Amazonía. No cedamos a la autorreferencia, sino a la misericordia hacia el grito de los pobres de la tierra. Será necesario rezar mucho, meditar y discernir una práctica concreta de comunión eclesial y espíritu sinodal. Este Sínodo es como una mesa que Dios ha preparado para sus pobres, y nos pide que atendamos esta mesa.
[01593-ES.01] [Texto original: Portugués]
[B0782-XX.02]