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LE LETTERE CREDENZIALI DELL’AMBASCIATORE DEL PORTOGALLO PRESSO LA SANTA SEDE, 13.11.2000


LE LETTERE CREDENZIALI DELL’AMBASCIATORE DEL PORTOGALLO PRESSO LA SANTA SEDE

Alle ore 11 di questa mattina, Giovanni Paolo II ha ricevuto in Udienza l’Ambasciatore del Portogallo presso la Santa Sede, S.E. il Signor Pedro José Ribeiro de Menezes, in occasione della presentazione delle Lettere Credenziali.

Pubblichiamo di seguito il discorso che il Santo Padre ha rivolto all’Ambasciatore del Portogallo, nonché i cenni biografici essenziali di S.E. il Signor Pedro José Ribeiro de Menezes:

● DISCORSO DEL SANTO PADRE

Senhor Embaixador,

Bem-vindo seja ao Vaticano para este acto de apresentação das Cartas Credenciais que o designam Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de Portugal junto da Santa Sé. Os sentimentos e propósitos que acaba de exprimir são a prova da seriedade com que olha e abraça o novo cargo diplomático; aqui encontrará - posso assegurar-lho - o apoio necessário para bem cumprir a alta missão para que foi acreditado, como o fizeram os seus predecessores. Na sua pessoa, vejo a nobre Nação Lusitana, hoje confinada às suas estreitas dimensões europeias mas grande na sua alma universalista que, à sombra da Cruz gloriosa, descobriu a fraternidade dos homens e dos povos, e dela se fez arauto e promotor. A Santa Sé rejubila com isso e felicita-o. Vossa Excelência foi enviado pelo Chefe do Estado, que lhe confiou a expressão gentil dos seus cumprimentos e votos para a minha pessoa que muito apreciei e agradeço. Com a certeza das minhas orações pela prosperidade do seu país, peço-lhe que transmita as minhas cordiais saudações ao Senhor Presidente da República, ao Governo e ao povo português. A última imagem que dele guardo é a daquela multidão incontável de peregrinos no Santuário de Fátima, cujos olhos, devotos e felizes, se espelhavam nas graciosas figuras dos seus compatriotas Francisco e Jacinta Marto, elevados às honras dos altares. Pensei comigo mesmo: Aqui está Portugal!

Visitava eu, então, pela terceira vez a sua pátria, podendo constatar de novo como a religião cristã plasma a alma de Portugal e marca a sua vida nomeadamente com o influxo de beneméritas e prestigiosas instituições sociais e culturais, sinais visíveis do «papel incontornável da Igreja Católica no fluir da vida colectiva do país». Estas palavras do Senhor Embaixador exprimem o sentir do Governo português, que deseja chegar a uma melhor «adequação à realidade contemporânea» dos laços que unem Portugal e a Santa Sé. Pode comunicar ao seu Governo a disponibilidade desta, sensível como é aos sinais dos tempos e bem feliz de prosseguir no sulco das nossas respeitosas relações pautadas pelo anseio comum de concorrer para a maior dignificação do homem.

A missão específica da Igreja, e naturalmente da Santa Sé que é o seu centro, é de ordem espiritual, sendo a formação das consciências uma das suas preocupações fundamentais. Para isso trabalham, no respectivo campo em cada país, as Igrejas locais em comunhão com o Sucessor de Pedro; elas deixariam de cumprir o seu dever, se não procurassem esclarecer as consciências, indicar os males que ameaçam tanto a vida cristã como a integridade da pessoa, encorajar aquilo que é conforme à verdade e ao bem do homem. É verdade que a Igreja não tem poder directo sobre as leis e as instituições do Estado, escolhido democraticamente pelos cidadãos com toda a liberdade; mas ela reivindica, no desempenho da missão recebida do seu divino Fundador, o direito de pronunciar-se sobre as mesmas, distinguindo o que é permitido pelas leis civis e o que é moral, coerente com uma consciência bem formada. E a Igreja portuguesa não se tem cansado de o fazer nos mais diversos casos, como por exemplo com a lei iníqua do aborto e a equiparação legal à família assente na união matrimonial de modelos emergentes de vida conjunta radicalmente diversos e irredutíveis àquela.

Mas, há outros problemas morais, complexos. É fácil constatar a grande desorientação de muitos jovens, procurando com frequência uma evasão nas drogas ou em comportamentos que as degradam. Sabendo que o futuro nasce hoje - como lembrava Vossa Excelência - e à vista de tais flagelos que se abatem sobre muitas vítimas incautas e frágeis, é justo pedir responsabilidades aos diversos canteiros onde se edifica o homem e a mulher de amanhã. É preciso denunciar, por violação do projecto originário recebido, quantos deixem de educar para a autêntica liberdade, para a procura da verdade, para o respeito do amor, para os valores familiares. Pela sua parte, a Igreja deseja com todas as forças trabalhar para esta causa, dentro da sua competência, no respeito pela liberdade das consciências; ela não duvida de encontrar neste sector o assentimento dos Responsáveis políticos pelo bem comum. É que eles estão em melhor posição do que outros para verem que há um desafio a considerar quanto ao futuro do país, para o seu verdadeiro progresso humano e espiritual, em conformidade com a herança cristã que o marcou de modo tão forte e que continua a ser, para aqueles que a aceitam, uma fonte de vida.

Desejaria mencionar um ponto que honra o seu país: a grande sensibilidade da sua gente e do seu Governo, que de certo modo corre no sangue português, por todos os que vivem atribulados. Desde tempos imemoriais, o seu terrão pátrio constituiu o finis terræ e o derradeiro abrigo para os fugitivos mais robustos das sucessivas invasões indo-europeias; acossados pelos novos patrões do campo de batalha, acabavam lá encurralados contra o mar até ao dia em que este se abriu para lhes dar passagem para novos mundos, novos povos. Esta longa e quase forçada convivência de almas de variados povos forjou a alma grande, quase diria universal, de Portugal, capaz duma particular e fecunda sinergia com povos e raças dos diversos quadrantes da terra, que toma a forma de uma família alargada.

Como fruto concreto disso mesmo, aí está a «Comunidade de Países de Língua Portuguesa», não só com suas vertentes sócio-políticas, culturais e económicas mas também com a sua expressão eclesial feita de mútua ajuda e partilha fraterna de recursos. Grande foi a onda de solidariedade de Portugal inteiro com o drama sangrento que se abateu sobre Timor Leste, quando o povo escolheu o seu futuro. Na hora de Macau voltar à China, a despedida foi vivida sob o signo da consolidação das amarras que Portugal soubera prender ao molhe da grande família chinesa. Com idênticos sentimentos vive a sua Nação o drama de Angola: não tendo encontrado bom acolhimento aos ouvidos humanos os apelos de paz, foram estes encaminhados para Deus numa permanente retaguarda de oração para que o Céu suscite aqueles corações novos que as profecias (cf. Ez 36, 26-28; Jr 31, 31-33) anunciam para os novos tempos.

Vossa Excelência bem conhece o interesse que a Santa Sé atribui a todos estes esforços, susceptíveis de tornar a comunidade humana mais fraterna, mais solidária, graças à elaboração e aplicação de medidas políticas, jurídicas e económicas adequadas. Uma consciência mais profunda da unidade da família humana inteira e da radical interdependência de todos os povos está a alimentar de modo gradual uma convicção maior de que só a verdadeira solidariedade, compreendida como uma categoria moral que determina as relações humanas, pode salvaguardar de maneira eficaz a dignidade e os direitos das pessoas e, por conseguinte, edificar a paz no interior das sociedades e entre as nações.

São estes os sentimentos que me animam ao acolher o Senhor Embaixador no início da sua missão diplomática junto da Santa Sé. Formulo diante de Deus os melhores votos para Vossa Excelência e sua família, para o povo português e seus governantes, sobre todos invocando, pelo valimento da vossa celeste Padroeira e Rainha, as bênçãos do Altíssimo que dá alegria, força e luz aos homens de boa vontade.

 S.E. il Signor Pedro José Ribeiro de Menezes

Ambasciatore del Portogallo

È nato il 25 agosto 1939 a Lisbona.

È sposato e ha 2 figli.

È laureato in Giurisprudenza.

Diplomatico di carriera, ha ricoperto i seguenti incarichi: Addetto presso il Ministero degli Esteri (1964-1966); in servizio presso il Consolato Generale a Parigi (1966-1969); Segretario a Buenos Aires (1969-1973); presso il Ministero degli Esteri (1973-1974) e in Guinea Bissau (1974-1976); Segretario e, quindi, Consigliere presso il Ministero degli Esteri (1976-1979); Consigliere a Washington (1979-1984); Ministro Plenipotenziario e Vice-Direttore Generale degli Affari Politici, Ministero degli Esteri ( 1984-1986); Rappresentante Permanente Aggiunto presso la CEE (1986-1988); Ambasciatore in Irlanda (1988-1990); Direttore Generale degli Affari Politici ed Economici, Ministero degli Esteri ( 1990-1993 ); Ambasciatore in Brasile (1993-1997); Segretario Generale del Ministero degli Esteri (1977-2000).

[02287-06.01] [Texto original: Português]